Criado para F1, Verstappen vence título que o pai ex-piloto nunca disputou
O primeiro título de Max Verstappen na Fórmula 1, conquistado hoje (12) no GP de Abu Dhabi, é um triunfo em família. O holandês é filho de um ex-piloto da F1 e desde cedo foi forjado para correr em alto nível, com direito a muita cobrança e algum atrito até o campeonato conquistado com a Red Bull.
Pelos relatos de ambos, parece o caso clássico do filho que herda e assume os objetivos que o pai nunca conseguiu alcançar. Max nasceu em 1997, quando seu pai disputava a quarta temporada na Fórmula 1. Jos Verstappen pilotava uma Tyrrell pouco competitiva e encerrou aquele ano sem marcar ponto nenhum, um resumo fiel de sua carreira pouco expressiva na categoria: ao todo foram 107 GPs, apenas dois pódios e 17 pontos marcados.
Os dois pódios de Jos haviam sido em seu ano de estreia, 1994, em que começou como piloto reserva da Benetton. Naquele ano, ele disputou 10 corridas e abandonou seis, sofreu uma capotagem em Interlagos e um incêndio em pit stop na Alemanha, mas, mesmo assim, conseguiu ser terceiro duas vezes —seu companheiro Michael Schumacher seria campeão.
Em oito temporadas de Fórmula 1, Jos Verstappen nunca se firmou entre os melhores. Nem sequer chegou perto disso. Ele passou por duas equipes (Simtek e Arrows) antes de chegar à Tyrrell em 1997, e no ano seguinte foi companheiro de equipe de Rubens Barrichello na Stewart Grand Prix. Sua última fagulha de sucesso foi em 2000, no retorno à Arrows, pela qual conseguiu um quinto lugar em Monza para terminar o Mundial em 12º.
Piloto mediano, pai exigente
Max Verstappen entrou pela primeira vez em um kart com quatro anos e meio e chegou à Fórmula 1 antes dos 18. Foi o piloto mais jovem da história a participar de um final de semana de F1, no GP do Japão de 2014, e no ano seguinte se tornou o mais novo a começar uma corrida na categoria. Hoje se tornou o quarto campeão mais jovem da história, aos 24 anos, atrás apenas de Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e Fernando Alonso.
De início, Jos Verstappen era uma figura sempre presente na carreira do filho, palpitando sobre como pilotar e se adaptar ao carro, mas este acompanhamento de perto foi deixando de ser necessário à medida que Max evoluía na Fórmula 1.
"Ele costumava dizer que eu era muito relaxado, cobrava para estar mais atento. Agora ele já não precisa mais me dizer o que fazer, mas este sempre foi o objetivo: com certeza ele queria me fazer um piloto melhor do que ele foi", afirmou Max no ano passado.
Família de pilotos e pressão desde cedo
Max Verstappen experimentou a velocidade no sangue. Se o pai era ex-piloto de F1, a mãe Sophie Kumpen havia sido campeã de kart na Bélgica, um tio até hoje corre na Nascar e um tio-avô já havia pilotado motocross e rally. O ambiente do automobilismo criou o pequeno piloto para chegar ao topo.
"Nunca tive nenhuma surpresa na F1 porque ninguém nunca foi tão duro comigo quanto meu pai", disse Max há dois anos, ao contar uma história dura de sua adolescência. Em 2012, ainda aos 15 anos, o castigo por ter perdido uma corrida de kart foi ser deixado em um posto de gasolina.
"Eu deveria ter vencido aquela corrida facilmente. Alguém me ultrapassou na primeira volta, eu quis retomar a posição na volta seguinte, tentei passar em uma curva rápida, mas nós batemos", conta Max, referindo-se a um evento no sul da Itália.
"Meu pai havia trabalhado duro naquele final de semana, e eu joguei tudo fora. Ele estava muito nervoso e não falava comigo. No caminho de volta, a uns dez quilômetros de casa, ele disse alguma coisa e nós acabamos discutindo. Então ele parou no posto e me disse para sair, me expulsou da van, disse que era para voltar para casa sozinho e foi embora", recorda o piloto da Red Bull, que na época ligou para a mãe ir buscá-lo e ficou uma semana sem falar com o pai.
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