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Veja quais erros e exageros na entrevista podem render gancho a Medina

Medina exagerou no tom e admitiu não entender bem as regras - Fabio Aleixo/UOL
Medina exagerou no tom e admitiu não entender bem as regras Imagem: Fabio Aleixo/UOL

Mariano Kornitz

Do UOL, em Gold Coast (AUS)

12/03/2015 12h45

Eliminado da etapa de Gold Coast da Liga Mundial de surfe na última quinta-feira (quarta no Brasil) ao ser punido por conta de uma interferência na onda do adversário Glenn Hall, o brasileiro e atual campeão mundial Gabriel Medina não ficou nada contente com a organização e reclamou muito do ocorrido. Mas a crítica não passou em branco. A Liga não gostou do tom do brasileiro e promete tomar ações, que podem inclusive acabar em punição.

Os torcedores mais fervorosos e ufanistas podem encarar a entrevista de Medina como um simples desabafo, achando até que ele teria razão nas reclamações. Um olhar mais crítico, porém, observa que o discurso do surfista veio carregado de pequenas falhas que agora podem lhe custar um preço alto.

Confira a seguir quais foram os erros de Gabriel Medina nas entrevistas que concedeu após a eliminação:

1 - A prioridade era de Glenn Hall

Como no futebol, muitos jogadores tentam cavar faltas ou pênaltis esperando pelo toque dos defensores. No caso de Medina, o irlandês Glenn Hall fez uso da regra de prioridade a seu favor e aproveitou a ansiedade do brasileiro por encontrar uma boa onda para assumir a vantagem no marcador. Ou seja, Hall não fez nada de errado, embora Medina tenha argumentado que ele burlou as novas regras. Um caso semelhante aconteceu entre o brasileiro Adriano de Souza e o francês Jeremy Flores, coincidentemente na terceira fase da etapa de abertura da temporada passada em Gold Coast. Depois de muita reclamação, o francês foi punido com o afastamento em duas etapas.

2 - Medina subiu o tom ao reclamar das ondas

Gabriel Medina contestou publicamente a decisão dos dirigentes de paralisar a etapa por 10 dias e prolongar o prazo para realização da etapa em mais dois dias. Para Medina, houve dias com condições de ondas semelhantes ou até melhores do que as encontradas nesta quinta-feira. Vários outros atletas também não estavam contentes por terem que surfar em ondas pequenas e chegaram a declarar publicamente. Todos, porém, atestaram que se tratava de uma decisão dos dirigentes a se cumprir. Medina foi o único a subir o tom.

3 - Citar nominalmente um dos dirigentes enfureceu a Liga

O fato de Medina ter citado o nome de Kieren Perrow, um dos comissários da Liga Mundial de Surfe pelas chamadas de realização das competições, também incomodou a entidade. A Liga vem promovendo mudanças para profissionalizar ainda mais o esporte, e a atitude de Medina foi totalmente contra a postura que a WSL adotou desde o ano passado, quando ainda era chamada ASP (Associação dos Profissionais de Surfe).

4 - Medina não sabe a regra até hoje?

A justificativa dada por Medina de até hoje não ter entendido como funciona a regra de prioridade de ondas, mesmo se houve uma atualização, não cabia no momento. Mais do que ser o atual campeão mundial, ele é um atleta profissional e tem a obrigação de conhecer e entender as regras do jogo.

5 - Entrevista de cabeça quente

Faltou profissionalismo e espírito esportivo por parte do brasileiro. Mesmo eliminado devido a uma interferência polêmica, como atual campeão mundial, Medina poderia ter se comportado e contornado a frustração pela eliminação precoce de maneira mais exemplar. O fato de ter dado entrevistas logo após o ocorrido, quase sem tempo para refletir sobre o fato, pesou.

6 - Palavrões ao vivo

Na entrevista de transmissão oficial ao vivo, após o confronto, Medina repetiu os palavrões que teria ouvido de Glenn Hall na onda. Mais uma vez, passou da medida, e o tom não pegou bem para quem acompanhava.