Ioga quer virar esporte olímpico dando nota por movimentos de contorcionismo
Ioga é esporte?
Foi com essa pergunta que a reportagem do UOL Esporte começou a entrevista com a indiana Rajashree Choudhury e a reposta foi direta. “Sim, é um esporte e nosso objetivo é chegar aos Jogos Olímpicos”.
Presidente da Federação Internacional de Ioga (International Yoga Sports Federation) e da Federação de Ioga dos Estados Unidos, ela é responsável por um movimento recente que busca o reconhecimento da ioga dentro do movimento olímpico. O problema é superar o preconceito de leigos e praticantes.
Praticada há mais de 200 anos na Índia, com campeonatos disputados por lá há pelo menos 100 anos, a ioga ganhou o ocidente como uma filosofia zen, não como esporte. Por isso, muitos não conseguem ver como os movimentos de contorcionistas se encaixam em ambientes competitivos.
FILOSOFIA OU ESPORTE?
Ioga é uma filosofia e conjunto de práticas físicas, psíquicas e ritualísticas, originárias da Índia, que buscam um estado de harmonia e equilíbrio físico e mental, com o fim de obter a iluminação
“O que estamos fazendo é mostrar que a ioga pode ser mais do que simplesmente uma prática física. Quando começamos esse trabalho, as pessoas nem mesmo nos recebiam. Chegavam até a rir quando falávamos que estávamos promovendo campeonatos de ioga. Hoje já nos ouvem, aceitam ao menos tentar entender os conceitos da ioga como esporte. É um caminho longo até o reconhecimento”, explica a dirigente.
Nessa caminhada, as entidades engajadas no reconhecimento da ioga promovem eventos para mostrar como ela pode ser competitiva. E os torneios seguem a mesma lógica da ginástica artística: os competidores têm posturas obrigatórias e opcionais para executar e os juízes analisam a execução e a graça dos movimentos.
As poses são complexas, envolvendo flexibilidade, agilidade e força. Os atletas são obrigados a, por exemplo, encostar a cabeça nos joelhos e segurar os dedos dos pés com as mãos e podem, em outras posições, colocar os pés na cabeça ou fazer paradas de mão. Sempre mantendo a respiração tranquila e sem mostrar o esforço muscular.
“A ioga é uma luta para aperfeiçoar o corpo e atingir o equilíbrio. E a medida que você evolui, chegar ao próximo passo é sempre o mais complicado. E como você consegue seguir se aperfeiçoando? Tentando sempre chegar ao seu limite. É uma competição constante com seu próprio corpo. Então, a competitividade sempre esteve presente na ioga. O que estamos fazendo é apenas trazer isso ao público”, explica Rajashree, ela própria uma campeã na Índia.
Como você deve estar prevendo, a luta de Rajashree e da Federação Internacional é longa. Para ser reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional, um esporte precisa ser praticado em mais de 50 países, incluindo a filiação de federações nacionais. Hoje, a Federação Internacional de Ioga tem apenas 14 membros. Na América do Sul, por exemplo, só o Chile tem uma federação nacional filiada.
“Como diz o ditado, às vezes damos um passo para trás para dar dois passos para frente. E esse processo de reconhecimento é justamente assim. É claro que virar um esporte olímpico é um sonho muito distante, mas uma série de modalidades já esteve em nossa posição e hoje é disputada nos Jogos Olímpicos”, lembra Rajashree. “Podemos, pelo menos, ser esporte de exibição em uma edição futura”.
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