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Mauro: Brusque deveria ser responsabilizado por racismo em jogo sem torcida

Do UOL, em São Paulo

30/08/2021 16h57

No empate em 0 a 0 entre Brusque e Londrina, pela Série B do Campeonato Brasileiro, o meio-campista Celsinho, que atua pelo clube paranaense, denunciou ter sido vítima de injúria racial por parte de pessoas presentes no estádio da equipe catarinense, que soltou uma nota negando o episódio de racismo e ameaçando responsabilizar o atleta pela acusação. Após a repercussão negativa, o Brusque divulgou hoje (30) uma nota se desculpando por 'momento infeliz' e prometendo 'apurar os fatos'.

Durante o podcast Posse de Bola #156, Mauro Cezar Pereira critica o primeiro comunicado emitido pelo clube catarinense, diz que Celsinho está tomando a atitude certa ao expor casos de racismo, que muitas vezes não são relatados pelos jogadores, além de opinar que o clube deveria receber alguma punição, já que em um momento sem torcida no estádio, a atitude dos presentes é de responsabilidade do mandante da partida.

"Essa nota é um negócio abjeto, mas é interessante que o Celsinho está enfrentando uma situação que certamente outros talvez não enfrentam. Será que só ele é alvo deste tipo de manifestação racista? Não acredito, certamente outros jogadores também sao ofendidos desta forma, mas talvez, com medo de alguma coisa, prefiram o silêncio. E ele está colocando a boca no trombone e faz ele muito bem, alguém precisa se manifestar", diz Mauro Cezar.

O jornalista afirma que se fosse um episódio de torcedor presente no estádio mediante pagamento de ingresso, o indivíduo deveria ser punido e não o clube, a não ser em caso de incentivo ou omissão, mas que em um caso de não haver liberação de público nos estádios, o Brusque deveria se responsabilizar pelas atitudes dos presentes, como também com outros clubes em partidas da Série A e da Série B nas quais há a presença de dirigentes, conselheiros e outras pessoas que gritam, xingam e provocam jogadores adversários em jogos sem torcida.

"Não tem desculpa. Se ele foi, de fato, ofendido, não tem torcida no estádio, gente. É dirigente? É convidado? Não importa, o clube tem que ser responsabilizado. Eu até penso que quando há uma manifestação racista de um torcedor que comprou ingresso, se você não conseguir provar que o clube foi conivente ou omisso, eu acho que não é justo o clube pagar a conta, porque o clube não tem culpa se um sujeito comprar ingresso, entra no estádio e é um racista. Esse cara tem que ser punido, o indivíduo, não o clube", diz Mauro.

"Agora, se o clube patrocina isso e incentiva, fecha os olhos, não está nem aí, puna-se o clube também, por omissão, por compactuar com essa cretinice e tudo mais. Nesse caso específico não é possível comprar ingresso, então o clube na minha visão deveria ser responsabilizado pelas atitudes de qualquer um que esteja no estádio. Se ele está ali é porque o clube colocou. Na pandemia, sem ingresso vendido, não tem desculpa", conclui.

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