Rio x Osasco completa uma década de finais e jogadoras explicam rivalidade
Rexona/Ades e Molico/Nestlé entrarão em quadra neste fim de semana para repetir uma cena que tem sido frequente nos últimos dez anos da Superliga feminina de vôlei. Em nove das últimas dez finais do maior torneio de vôlei do país, os dois rivais fizeram a grande final. Neste domingo, às 10h, na Arena da Barra, no Rio de Janeiro, as equipes farão o duelo mais uma vez, completando uma década de domínio no vôlei.
O jogo em si ficará marcado como um dos últimos da levantadora Fofão, em um palco que nunca recebeu jogo da Superliga e com duelo de gerações, como o das líberos Fabi e Camila Brait, ou das levantadoras Fofão e Dani Lins. Só que o confronto vai além de quem está na quadra.
A decisão marcará os dez anos da primeira vez que essas equipes disputaram a final, na temporada 2004/05. De lá para cá, a única vez em que Osasco e Rio de Janeiro (em seus diferentes nomes) não estiveram na decisão foi no ano passado, quando o Sesi-SP quebrou a tradição - ainda assim, ficou com o vice diante do Rexona/Ades.
Neste período, grandes nomes do vôlei nacional passaram pelas duas equipes. Gente como Paula Pequeno, bicampeã olímpica, Carol Gattaz, Jaqueline, Leila, e algumas, que estiveram em ambos os lados ainda estão por lá como Thaísa, Dani Lins, Natália, entre outras.
E, abaixo, as próprias jogadoras contam como funcionam essa rivalidade entre as duas principais equipes de vôlei do Brasil.
Rivalidade faz com que jogadoras não se olhem
“Tem alguns técnicos que não deixam olhar para a adversária, conversar, algumas bobeiras assim. A gente se cruza treinando e não pode nem olhar. Fica essa bobeirinha, mas que os técnicos acham importante para não perder concentração. Eram essas coisas que a gente dava risada depois – Carol Gattaz (foi campeã três vezes da Superliga, uma por Osasco e duas pelo Rio de Janeiro)
“Por ser um grande jogo, uma final, a gente nem tem muito contato com elas. A gente evita um pouco isso. Realmente é um jogo muito importante, tenso, que tem muita rivalidade e mexe muito com o emocional. A gente não cria um contato muito grande com elas, não cruza muito dentro da quadra. Não rolam muitas brincadeiras e apostas” – Gabi (bicampeã da Superliga pelo Rio de Janeiro)
Poder trabalhar com Bernardinho é uma arma do Rio
“O Bernardo é estudioso, estuda muito o adversário e ainda comanda o jogo fora de quadra. A gente sabe que Osasco paga melhor que o Rio, tem um orçamento maior. O diferencial para que vem para o Rio é poder trabalhar com a comissão, com o Bernardinho. Estão aí dez anos seguidos em uma final, com títulos” - Carol Gattaz.
“Eu comecei a me profissionalizar com ele em 1997. Ele é tipo um segundo pai. Ultimamente, ele tem estado muito ocupado. Sinto muita falta de conviver com ele. Ele é um técnico incrível e espero poder um dia jogar novamente com ele” – Erika (foi campeã pelo Rio de Janeiro e pelo Osasco)
Amor pelo clube já evitou que jogadoras trocassem de clube
“As rivalidades são muito duras, tanto da torcida como do time. Como tive 11 anos no Osasco, a rivalidade era tão grande, e meu amor por Osasco e deles por mim eram tão grande, que recebi proposta do Rio e não tive coragem de ir, sentia completamente filha daquele time” – Paula Pequeno (foi campeã na primeira final entre Rio e Osasco)
Tensão deixa jogadoras sem dormir antes da final
“Tensão pré-jogo, adrenalina. Chega tudo, mas não chega o dia da final. Parece que os dias passam mais lentos, mas acho que essa tensão é a importância que a gente dá para a Superliga”, - Fabi.
“Lembro da sensação da final, sempre aquele frio na barriga, ninguém dorme e come direito, só pensa nesse jogo. Antigamente eram 3 jogos, agora virou um só e passou a ser mais emocionante ainda. A mistura de sentimentos, preocupações e anseios é muito grande” – Paula Pequeno.
Maior clássico do esporte olímpico do país?
“Acho que é cada um dentro da sua proporção. Dentro do futebol tem os clássicos ali, até por questão de torcida, e são eventos muito maiores. Mas tirando o futebol pode ser que seja o maior clássico, sim” – Natália (foi campeã por Osasco e Rio de Janeiro, trocou os paulistas pelos cariocas em 2011)
“Acho que está entre as maiores. Estava até brincando: sem dúvida, a gente vai poder ficar velhinha e contar que fez parte de um dos maiores clássicos do esporte nacional. São muitas histórias dentro desse confronto que só fazem ficar maior e só engrandecem” – Fabi (esteve presente em todos os títulos do Rio de Janeiro contra Osasco)
Longevidade dá lição para os outros times
“São duas equipes que têm projeto há mais de dez anos. Projeto grande, que ninguém tem. A gente tem de dar méritos para quem insiste no vôlei, patrocina e sempre deu certo. Temos equipes como Amil, Vôlei Futuro, que montam equipe e ficam dois anos. Aí chega só na semifinal, não consegue passar, se irritam e acabam não patrocinando mais” – Carol Gattaz.
Causo da 1ª final: Confiança fez Zé Roberto mudar preparação
“Na concentração no Rio, o Zé ia passar um vídeo e antes deu a preleção. Mas olhando nos nossos olhos, viu algo especial e disse que não ia passar o vídeo. Ele falou: ‘estou sentindo no olho de vocês que estão prontas para ganhar o jogo’. Aquilo me marcou” - Paula Pequeno.
*Colaboraram Fabio Aleixo e Gustavo Franceschini
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