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Nova decepção

Antes da partida contra o Peru, havia um grande otimismo e entusiasmo em relação ao desempenho da seleção brasileira. O técnico, como disse, atendeu o clamor popular e de parte da imprensa, substituiu os jogadores estrangeiros mais famosos que não vinham atuando bem, convocou vários estreantes e escalou o ataque com a base do Corinthians para sacudir a galera.

No campo, nova decepção. A seleção conseguiu atuar ainda pior do que antes. Quando me referi à mediocrização do time brasileiro, antes da partida, não quis dizer que os novos jogadores convocados eram medíocres e sim que houve grande queda da qualidade técnica.

Se esses novos e bons jogadores estreassem numa equipe organizada, um de cada vez, poderiam jogar bem. Dar a eles a responsabilidade de levantar a equipe brasileira é uma insensatez e falta de conhecimento técnico. Se essa conduta se repetir nos próximos três difíceis jogos contra a Uruguai, Argentina e Paraguai e contra a Bolívia, em La Paz, a seleção corre grandes riscos de não se classificar. Será uma irresponsabilidade do Leão.

Com exceção do belíssimo lance do gol do Romário, a atuação da seleção brasileira contra o Peru foi medíocre. Poucas vezes vi o time brasileiro tão ruim. Nos jogos anteriores, o Brasil também jogou muito mal, mas sempre havia uma esperança. Dava para sonhar. Agora, nem isso.

Por vários motivos, estão fora da seleção Roberto Carlos, Antônio Carlos, Cafu, Emerson, Rivaldo, Alex, Ronaldinho e muitos outros. Esses jogadores alternaram bons e maus momentos, mas não podem ser substituídos por César, Léo, Edmilson, Washington, Mineiro e Leomar.

Todos esses estreantes mais o Edmilson (não sei por que é sempre convocado) jogam bem em seus clubes, mas não se pode escalar jogadores para seleção brasileira apenas por causa de boas atuações em poucos jogos e em campeonatos estaduais. Esses não refletem a qualidade do futebol brasileiro.

Evidentemente, os técnicos Leão e Wanderley Luxemburgo não são os únicos culpados pela péssima campanha da seleção nas eliminatórias. Eles cometeram muitos erros, mas há vários outros problemas. Não há tempo para treinar e o calendário brasileiro é uma vergonha.

Os torcedores perderam a paciência com o péssimo futebol e projetam, na seleção, a raiva pelos escândalos no futebol, na sociedade e na política do país.

Somente com amplas mudanças, dentro e fora de campo, o futebol brasileiro vai recuperar a magia e a credibilidade.

Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Caro Tostão, por que os últimos técnicos da seleção brasileira agem como se tudo estivesse bem? Foi assim com o anterior, Wanderley Luxemburgo, e está sendo assim com o Emerson Leão.
Carlos Benini


R.Os técnicos da seleção, assim como os políticos do governo, têm a mania de nunca contar a verdade e os problemas. É um grande erro. Quanto mais escondem, mais notícias (verdadeiras e fofoqueiras) aparecem. A população e os torcedores querem franqueza e transparência. Ainda não perceberam isso.

P. Tostão, você acha que existem aqueles chamados de "jogadores somente de clube"?
Não se identificou


R.Isso só acontece porque o jogador não é tão bom como se supunha. Ou porque não teve outras oportunidades. Na seleção, um jogador atua duas partidas e é substituído. Isso não acontece nos clubes, por falta de outros bons jogadores.