Os torcedores e os turistas não devem ter entendido nada quando viram um ônibus parar na entrada do museu e dele sair o time que enfrentaria o Boca Juniors pelas oitavas de final da Libertadores, no dia seguinte. Era uma quarta-feira, 23 de abril de 2003, e os jogadores do Paysandu tinham acabado de treinar para o jogo mais importante da história do clube. Entrariam em campo como os azarões em seu primeiro torneio internacional justamente contra o Boca, que àquela altura já havia sido campeão da Libertadores quatro vezes.
Os paraenses vestiam o uniforme de treino e não tinham tido tempo nem de tomar banho depois de sair do campo. Mas o técnico Darío Pereyra, uruguaio de vasta experiência internacional, sabia que se o Paysandu quisesse manter vivo o sonho de vencer o Boca, era preciso entender o Boca.
No "museu da paixão boquense", os jogadores compraram souvenirs, tiraram fotos e passearam como turistas. Entraram em uma instalação no formato de uma enorme bola, onde viram um filme em telas de 360 graus que mostravam os jogadores do Boca entrando no estádio da Bombonera sob o som ensurdecedor da torcida local. Na véspera das oitavas, o Paysandu conheceu o Boca através dessa experiência virtual.
No dia seguinte, o Boca conheceria o Paysandu através da vitória brasileira inesperada, dentro de um estádio lotado, mesmo tendo dois jogadores expulsos, um jogo até hoje lembrado como uma das façanhas mais incríveis da história da competição. A Libertadores-2022 já está acontecendo e para os brasileiros começa na terça-feira que vem, quando o Fluminense enfrenta o Millonarios em Bogotá.
"Isso nos ajudou a tirar um pouco da ansiedade", disse o atacante Iarley, que esteve no museu do Boca em 2003 e fez o gol da vitória na Bombonera. O UOL relembra a trajetória daquele time, que viveu a até hoje única participação de um representante do Norte do país na Libertadores.