Campeã latino-americana de BMX admite que beleza ajuda a obter patrocínio
Com apenas 20 anos de idade, a sorocabana Bianca Quinalha é uma das promessas do BMX (bicicross) brasileiro. Na semana passada em Santiago do Chile, Bianca subiu ao pódio por duas vezes durante a disputa da terceira e quarta etapas do Latin American Series, competição internacional da modalidade, válida pelo ranking internacional da União Ciclística Internacional.
Depois terminar a terceira etapa na terceira colocação, na etapa seguinte conseguiu superar suas adversárias e levou a bandeira brasileira ao topo do pódio. “Eu estou muito feliz com essa vitória, que é fruto de muita dedicação. O nível das atletas estava altíssimo, com meninas da Rússia, Equador, Chile e esse título vai elevar minha posição no ranking mundial”, declarou Bianca.
Atual líder do circuito brasileiro, a jovem revelação do BMX concedeu entrevista exclusiva para o UOL Esporte onde conta sobre a diferença entre as bicicletas de mountain bike e BMX, patrocínio, quedas, feminilidade e sonhos olímpicos.
UOL Esporte - Qual a razão da escolha de uma bike de aro 20, em vez de uma MTB (de aro, quadro e pneus maiores)?
Bianca Quinalha - Muitas pessoas pensam que essas duas bikes são semelhantes. Mas a forma de pilotar é bem diferente. A bike de BMX não tem amortecedor e as rampas são diferentes. A minha escolha também veio porque meu pai e meu tio são ex-atletas de BMX.
UOL Esporte - Quais os maiores desafios em ser piloto de BMX?
Bianca Quinalha - BMX ainda é pouco reconhecido no nosso pais, essa é uma das dificuldades de conseguir mais apoios para um maior desenvolvimento desse esporte. Em questão de pilotagem o BMX exige um bom condicionamento físico. É um esporte de explosão que a prova dura mais ou menos 40 segundos e o atleta tem que estar muito bem de reflexo.
UOL Esporte - Ser mulher ajuda, atrapalha, ou precisa de outros cuidados ao se praticar?
Bianca Quinalha - O esporte é bem radical, as mulheres são mais receosas. Mas não vejo dificuldades, amo adrenalina.
UOL Esporte - Jogos Pan-Americanos e Olimpíadas estão nos seus planos?
Bianca Quinalha - Meu maior sonho é participar desses dois grandes eventos. Qualquer atleta de alto rendimento vive esse sonho, não só de participar e sim de conquistar medalha para nosso pais. Acordo e durmo pensando nisso.
UOL Esporte - Como voce consegue sobreviver apenas pedalando? Seu patrocínio garante seus custos, ou rola um "paitrocinio"?
Bianca Quinalha - Ainda moro com meus pais, mas meu maior sonho é ano que vem ir morar na Califórnia, onde se concentra simplesmente tudo de BMX. Lá tem as melhores pistas, competições, atletas, e por isso mesmo é o melhor lugar para uma significante evolução. Além do grande apoio que tenho da seleção brasileira de BMX (com bolsa atleta internacional) consegui agora o patrocínio da Caixa. Mesmo assim, estou buscando apoio para poder me manter por lá nessa próxima temporada, para o sonho da medalha ficar mais perto ainda.
UOL Esporte - Tombos, hematomas, odor de joelheiras suadas e equipamentos de proteção não masculinizam as competidoras? Ser bonita ajuda ou atrapalha nessa modalidade?
Bianca Quinalha - Tento ser bem feminina quando estou competindo. Tombos e hematomas fazem parte da minha profissão (risos). Acho que ajuda ser bonita, ajuda na sua imagem perante alguns patrocinadores e a comunicação se torna mais fácil.
UOL Esporte - Dirt jump, street vert, flat bike: essas modalidades estão em baixa no Brasil?
Bianca Quinalha - Acredito que não, vejo muita gente boa aqui no Brasil, às vezes eu arrisco em andar nos dirt (jump), que eu amo.
UOL Esporte - Qual a parte mais difícil em se praticar BMX?
Bianca Quinalha - O BMX é um esporte de muito contato, imprevisível, onde qualquer choque pode resultar em um tombo. Acho isso um dos pontos mais difíceis, pois além de ter que estar 100% em cima da bike, tem que contar que não haja nenhum imprevisto.
UOL Esporte - Como você vê o BMX no Brasil e no mundo?
Bianca Quinalha - O BMX no Brasil, graças a Deus, está evoluindo muito em questão de estrutura, como por exemplo, até abril de 2014 vai ficar pronto nosso centro de treinamento com pista de supercross na cidade de Londrina (PR) e isso vai ajudar muito no nosso desenvolvimento. Alguns países já têm esses centros de treinamentos, e por isso estão um pouco mais avançados. Mas o Brasil tem muito talento e tenho certeza que em 2016 vamos ter excelentes resultados.
UOL Esporte - Quando você conta para seus colegas que você vai viajar para correr de BMX qual é a reação deles?
Bianca Quinalha - Eles acham o máximo, me apoiam muito, adoram falar para outras pessoas que a amiga deles é atleta da seleção brasileira de BMX, isso me dá um incentivo a mais na hora das competições.
UOL Esporte - Quem é a Bianca?
Bianca Quinalha - A Bianca é uma menina determinada, focada, emotiva, chorona, teimosa, independente, franca e que luta até o fim pelo seu sonho.
UOL Esporte - O que falta para atingir o topo na sua carreira?
Bianca Quinalha - Medalha nos Jogos Pan-Americanos e Olímpicos.
UOL Esporte - E qual a fórmula para o sucesso?
Bianca Quinalha - Tem que entregar 100% naquilo que você quer, tendo muito fé e dedicação para colher o melhor possível no futuro. "Prefiro chorar nos treinos, do que chorar na corrida".
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