Número dois
Se o critério de escolha da Fifa é factual e ou considera dados mais recentes, nada mais justo que a França ser a melhor seleção do mundo. A Fifa foi a última a perceber. Espero que o fato sirva de estímulo e alerta para o futebol brasileiro. Por que piorou o futebol brasileiro? Até a Copa de 70, o futebol do Brasil tinha poucas preocupações táticas. Predominava a habilidade, criatividade e talento dos jogadores. Era um futebol descontraído, alegre e eficiente. Os meninos brasileiros aprendiam a jogar descalços, nos campos de terra. Descobriam a magia do futebol sem regras e professores. Aprendiam a ser um artista antes de ser um atleta. Mais tarde, nos principais estádios do mundo, repetiam as jogadas maravilhosas da infância. Essa capacidade de brincar com responsabilidade na vida adulta é a base da criatividade em todas as profissões. Nas categorias de base dos clubes os meninos aprendiam e aprimoravam a tática, técnica, disciplina, regra e posição em campo. Tornavam-se atletas. Com essa filosofia e postura o Brasil foi campeão do mundo em 58 e 62. Na Copa de 70 iniciou-se o futebol científico no país. Houve uma excepcional preparação física e tática. Uniu-se e individualidade e talento com a disciplina tática e preparo físico. A partir daí houve supervalorização da Comissão técnica, principalmente dos treinadores. O craque ficou em segundo plano. As informações científicas e o trabalho de novos profissionais trouxeram grandes benefícios, mas o cientificismo atingiu exagerada importância. Por este motivo, pela bagunça do futebol brasileiro fora de campo e por outros fatores, nas últimas três décadas o Brasil só ganhou a Copa de 94 e não conquistou uma única medalha de ouro. A queda na eficiência do futebol brasileiro não significa que o país precise jogar, hoje, como no passado. O talento, individualidade e disciplina tática não são antagônicos. Complementam-se. Se o Brasil escalar os melhores jogadores, definir um elenco, formar um bom conjunto e o técnico não cometer muitos erros, poderá recuperar o título de melhor do mundo na próxima Copa. Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras; para ler colunas anteriores, clique aqui.
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P.Prezado Tostão, o que será preciso ao Santos para conseguir um título paulista ou brasileiro? Não aguentamos mais esperar tanto tempo. Gelso Diniz R.Gelso, são muitos os fatores que influenciam na derrota e na vitória. O mais importante é a qualidade dos jogadores. O Santos tem, hoje, uma equipe no mesmo nível da do Corinthians. Faltou ao time mais tranquilidade na decisão. O técnico Geninho cometeu alguns erros. Se o Santos tivesse jogado uma partida na Vila Belmiro - o que seria mais justo -, teria tido mais chances. P. Tostão, o que você acha do técnico do Palmeiras, o Celso Roth? Seria ele o técnico ideal para o Verdão? Cláudio Talassi R.Cláudio, Celso Roth está na média dos técnicos brasileiros. Comete erros como todos os outros. O maior deles é dar excessiva importância à jogadores cumpridores de esquemas táticos e apenas esforçados. | | |