ANÁLISE
Posse de Bola #113: Balanço do Fla, Galo perde, Palmeiras volta e o Gre-Nal
Do UOL, em São Paulo
02/04/2021 12h18
O Flamengo apresentou ontem (1) seu balanço financeiro referente ao ano de 2020 com queda de arrecadação em relação a 2019, mas um déficit aproximado de R$ 107 milhões, uma situação bem confortável na comparação a quase todos os clubes brasileiros ao considerar a ausência de público nos estádios, além de fato de o clube ainda ter a receber em direitos de transmissão e premiação por ter sido o campeão brasileiro em campeonato encerrado apenas em fevereiro.
No podcast Posse de Bola #113, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira analisam a questão financeira e também dentro do campo do Flamengo, que voltou a contar com seus principais jogadores, além do técnico Rogério Ceni à beira do gramado, na vitória por 3 a 0 diante do Bangu, na última quarta-feira (31).
Mauro Cezar analisa a divulgação do balanço financeiro e afirma que a situação do Flamengo não é preocupante para o torcedor, mas requer o entendimento de que o ano de 2021 não será o de grandes contratações, como foram os anos anteriores, além da necessidade de vendas em caso de boas propostas para que o clube permaneça sustentável e competitivo.
"A situação não é desesperadora, não é preocupante na minha opinião, eu conversei ontem com quatro pessoas sobre isso, é claro que os analistas de balanço, os caras que são do ramo, precisam de mais tempo, mas o primeiro olhar não é para o torcedor ficar preocupado, mas é para o torcedor entender por que não pode 'traz o Rafinha, contrata um goleiro, traz um centroavante, eu quero um ponta direita', acabou, isso aí não vai ter", diz Mauro Cezar.
"Você consegue pagar as contas, consegue manter a casa em ordem, acho que sim, mas aquelas investidas pesadas das temporadas anteriores não vão acontecer e jogadores certamente serão vendidos e têm que ser, não tem outro jeito, quando aparecer uma boa proposta tem que negociar o jogador, seja lá quem for, se a proposta for boa, é claro", completa.
O jornalista explica que, ainda que o balanço tenha apontado deficit, os números não preocupam devido ao fato de o Flamengo ainda ter valores a receber e por ter um faturamento superior em relação à dívida.
"Se fosse um deficit de 100 milhões na pandemia para um clube que faturou R$ 1 bilhão quase no ano anterior, não é um número tão assustador, e na verdade o próprio balanço explica também que além dos quase 107 milhões déficit, há certa de 87 milhões a receber de direitos de transmissão e outras coisas mais, isso dá uma diferença real de R$ 20 milhões mais ou menos. Não é uma diferença tão grande, não é um valor tão significativo para o montante que o Flamengo movimenta", analisa Mauro.
Porém, ele também chama a atenção para algumas decisões erradas tomadas pela direção do clube que fizeram com que o Flamengo tenha arrecadado menos do que poderia na última temporada, como a recusa em assinar com a Globo os direitos de transmissão do Campeonato Carioca e situações que levaram a emissora a quebrar o contrato com a competição, além da falta de criatividade do departamento de comunicação e marketing em relação a patrocínio e programa de sócio-torcedor.
"Vale a observação sobre o equívoco cometido quando o Flamengo abriu mão da receita de televisão do Campeonato Carioca do ano passado, acreditando que poderia por seu próprio caminho faturar tanto a mais, não conseguiu e um ano depois demonstra incapacidade para isso. Passa pela área de comunicação e marketing, que é o ponto mais fraco, eu diria, de todas as áreas estratégicas de um clube de futebol, o marketing/comunicação do Flamengo é um ponto fraquíssimo, então o Flamengo teve uma queda de sócio-torcedor de 125.242, que é o que aparece no balanço no final de 2020 para 50.392, dá quase 60%, 59,7% de queda", diz Mauro.
"É claro que pare deles iria sair de um jeito ou de outro porque não tem como comprar ingresso, causa desinteresse, alguns ficaram sem grana por conta da pandemia, mas a queda é muito grande e nenhuma ação foi feita, nenhum realinhamento de preço, nenhum tipo de promoção, nenhum chamariz para aquele que ainda pode contribuir, porque a maneira como é tratado o sócio-torcedor é assim: eu te dou aqui uma chance de pagar uma mensalidade, você vai ter acesso aos ingressos, se você não mora no Rio de Janeiro que se dane, você fica dando esse dinheiro só para ajudar o Flamengo, eu não faço nada por você", conclui.
O programa também analisa o Flamengo dentro de campo e a preparação para enfrentar o Palmeiras na Supercopa do Brasil, a volta de Abel Ferreira ao trabalho no clube alviverde, o Atlético-MG de Cuca derrotado pela Caldense no Campeonato Mineiro, o primeiro Gre-Nal da temporada no Campeonato Gaúcho, a situação do Campeonato Paulista, o Corinthians com reunião da direção com torcedores organizados, o São Paulo como sobras de jogadores no meio de campo após a chegada de reforços e o Santos visando a Libertadores.
Posse de Bola: Quando e onde ouvir?
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