Quem é Mia Mamede, capixaba campeã do Miss Universo Brasil 2022?
A primeira capixaba a ganhar o Miss Brasil que leva ao Miss Universo com a faixa de Miss Espírito Santo se chama Mia Mamede. Ela disputou a final com outras quatro candidatas e saiu grande vencedora após diversas etapas virtuais e confinamento em São Paulo.
O evento reuniu cerca de 200 convidados para um jantar exclusivo e a final foi transmitida na internet pelo YouTube e uma plataforma de streaming.
Quem é Mia Mamede?
Maria Eugênia Mamede, mais conhecida como Mia Mamede, nasceu em 24 outubro de 1995 e é capixaba natural de Vitória. Ainda criança ela teve que se mudar do estado devido aos trabalhos do pai e foi, segundo ela, "criada pelo mundo".
Aos 26 anos, são mais de 39 países visitados, sendo que ela estabeleceu residência em seis deles ao longo de 16 anos: Bahrein, China (Xangai), Emirados Árabes (Dubai), Espanha, França (Paris) e os Estados Unidos (Nova York).
"Morando fora eu percebi como o mundo ainda tem uma percepção equivocada e limitada do nosso país. Eu gostaria muito de ajudar a mudar isso. E aqui dentro mesmo no nosso país continental precisamos de apresentar mais dessa mistura das nossas culturas para formarmos cidadãos mais integrados e participativos da comunidade", afirma ela em entrevista a Splash.
Trajetória
Com tamanha bagagem cultural, hoje ela fala cinco idiomas na seguinte ordem de fluência: inglês (língua que foi alfabetizada), português (língua mãe), espanhol, francês e mandarim.
Sua passagem até vencer o Miss Brasil é resultado de toda sua formação, que começou ainda adolescente e passou por um concurso juvenil. Em 2012 ela venceu o Miss Dubai ao lado de outras jovens e seu contrato se limitou a acompanhar o mundo miss de fora. Ano passado ela apresentou o Miss Espírito Santo e neste ano foi convidada a representar o estado no Miss Brasil.
Antes de embarcar na carreira como miss, ela também foi modelo e fez campanhas para marcas conhecidas internacionalmente como Tiffany e Bonequinha de Luxo.
Seu currículo não para por aí, formada em Jornalismo Audiovisual e Socio-Economia pela Universidade de Nova York, ela possui especializações em TV e Cinema e em Atuação e Apresentação pela New York Film Academy. Foi como atriz que ela atuou em diversos curta-metragens, inclusive na China, e também esteve em musicais originais da Brodway a convite de um ex-professor.
Na televisão ela já passou pela Record News e Bandeirantes como estagiária, produtora e repórter. E tudo isso antes dos 21 anos de idade. Em 2019, ainda apresentou o réveillon de Copacabana ao lado do carnavalesco Milton Cunha. Parte da construção desse vasto currículo se deve aos privilégios que ela possui e a mesma reconhece isso, tendo sido inclusive o olhar para tal que a motivou voltar ao Brasil.
"A minha decisão de voltar para o Brasil foi muito baseada em reconhecer as oportunidades que eu tive. Gosto muito da frase em inglês 'give back', que a gente usa muito lá fora e quero utilizar aqui no Brasil, [que significa] 'dar de voltar'. É reconhecer as oportunidades que você teve e [ver] como essas oportunidades podem contribuir para a sociedade", conta ela, que é embaixadora da Fundação Beneficente Praia do Canto, em Vitória.
"Eu poderia continuar em Nova York trabalhando com TV e Cinema, mas eu [...] reconheci que a melhor forma de eu demonstrar minha gratidão pelas oportunidades que eu tive é trazer essas mesmas oportunidades para o maior número de pessoas", declara.
"Eu sei que não posso mandar o Brasil todo para estudar fora, mas sei que posso trazer esse conhecimento cultural para cá, porque muitas vezes acho que falta um pouco de conexão principalmente com a Ásia e a África. Noto que a gente sabe muito sobre os Estados Unidos, mas nem tanto do oriente. [...] Brinco que eu sou e quero ser uma ponte cultural entre o Brasil e o mundo. Não é ter vergonha das oportunidades [e privilégios], é como você pode usar elas da melhor forma e fazer o bem, ajudar o próximo", ressalta.
