Sandro Hiroshi continua artilheiro. Agora, em fossa olímpica
Apesar do físico pouco privilegiado, que não lhe permitia vantagem em contato físico, Sandro Hiroshi tinha velocidade e bom aproveitamento na área rival. Era um artilheiro.
Aos 35 anos, longe do futebol, continua sendo. É campeão brasileiro de fossa olímpica, uma das modalidades do tiro esportivo. Foi campeão da categoria C, com 114 pontos em 125 possíveis e, agora, participará da categoria A, a mais importante.
Ao telefone, diretamente do Maranhão, onde foi visitar os pais, Hiroshi faz questão de mostrar os pés no chão. Explica que o tiro ainda é um hobby e não um esporte, mesmo tendo sido vice-campeão brasileiro – também na categoria C – de prato americano, outra modalidade.
Antes de começar a falar, porém, faz um pedido emocionado. “Você não vai colocar de título coisa do tipo ex-gato agora pratica tiro. Isso já passou, não quero mais lembrar”, diz, referindo-se a 1999, quando foi suspenso por 180 dias por jogar com uma carteira de identidade adulterada.
A adesão ao tiro veio por convite de amigos. Hiroshi vive em Americana, onde existe um bem montado clube de tiro em homenagem a Athos Pizoni, antigo atirador brasileiro.
Antes de começar a atirar, o que nunca havia feito antes, Hiroshi participou de toda preparação exigida de um atleta: fez um curso de capacitação, passou por testes psicológicos, por exames psicotécnicos e mostrou estar em dia com as exigências do Exército Brasileiro.
“É um esporte muito exigente, não se pode colocar uma arma na mão de qualquer um”, diz Hiroshi.
Também é caro. A fossa olímpica exige uma espingarda calibre 12, de quatro quilos. Se construída no Brasil, custa em torno de R$ 2,5 mil. Se for importada, pode chegar a R$ 12 mil.
Com a espingarda em punho, o atirador fica atento a três maquinas lançadoras de pratos, que estão enterradas em uma fossa. As máquinas lançam os pratos de 11 cm de diâmetro em três ângulos diferentes: reto, para o alto, 45º para a direita ou 45º para a esquerda, de forma aleatória.
São três séries de 25 pratos. O atirador pode dar dois tiros para cada prato. Não interessa se acertou na primeira ou segunda tentativa. O máximo de pontos é 125. Hiroshi foi campeão com 114 acertos.
“O Brasil tem bons atiradores como Rodrigo Bastos ou Roberto Schmits que já fizeram 123 pontos. Eu ainda sou iniciante”.
O tiro não é um esporte limitado pela idade. Hiroshi conta que há atletas competitivos com mais de 50 anos, mas não se vê chegando a um nível altíssimo. “Vou continuar atirando, mas por enquanto é mais hobby do que profissão”, diz.
Outro hobby é o futevôlei, que pratica quase diariamente no clube. Sandro também tem uma franquia de loja de sapatos em Americana.
O passado futebolístico se limita à torcida pelo Rio Branco de Americana e a um ou outro autógrafo dado aos colegas de tiro. “Não são muitos. Os atiradores são gente mais fechada, são respeitosos, ficam até tímidos para falar de futebol.”
Nenhuma lembrança desagradável ao apelido de gato? “Nunca, é gente de respeito. Isso já acabou, faz tanto tempo. É hora de esquecer”, termina Hiroshi.
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