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Ainda há esperança

A derrota para a seleção de Honduras foi decepcionante, constatou a péssima qualidade do futebol brasileiro, mas não foi uma grande zebra. O time hondurenho é melhor do que o dos reservas do Paraguai e Peru, equipes que o Brasil penou para vencer. Pior, Honduras só tinha quatro titulares em campo.

Se o Brasil ganhasse o título da Copa América, Felipão iria manter quase toda a equipe titular. Teria o apoio popular. Mesmo com a desclassificação, afirma que convocará 80% a 90% desses jogadores.

O grande erro do técnico tem sido a convocação de jogadores que já comandou em clubes. Dessa forma, ele se sente mais seguro. É uma visão provinciana. Seleção não é clube. Já não temos tantos jogadores excepcionais e é preciso chamar os melhores.

A imprensa e torcedores pediram a definição de um elenco e de um time. A indefinição foi o grande erro do Luxemburgo e do Leão. O treinador atendeu ao pedido, porém, não convocou os melhores. Quer manter a coerência com os piores. Não dá. Ficou ainda pior.

Depois da derrota para Honduras, o fantasma da desclassificação está mais próximo da realidade. Os dois jogos contra o Paraguai e a Argentina serão muito difíceis. Duas derrotas ou apenas um empate contra o Paraguai - o que é mais lógico - vai intranquilizar ainda mais a equipe. Aí será difícil ganhar até da Venezuela, Chile e Bolívia (outro jogo difícil, em La Paz).

Cresce o número de torcedores que deseja a desclassificação do Brasil. Pensam que somente assim o futebol brasileiro vai melhorar. O fato poderá acelerar a saída do Ricardo Teixeira e desencadear uma série de mudanças na administração do futebol brasileiro.

As mudanças na CBF e federações são inevitáveis. É questão de tempo. É preciso acabar com essa política de troca de favores, de clientelismo e coronelismo, que assola o futebol e o país. As mudanças já começaram lentamente e não há retorno. Ricardo Teixeira já anunciou sua saída no final do mandato, em 2003. Ele sabe que ninguém mais aceita seus métodos. Alguns dirigentes de clubes estão impacientes. Não será surpresa se isso acontecer antes.

Enquanto não se muda a administração, o técnico precisa convocar os melhores jogadores e formar um razoável conjunto. Ainda há tempo para se classificar e até ganhar a próxima Copa.
Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Tostão, a culpa da atual situação do futebol brasileiro é dos dirigentes ou a "safra" de bons jogadores acabou?
Lirálcio Ricci


R.Caro Lirálcio, os problemas são múltiplos, começam na desorganização do futebol brasileiro e passam pela qualidade dos jogadores. No entanto, não acho que a atual safra seja inferior à de outras seleções brasileiras, com algumas exceções, como as seleções de 58, 62, 70, 82. Nas outras Copas que o Brasil perdeu, os jogadores não eram melhores do que os atuais.

P.Caro Tostão, será que não chegou o momento de ex-jogadores, como o senhor, o Sócrates, e o Falcão, entre outros, tentarem assumir o controle do futebol brasileiro?
Rafael Plana Maranzato


R.Caro Rafael, acho que sim, desde que esses jogadores se preparem para isso e se unam a outros profissionais da área, não comprometidos com a situação atual.