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Prejuízo recorde na Globo e audiência fraca mostram Carnaval em crise na TV
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O Carnaval de 2023 não deixará boas lembranças na Globo. A emissora conseguiu fechar apenas um único patrocínio para as transmissões dos desfiles deste ano. Das cinco cotas oferecidas, apenas a Brahma comprou uma delas.
Como a transmissão do evento é uma das mais caras realizadas pela empresa, o prejuízo será de dezenas de milhões de reais. Quanto exatamente, até a Globo precisará de tempo para calcular, já que a conta é dividida entre várias áreas do grupo. Praticamente todas as equipes de jornalismo e engenharia são mobilizadas para a cobertura por todo o país.
A estimativa é de que o valor da cota vendida para a Brahma esteja entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões. Após comissões e impostos, a Globo fica com pouco mais da metade do valor bruto. Apenas os direitos de transmissão das escolas de samba custariam quase R$ 50 milhões. Ainda há custos de engenharia, transmissão, alimentação e horas extras.
Globo segue imbatível na TV
A fuga dos anunciantes da Globo no Carnaval parece ter sido acertada quando se olham os números. A audiência dos desfiles é composta por espectadores cada vez mais velhos. Para piorar, o público está diminuindo. Como revelou com exclusividade o colunista Ricardo Feltrin, o Carnaval da Globo teve o segundo pior resultado de audiência da história.
Os números também mostram que a Globo segue imbatível na TV. Os desfiles de sexta e sábado (grupo de acesso), que saíram da TV Globo e foram para a Band, tiveram uma perda de 75% de audiência no sábado e 79% no domingo. Isso, considerando os desfiles de 2020. Em 2022, os desfiles do grupo de acesso aconteceram na quarta e quinta, mas a perda foi quase igual.
Se a capacidade da Globo para atrair espectadores na TV segue imbatível, o que mudou? Primeiramente, há menos espectadores na TV. Streaming, redes sociais, eventos, nunca existiram tantas opções de entretenimento e atrair a atenção das pessoas é cada vez mais difícil. Mas mesmo assim o BBB e o futebol são exemplos de grandes eventos que mesmo com menos espectadores na TV seguem batendo recordes de faturamento com publicidade.
Gisele Bündchen e um Carnaval preso no passado
Para muitos existe um desgaste da fórmula do Carnaval. Do ponto de vista dos anunciantes, os desfiles no Rio e São Paulo não envelheceram bem na TV. Afinal, a audiência que assiste aos desfiles é composta por um público cada vez mais velho e a repercussão nas redes digitais é limitada em comparação a outros grandes eventos como shows, partidas de futebol e até o BBB.
Mas a questão vai além das redes sociais. O Carnaval na avenida, com cada vez mais camarotes, vips e menos fãs com samba no pé está cada vez mais elitizado e restrito a uma minoria.
Não bastasse tudo isso, os anunciantes estão mais conservadores, e associar seus produtos à festa profana originada na Antiguidade pode ser um risco em tempos de ESG e do "politicamente correto".
O Carnaval da TV parou no tempo. Não deixa de ser irônico que a principal atração da festa tenha sido Gisele Bündchen. Após 12 anos sem ir à Sapucaí, a modelo retornou à festa cercada por seguranças para uma presença vip de três horas e ganhando R$ 10 milhões da Brahma.
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