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Miss Bumbum usa sensualidade para comprar caminhão de R$ 1 milhão

Feminista, Miss Bumbum caminhoneira defende possibilidade de mulher trabalhar em "profissões consideradas de homens" - Reprodução/TikTok
Feminista, Miss Bumbum caminhoneira defende possibilidade de mulher trabalhar em 'profissões consideradas de homens' Imagem: Reprodução/TikTok

Filipe Pavão

De Splash, no Rio

18/07/2022 04h00

Conhecida como Miss Bumbum caminhoneira, a gaúcha Juli Figueiró está em terceiro lugar na votação do concurso de beleza que premia o bumbum mais bonito do país. Ficar entre os primeiros lugares da competição não é a única conquista que ela está perto de alcançar. Em bate-papo com Splash, a modelo disse que falta pouco para conseguir o dinheiro necessário para comprar o caminhão dos sonhos.

A gaúcha de 33 anos ganhou evidência ao participar do concurso neste ano, mas já chamava atenção nas redes sociais e em plataformas de conteúdo adulto. Graças a esse trabalho, ela vem conseguindo juntar dinheiro para realizar a meta de ter o próprio veículo.

"Em breve, se Deus quiser, vou comprar meu caminhão, graças à produção de conteúdo adulto, que muita gente tem preconceito e julga as mulheres que se empoderam e fazem o que bem entendem com seus corpos. Hoje, meu faturamento é dez vezes maior do que a gente fazia só no caminhão. Estou conseguindo ajudar minha família e realizar metas que conseguiria com muito mais tempo", diz.

E quanto custa um caminhão? Juli explica que depende do modelo. Para exemplificar, ela conta que o caminhão usado como cenário para seu ensaio sensual custa em torno de R$ 1 milhão, somando o cavalo (cabeça) e a carreta, vendidas separadamente.

Ela é caminhoneira desde 2019, profissão que divide com o marido, Felipe Larrossa, de 32 anos, e chama atenção por ser uma mulher em uma profissão dominada por homens, além de adotar um visual sexy nas estradas Brasil afora.

"Quando surgiu a oportunidade de trabalhar com caminhão, minha sogra falou: 'Juliana, você não vai poder trabalhar com roupa justa e decote. Lá só tem homem'. E eu respondi: 'não, vou continuar usando as roupas que me fazem sentir bem'", relembra.

"Continuei com meu estilo. Algumas pessoas entendem e respeitam, mas a gente sente aquele olhar crítico e falinhas querendo diminuir o que a gente faz: 'Ah, será que essa menina vai conseguir manobrar?'. Há o julgamento de que a beleza não pode andar junto da capacidade. Que se uma mulher é bonita, ela não pode fazer coisas que um homem faz", reflete.

Miss Bumbum RS - Marlon Hochmann/Divulgação - Marlon Hochmann/Divulgação
Na primeira semana como produtora de conteúdo, Juli Figueiredó arrecadou mais do que juntava em um mês dirigindo
Imagem: Marlon Hochmann/Divulgação

Das estradas aos pedidos inusitados nas redes

Ao compartilhar o cotidiano dia da profissão nas redes sociais, ela diz que passou a ganhar seguidores curiosos organicamente. Até que um fã a aconselhou a produzir conteúdos sensuais. Então, após recebeu apoio do filho, Rodrigo Rodrigues, de 19, e dos familiares, começou a investir em fotos e vídeos para o Instagram e, na sequência, em plataformas como OnlyFans e Privacy.

"As pessoas têm curiosidade. Me destaco por mostrar quem eu sou. Trabalho com meu corpo, mas não é há falta de respeito. Se estou monetizando, não estou me desvalorizando. Lugar de mulher é onde ela quiser. Vou continuar no caminhão, sim, vão ter que me engolir. E vou continuar com os conteúdos que a galera adora: conteúdo na estrada, exibicionismo e a rotina da estrada. Isso é inédito", afirma.

Desde que começou a explorar a produção de conteúdo adulto, Juli passou a receber pedidos diferentes.

"Bem no início, recebi um pedido inusitado. O rapaz tinha fetiche de humilhação e queria que eu tirasse uma foto lambendo a tampa da privada. 'Te faço um pix de 2 mil agora e você me manda os vídeos', disse ele. Fiquei apavorada e respondi que não. Mas hoje em dia eu me pergunto: por que não aceitei e comprei uma tapa de privada nova?", relembra, aos risos.

Apesar de não ter realizado esse pedido, ela conta que já fez outros. "Pedem para ver sola dos pés na rodovia, sola dos pés pisando no acelerador, ver fazendo xixi na beira do acostamento. São coisas voltadas pro dia a dia da profissão", explica.

Machismo na profissão

Atualmente ela diminuiu o número de trabalhos na estrada para focar na preparação para o Miss Bumbum Brasil, que acontece em agosto, mas não pretende deixar de transportar carga. No entanto, ela não poderá voltar em uma das transportadoras das quais era cadastrada e prestava serviço. Segundo Juli, ela foi demitida após ganhar visibilidade com o Miss Bumbum.

"Um amigo me ligou dias atrás para dizer que iam me desligar dessa empresa. Então, peguei o telefone e liguei para ter certeza se não poderia mais carregar lá. A menina foi bem rude, debochada e me disse que o ensaio foi indecente, que eu estava desrespeitando a categoria. Como se o que eu estivesse fazendo fosse um insulto para eles", diz.

"Por um momento, me senti culpada, mas depois isso passou. Tive o apoio das pessoas que me seguem e da minha família. Isso não passa de preconceito e machismo. As pessoas não gostam de ver uma mulher se empoderar e dizer 'eu sou foda, eu posso chegar onde quero, independente da roupa que visto'", completa.

Fui mãe adolescente, passei por muita coisa forte. Por isso que hoje em dia não é qualquer coisa que me abala. Não vai ser uma demissão que vai me deixar sem chão. Dou a volta por cima e faço melhor.