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Driblar, fintar e brincar

Existem várias tríades para entender a vida e o futebol: passado, presente e futuro; inconsciente, pré consciente e consciente; estética, ética e razão; real, imaginário e simbólico; id, ego e superego; drible, passe e gol.

O drible é o mais prazeroso e lúdico fundamento técnico do futebol. É também a mais eficiente forma de ultrapassar uma retranca e chegar ao gol. A finta, diferentemente do drible, não precisa da bola para enganar o adversário. Pode ser com o corpo, o olhar e de outras maneiras.

O drible, preferencialmente, deve ser executado próximo ao gol adversário. Se perder a bola, não há problemas. Porém, hoje até o goleiro precisa saber driblar. O drible tem um significado de astúcia, irreverência e malandragem. Suponho que, por serem muito rígidos, os orientais tenham dificuldade de aprender a arte do drible. Sentiriam-se culpados por enganarem o marcador.

Os grandes dribladores colam a bola nos pés e, sem olhar para ela, driblam em pequenos espaços, como o Denílson. Aprendem e desenvolvem essa magia na infância, nos campos de pelada e no futebol de salão.

Garrincha foi o maior driblador e artista do futebol. Driblava e bailava em campo, sem nenhuma intenção de menosprezar o adversário. Queria apenas se divertir e ganhar a partida. Mané foi muito mais do que um artista, um Charles Chaplin de chuteiras. Driblava e também passava com perfeição. No instante que ultrapassava o marcador, levantava a cabeça e passava a bola para o companheiro fazer o gol. Na verdade, o que ficou na memória de todos não foram os passes e gols de Garrincha e sim seus dribles irreverentes. Para lá e para cá. Um balé.

É difícil imaginar um grande armador e um atacante que não saiba driblar. Em todas as profissões, o talento e a criatividade estão diretamente ligados à fantasia e à brincadeira. Driblar é brincar. Como nos tempos de criança.

Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Caro Tostão, Jair Picerni faz o São Caetano jogar para frente, atacando sempre. O time toma muitos gols, mas também marca muitos, o que vem dando resultados até agora. Você acha que a seleção poderia ter um técnico assim?
Tiago Machado


R.Caro Caro Tiago, o ideal é uma equipe atacar e defender com eficiência. Não é fácil. O momento mais importante de defender é quando se está atacando. Os zagueiros têm de estar bem posicionados para o contra-ataque.

P.Sabemos que a maioria dos técnicos tem formação apenas de jogador. A formação superior não deveria ser pré-requisito? Como você analisa isso?
Antônio Neto


R.Caro Neto, ter sido apenas jogador, sem outras qualidades, não é suficiente para ser um bom técnico. Da mesma maneira, o técnico com curso superior precisa ter outros conhecimentos e não obrigatoriamente ter sido um jogador. Parreira nunca jogou bola e é um bom técnico. Telê não tinha curso superior e talvez tenha sido o maior técnico do futebol brasileiro.