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Medina parte rumo ao bi tendo que remar muito. Literalmente!

Mariano Kornitz, especial para o UOL, em Sydney

06/02/2015 12h00

Gabriel Medina vai ter que remar muito (literalmente!) para o começo da temporada em que defenderá o título mundial de surfe.

Na fase final da preparação física, o foco do surfista está em deixá-lo preparado para as características das ondas australianas, onde serão realizadas as três primeiras etapas do circuito mundial: Gold Coast (de 28 de fevereiro a 11 de março), Bells Beach (1 a 12 de abril) e Margaret River (15 a 26 de abril).

Por serem ondas longas e extensas, os membros inferiores, o core, e principalmente a remada, precisam estar em dia e muito bem preparados.

“Estamos trabalhando intensamente e com certeza o Gabriel vai estar preparado para remar muito se for preciso. Acredito que ele vai chegar muito bem à perna australiana. Com certeza o Gabriel irá desempenhar em grande estilo como fez na temporada passada”, conta Allan Menache, preparador físico do surfista desde 2011.

“Nós iniciamos o trabalho com o Gabriel para esta temporada 2015 na semana passada, quando treinamos durante três dias e realizamos quatro sessões de treinos. Na oportunidade realizamos um trabalho mais básico para retomar a estrutura muscular, além de retomar os estímulos de força que ele precisa para os trabalhos que virão a seguir”, diz Menache.

O treinamento para o surfe é muito diferente da maioria dos outros esportes profissionais. O treinamento é realizado fora da água, para depois ser aplicado nas ondas.

Outro aspecto fundamental durante a preparação para esta longa jornada é a preocupação com a prevenção de lesões. Como o surfe é um esporte de muito impacto para os músculos e articulações, esse trabalho é determinante para que Medina possa se sentir forte, blindado, e com isso, manter sua autoconfiança sempre em alta para executar manobra aéreas e progressivas sem medo de se lesionar.

No total, serão 13 dias de treinamento acompanhado pelo preparador físico, número superior ao realizado no ano passado, quando Gabriel Medina conquistou o inédito título mundial de surfe. Alguns treinos são realizados em São Paulo, mas a maior parte acontece em uma academia em Maresias, dessa forma o surfista fica perto de casa e ainda pode se divertir nas ondas de seu quintal.

Além deste trabalho de pré-temporada, Gabriel Medina e Menache se encontram pelo menos quatro vezes durante a temporada de 10 meses de competições para realizar um trabalho de manutenção e buscar a evolução necessária para o brasileiro surfar sempre em alto nível.

“A cada encontro durante o ano a gente passa entre sete a dez dias juntos. Procuramos trabalhar também com foco nas características de cada etapa, valorizando a especificidade de cada onda. Vale ressaltar também que todas as capacidades físicas são treinadas em todos os momentos que a gente se encontra ao longo do ano”, conclui o preparador físico.

Claro que o treino nas ondas não tem como ser substituído, mas o treinamento em um núcleo de alta performance permite que o surfista foque em determinados aspectos, que são difíceis de serem atingidos dentro da água.

A segunda parte da preparação de Gabriel Medina para tentar conquistar o bicampeonato em 2015 é o treinamento específico nas ondas. Esta segunda etapa da pré-temporada, a preferida do brasileiro, deve começar neste sábado (dia 7) quando Gabriel Medina embarca para o Havaí.

Considerada a “meca do surfe”, a ilha de Oahu foi o local escolhido por Medina para treinar suas manobras e colocar em prática todo o trabalho desenvolvido em parceria com seu preparador físico.

Já a parte tática de sua preparação fica por conta do padrasto Charles Rodrigues e do próprio Medina.

A disciplina tática e o foco dentro das baterias foram determinantes para a conquista de Gabriel Medina em 2014. Sua criatividade e inteligência para alterar o plano de jogo durante as disputas também são impressionantes e foram muito elogiadas pela mídia especializada e competidores na última temporada.

Para o australiano Matt Grainger, treinador responsável pela lapidação de talentos como Nathan Hedge e Laura Enever, o jogo tático de Medina na temporada passada foi impecável. Idealizador e coordenador do Centro de Alta Performance no Surf (HPSC), um núcleo de treinamento e preparação para surfistas localizado em Sydney, na Austrália, Grainger comenta estar impressionado com a maturidade que Gabriel Medina apresenta nas competições.

“Apesar da pouca idade, o brasileiro soube contornar, com uma aparente facilidade, algumas situações que surfistas mais experientes encontram mais dificuldade. Como exemplo podemos citar as vitórias na Gold Coast e em Fiji, quando ele mostrou muita calma para enxergar uma oportunidade de reverter o placar a seu favor nos segundos finais da bateria decisiva contra Joel Parkinson, e quando literalmente deu um nó tático na bateria final em Fiji contra o norte-americano Nat Young”, finaliza Matt Grainger.