Arnaldo: Esporte durante a pandemia está funcionando na base do acordão

O jogo entre Brasil e Argentina no domingo foi interrompido ainda nos primeiros minutos e cancelado com intervenção de um representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido à presença de jogadores argentinos que tiveram passagem pelo Reino Unido e negaram isto no preenchimento de documento na imigração ao chegarem em território brasileiro.

No podcast Posse de Bola #158, Arnaldo Ribeiro afirma que o caso chama a atenção ao considerar que o esporte em meio à pandemia tem funcionado a partir de acordos que permitem que os atletas não precisem passar pelos mesmos procedimentos de cidadãos comuns, citando o próprio jogo entre Brasil e Chile, na rodada anterior das Eliminatórias Sul-Americanas.

"Evidentemente, o esporte durante a pandemia no mundo, sobretudo na América do Sul, ele está funcionando na base do acordão, só assim ele esta funcionando. Teve um acordão na Copa América, tem um acordão para as Eliminatórias Sul-Americanas, em que as delegações nesse entra e sai maluco de países, viagens, com 40 membros em cada avião, ele só pode ocorrer na base do acordão. O Brasil foi jogar no Chile pelas Eliminatórias no meio da semana e a delegação brasileira não cumpriu exatamente o protocolo que o cidadão comum brasileiro entrando no Chile cumpre?, afirma Arnaldo.

"Os caras entraram lá, tiveram teste x, y, jogaram e voltaram. É um regime de exceção para o esporte, para poder mover 40 para cá e 40 para lá. Isso a todo jogo, todo momento, toda viagem, toda competição. Então o Brasil e Argentina aqui teria essa situação", completa.

O jornalista critica o que considerou a tentativa de tratar como vilões argentinos, inclusive com citações à liberação dos jogadores do país que atuam na Premier League, o que o Brasil tentou e não teve êxito.

"O que confundiu muita gente foi uma espécie de discurso de vilanização dos argentinos ou até de comparação com a liberação de clube inglês para jogador argentino e não para jogador brasileiro, que não tem nada a ver com essa história. Os jogadores argentinos que atuam na Inglaterra voltariam para a Inglaterra depois da segunda partida a tempo de lá cumprirem a quarentena até reforçarem seus times no prazo devido. A preocupação dos clubes ingleses era com a volta a tempo dos jogadores para eles disputarem a Premier League e a Champions League, não tem nada a ver liberação de jogadores de um país ou de outro", diz Arnaldo.

"Ficou claro no pronunciamento da Conmebol e sobretudo da CBF, existia um acordo esportivo para que os quatro jogassem, todo mundo estava sabendo. E os quatro, evidentemente, ao preencherem de forma errada propositalmente o relatório sanitário, foram instruídos a fazer isso pelos dirigentes argentinos e tudo mais. Faltou combinar com alguém e esse faltou combinar com alguém me soa estranho", completa.

Arnaldo também não entende a ação tardia da Anvisa, quando já era público que a seleção argentina estava no Brasil e treinava no Parque São Jorge, lembrando que teve torcedor que aproveitou a ocasião para tirar foto com Messi no local.

"Esse show à parte, com a partida já em andamento, sendo que os caras estão aqui, tem até o moleque que eu conheço, que furou o bloqueio dos seguranças para ir lá dar um abraço no Messi e tirar uma foto com ele, todo mundo sabia onde os caras estavam, onde os caras iriam treinar, onde iriam jogar. Na saída de delegação do hotel para o estádio, o ônibus fica parado ali umas cinco horas, é só parar ali na porta e falar 'vocês não vão sair daqui com esses quatro jogadores'", conclui.

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