ANÁLISE
Posse de Bola #114: São Paulo cede Tchê Tchê, vaquinha corintiana e Neymar
Do UOL, em São Paulo
05/04/2021 13h02
Jogador que atuou com o técnico Cuca no Palmeiras e no São Paulo, Tchê Tchê está próximo de voltar a trabalhar com o treinador no Atlético-MG em negociação por empréstimo pelo clube do Morumbi, que visa reduzir a folha de pagamento após contratações e a provável perda de espaço do atleta com o técnico argentino Hernán Crespo. No podcast Posse de Bola #114, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira analisam quem tem a ganhar com a negociação no mercado da bola.
Arnaldo Ribeiro vê o empréstimo como um bom negócio para jogador, assim como para o Atlético-MG, embora tenha ressalvas pelo lado do São Paulo, ainda que a saída ajude a reduzir o custo com os salários, já que o clube mineiro deverá pagar integralmente os valores ao meio-campista, mas ressalta o fato de não haver nenhuma compensação financeira ao clube paulista, que ainda deve parte do pagamento ao Dínamo de Kiev, no momento em que o buscou na Ucrânia.
"Para o Tchê Tchê é excelente a saída para o Atlético-MG, porque ele via as suas possibilidades de jogar no São Paulo reduzidas com a chegada do Crespo, já estava, digamos, foi um dos jogadores que ficou queimado com a reta final ruim do São Paulo no Brasileirão e pelo episódio com o Fernando Diniz, que ficou notório, então a torcida do São Paulo já o via com desconfiança, então para ele sair do São Paulo depois de dois anos e ir para o Atlético-MG, um time que está investindo, com um técnico que o adora, o Cuca, para ele é um ótimo negócio. Para o Galo eu acho que é um bom negócio, ele vai receber um jogador que o técnico conhece muito bem, que é versátil e não se machuca", diz Arnaldo.
Na visão em relação ao São Paulo, o jornalista aponta o fato de o clube não apenas ceder o jogador sem receber nada por isso, como também a possibilidade de reforçar um de seus principais adversários na temporada, considerando que o Atlético-MG é um dos elencos mais fortes para a disputa do Campeonato Brasileiro e a Libertadores, competições que o Tricolor mira.
"Para o São Paulo é um negócio razoável porque depois de contar com esse jogador por dois anos e utilizá-lo praticamente em todas as partidas, o São Paulo agora com reforços no meio de campo e uma nova comissão técnica consegue uma negociação que alivia a sua folha de pagamento, porém, é um empréstimo em que o Galo não vai ter que desembolsar em tese uma quantia por esse empréstimo e o São Paulo ainda tem uma dívida da contratação do Tchê Tchê lá atrás, com o Dínamo de Kiev, que ainda não foi definitivamente resolvida", diz Arnaldo.
"Vai emprestar o jogador em troca do pagamento de seus salários, e aí eu acho razoável porque, tudo bem, desonera a folha de pagamento, o Tchê Tchê é um jogador caro hoje em dia, porém, você está reforçando um rival por um empréstimo gratuito, então ficou muito confortável para o Atlético-MG e pouco para o São Paulo. O Atlético-MG é rival do São Paulo na Libertadores, na temporada, no Brasileiro", completa.
Mauro Cezar cita a recusa do Flamengo em fazer negócio semelhante por Michael com um clube dos Emirados Árabes e questiona a negociação do São Paulo ao deixar de contar ao menos com o abatimento de parte da dívida que tem com o clube ucraniano ao emprestar Tchê Tchê para o Atlético-MG.
"Aí é ponto que eu questiono a negociação do ponto de vista do São Paulo. 'Você quer o jogador? Eu te cedo o jogador por empréstimo, mas essa parcela aqui você paga. Você vai usar o jogador, então essa parcela você paga e os salários são seus'. O Michael do Flamengo não foi para os Emirados Árabes por isso, os caras queriam pagar uma quantia ínfima e assumir os salários, ele custou 7,5 milhões de euros. E acabou que não houve negócio, eu acho que os caras agiram corretamente", diz Mauro.
"Não dá para você investir um dinheiro em um jogador e emprestar de graça. É como você ter um carro, está pagando a prestação do carro e você empresta para o seu amigo trabalhar como Uber e o cara só paga a gasolina. Não, você tem que pagar para usar o carro, aluguel do carro, como acontece", completa.
Juca Kfouri concorda com a posição de Arnaldo e Mauro Cezar quanto ao negócio e diz que o São Paulo poderia ao menos contar com o pagamento uma parcela de sua dívida pelo clube mineiro.
"Eu também acho que o São Paulo poderia ao menos ter incluído uma parcela do que deve deste passe, porque sequer você pode dizer que o São Paulo já tenha amortizado a contratação do Tchê Tchê, o que aconteceria se estivesse já com a dívida paga para o seu credor e estivesse apenas pagando salário. O São Paulo continua com uma dívida importante por causa do Tchê Tchê, e vamos convir que fazer dívida por causa do Tchê Tchê já dá a medida de que realmente as coisas não andavam bem", conclui.
O programa também analisa a vitória do Grêmio diante do Internacional no Gre-Nal, o Atlético-MG comandado por Cuca vencendo o América, os negócios do Flamengo, a vaquinha para que os torcedores ajudem financeiramente o Corinthians, o Palmeiras de volta a campo pela Recopa Sul-Americana após pouco tempo de treinos com Abel Ferreira, Neymar expulso no Campeonato Francês e a expectativa do que ele pode fazer pelo Paris Saint-Germain na Liga dos Campeões contra o Bayern de Munique.
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