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Derrota esperada

Como era esperado, o Brasil foi eliminado pela França na Copa das Confederações. Os franceses foram melhores e poderiam ter goleado se não tivessem perdido tantos gols. Após o jogo, Emerson Leão disse que a partida foi equilibrada.

Como nos outros jogos, o time brasileiro lutou muito, marcou corretamente (até a França fazer o segundo gol), mas faltou qualidade individual.

Como na final da Copa do Mundo de 1998, a França colocou um armador de cada lado e anulou os avanços dos laterais brasileiros. A seleção e os times brasileiros precisam rever a mesmice de os laterais sempre avançarem e de os volantes somente marcarem.

A França recuava toda sua equipe para marcar, com exceção do centroavante, e atacava com muitos jogadores. Alternava o apoio dos volantes com dos laterais. Tudo previsto. Os volantes Vieira e Pires deram um show de técnica e mobilidade no meio-campo. Desarmavam com facilidade e apoiavam o ataque.

A Copa das Confederações confirmou que a maior parte dos jogadores brasileiros é boa, mas não tem condições de atuar na seleção principal. Lúcio, Dida e Vampeta (se recuperar seu melhor futebol) são os únicos.

Foi desastrosa a tentativa de Leão de renovar radicalmente a seleção, faltando um ano para o início da Copa do Mundo e num momento difícil nas eliminatórias.

O futebol brasileiro precisa de uma grande transformação. Dentro e fora de campo. O relatório da CPI é um pontapé inicial para essa transformação.

Em um curto espaço de tempo, a esperança da seleção é o técnico escalar os melhores jogadores, definir um time e elenco, mudar a tática e não cometer graves erros, como na substituição do Leandro pelo Vampeta.


Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Tostão, que fatores determinaram a falta de jogadores excepcionais hoje? A ausência de campos? A orientação técnica dos técnicos, inibidora da criatividade dos atletas? A geração?
Maria Helena Sá Carvalho


R.Helena, são todos os fatores. Em vez de descobrir habilidade e criatividade, o menino está aprendendo cedo a técnica e as regras. Temos muitos bons jogadores, mas poucos excepcionais. Os técnicos valorizam marcação, jogadas ensaiadas e disciplina, em detrimento da qualidade individual e do talento. A mudança tem de começar nas categorias de base.

P. Meu caro Tostão, lendo seu texto sobre a importância do técnico e do jogador cumpridor de ordens, não resisti a cometer um comentário-pergunta. Tenho saudade das desobediências táticas e dos atrevimentos. Vivemos em um país da obediência?
Marcelino Melo


R.Marcelino, é isso! O Brasil, considerado o país de futebol, arte e improvisação, é, hoje, mais burocrático, repetitivo e "certinho" do que os outros. Os técnicos têm uma parcela de culpa nisso.