Como concilia o trabalho
Hoje a recém coroada Miss Brasil é dona da Mia Content House, sediada em Vitória. "Os meus estudos foram essenciais pra me dar um pensamento crítico e analítico pro papel diplomático que hoje a mulher tem. [...] Habilidades essenciais pra poder eu trabalhar onde eu trabalho hoje. Quando eu cheguei aos 21 anos na Globosat não tinha nem terminado a faculdade, o meu histórico, meu currículo era tão grande que eles me deram oportunidade de ser produtora chefe", conta.
"Eu já estudo, trabalho profissional e filantropicamente desde os meus 14 anos. Então conciliar tudo isso pra mim é o meu estado mais natural de maior prática. Me sinto bem assim. E acredito que essa também é a mulher moderna e dinâmica que temos hoje. Podemos ser tudo que queremos e um pouco mais. E a Miss Brasil, a Miss Universo Brasil moderna do século 21, tem que representar tudo isso também", acredita a capixaba.
"Eu trabalhava de graça nos finais de semana, nas minhas férias. Sempre que eu podia em vez de no verão ir pra praia eu preferia muito mais estar num escritório. E quando eu digo trabalhar sem remuneração é porque muitas vezes quando você busca remuneração, eles te dão um trabalho ali sabe repetitivo de todo dia que ninguém quer", diz a capixaba, entretanto, sem considerar que essa não é a realidade de todos.
Como lidar com haters?
Estar exposta na internet e, consequentemente, no mundo miss, é a candidata estar sujeita aos mais diversos tipos de comentários dos que elogiam, aos que podem ser bastante desagradáveis. Quando perguntada como lida com essas situações, Mia decidiu contar uma história de quando era criança.
Ela diz que quando era muito pequena, sua professora chamou toda turma de jacaré. "A gente começou a rir. É fácil fazer criança sorri, aí ela se fingiu de irritada e falou assim: 'por que que vocês estão rindo?'. A gente respondeu que era porque não somos jacarés".
"Aquele dia ela tentou nos ensinar e conseguiu com muita excelência nos explicar que as palavras dos haters, dos bullyings, da escola, da nossa vida, elas só iam nos atingir se nós acreditássemos nela", recorda.
"Então eu lido muito bem com as opiniões [sobre mim], porque eu sei com muita certeza quem eu sou. Eu sei quais são as fortalezas, as fraquezas, eu sei o que eu gosto e o que eu não gosto. Eu sei principalmente quais são os meus valores, qual a minha índole e eu sei porquê que eu entrei pro Mundo Miss, qual é o meu propósito profissional e filantrópico. Essa clareza me blinda de comentários negativos dos haters da internet", afirma.
Torcer como Copa do Mundo
Se um dia o Brasil já viveu sua era de ouro no mundo miss onde as pessoas torciam feito futebol, principalmente no período que antecede e pega o início da ditadura militar (1964-1985) que vai desde 1958 até 1972, com duas vitórias no Miss Universo (1963 e 1968), hoje esse cenário é diferente.
Ano passado, por exemplo, o país não contou sequer com transmissão oficial do Miss Universo e foi, coincidentemente, a primeira vez que não conseguiu se classificar no concurso desde 2011. Mia acredita que falta mais desse sentimento de apoio da população, para além dos fãs dos concursos.
"Acho que falta um pouco mais de apoio da população brasileira. Uma parcela maior do povo atrás apoiando, levantando, torcendo. Como hoje tem na Copa do Mundo. Imagina o brasileiro com toda essa energia, duzentos milhões de pessoas apoiando uma só mulher? Quando essa chave virar eu te digo que não vai ter mais pra outra [vencedora]. Vai ser Brasil no Miss Universo assim seguido", acredita.
Para isso, ela diz que já tem planos em mente para conseguir torcida no Miss Universo: "Eu tenho um plano, mas assim, um plano muito bolado. Que eu estou louca pra compartilhar, que eu acho que vai conseguir juntar [a população]. Pegar um pouco mais a população brasileira de volta, trazer de volta pro universo miss. Você sabe, né? Produtora, criadora, a gente nunca para de ficar pensando, dando ideias?", finaliza a Miss Brasil 2022.
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