O Palmeiras conquistou a sua segunda Libertadores consecutiva sob o comando de Abel Ferreira ao vencer no sábado o Flamengo, em Montevidéu, com o 'plano' do técnico português obtendo sucesso diante de um adversário que apostou em seus talentos individuais. No podcast Posse de Bola #182, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira comentam os méritos do treinador e do clube que agora é tricampeão continental ao lado de Grêmio, Santos e São Paulo.
Mauro Cezar afirma que a grande diferença no confronto foi que o Palmeiras tinha um treinador, que pensava a estratégia de jogo, independentemente de ir ou não além do repertório de Abel Ferreira, ressaltando que o time venceu jogando nas características que o torcedor já está acostumado, enquanto o Flamengo de Renato Gaúcho era um time desorganizado em campo.
"O fator fundamental nesse jogo foi exatamente esse, um time tinha um técnico, se você gosta dele ou não gosta, o estilo, isso é outra discussão. Agora, o outro time não tinha um técnico, o Renato não é um técnico, ele é um técnico do passado, ele é um técnico da época, eu não sei nem se do DVD, que ele tanto fala, talvez da fita cassete, a fita de videocassete, porque as ideias dele são dos anos 90, 2000 no máximo", diz Mauro.
"É aquele futebol mais intuitivo, é aquele futebol de 'vamos lá gente, protejo meus jogadores, confio no meu grupo' e mais nada. O Abel Ferreira trabalha como técnico, repito, se gosto ou não do estilo, é uma outra discussão, mas ele é um treinador de futebol, isso é inegável. O Renato não é, é um treinador à antiga e não cabe mais no futebol esse tipo de técnico que só fala, que banca ali o fanfarrão", completa.
Mauro: Se for embora, Abel sentirá saudades de Renato Gaúcho
O jornalista também chama a atenção para o fato de o Palmeiras de Abel ter levantado duas taças em finais contra Renato e afirma que o português sentirá saudades do adversário caso opte por não permanecer trabalhando no futebol brasileiro.
"Repare que dos três títulos do Abel Ferreira nessa passagem de sucesso pelo Palmeiras, dois foram em cima do Renato Portaluppi. Ele vai sentir saudades do Renato se ele for para Portugal. Nenhum time vai contratar o Renato, nenhum time vai contratar o Renato, sabe por que? Porque ele não vai trabalhar lá fora, ele falava isso do Jorge Jesus em 2019 e ele não tem capacidade nem para treinar o Flamengo", diz Mauro.
"O Renato é o técnico que tem mais vitórias na Libertadores e é também o técnico dos dois vices, se o Abel tem dois títulos, o Renato tem dois vices da Libertadores, um com o Fluminense e outro agora. Detalhe, em ambos, com elencos muito melhores do que o seu adversário. O elenco do Palmeiras é muito bom, mas o Flamengo é melhor, olha quem estava no banco do Flamengo. E com o Fluminense contra a LDU em 2008 a mesma coisa", completa.
Arnaldo: Técnico bicampeão seguido da Libertadores é raro
Já Arnaldo Ribeiro lembra que são poucos os treinadores que ganharam duas Libertadores seguidas e destaca o feito de Abel Ferreira, ainda que preferisse que as atuações do time fossem menos pragmáticas. Por outro lado, discorda que o elenco do Palmeiras fosse desacreditado antes da chegada do português.
"Não tem discussão quando um cara é bicampeão da Libertadores, bicampeão seguido é raro, como o Telê. Acho que dá para ser campeão da Libertadores dirigindo um grande time do Brasil ou da Argentina não necessariamente sendo absolutamente pragmático, pode ser o Gallardo, que eu acho que é um estilo que me agrada mais, mas o título é incontestável", diz Arnaldo.
"Eu só discordo de uma coisa na entrevista dele pós-título e ele já. Tinha falando isso também antes da partida, que quando ele chegou, ninguém dava nada para esse grupo de jogadores do Palmeiras. Não é verdade, nós damos créditos a esse grupo de jogadores do Palmeiras há pelo menos 5 anos. O grupo do Palmeiras não era uma coisa qualquer ou terra arrasada quando o Abel chegou", completa.
Juca: Dedo na ferida de calendário é acerto de Abel
Além do título, Juca Kfouri elogiou o fato de mais uma vez Abel Ferreira ter criticado o calendário do futebol brasileiro, algo que não vê muitos treinadores fazerem, ainda mais em um momento de vitória e não como desculpa para algum resultado negativo.
"Em regra, gosto das entrevistas dele, apesar de não gostar do tom colonizador muitas vezes que ele usa, mas aplaudo o fato de ele ser o treinador que passou pelo futebol brasileiro ou que está no futebol brasileiro nos últimos anos mais crítico em relação à insanidade do nosso calendário, mais uma vez ele fez isso, talvez até como justificativa para não ficar", diz Juca.
"Mas o fato é que ele bota o dedo em uma ferida que é necessário que se coloque, o que os técnicos das seleções brasileiras não colocam, que no máximo resvalam, como o Renato faz para arrumar desculpa, ele não, ele mantém no momento da vitória", conclui.
O programa também analisa o Corinthians classificado para a Libertadores, o São Paulo praticamente livre do risco de rebaixamento, a definição dos times que sobem da Série B e as reclamações em relação à arbitragem após a vitória do Atlético-MG sobre o Fluminense com pênalti muito contestado.
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