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Como ser aliada do combate à Aids afetou a carreira de Sharon Stone?

Sharon Stone no Festival de Cinema de Cannes, em maio - Dominique Charriau/WireImage
Sharon Stone no Festival de Cinema de Cannes, em maio Imagem: Dominique Charriau/WireImage

De Splash, em São Paulo

08/12/2022 04h00

Na última sexta-feira, a atriz Sharon Stone, de 64 anos, afirmou que foi prejudicada na indústria do entretenimento após se tornar uma embaixadora da luta contra a Aids. A artista disse que passou oito anos sem trabalhar por se posicionar sobre a causa.

"Isso destruiu a minha carreira. Não trabalhei por oito anos. Disseram-me que se eu falasse 'camisinha' novamente qualquer verba seria removida. Fui ameaçada várias vezes, minha vida foi ameaçada e decidi que tinha que continuar mesmo assim", contou ela.

Mas como, de fato, ficou o currículo de Sharon Stone naquela época?

Em 1992, três anos antes de ser "boicotada", a atriz se tornou uma grande estrela de cinema com o sucesso de "Instinto Selvagem", filme que tem a famosa cena da "cruzada de pernas" em que Stone deixa suas partes íntimas à mostra.

Segundo ela, a escassez de trabalhos começou em 1995. Naquele ano, ela aceitou substituir Elizabeth Taylor na organização do baile de gala da amfAR (Fundação para a Pesquisa da Aids) em Cannes, na França. No entanto, a "fonte" da atriz não secou totalmente depois disso, diferentemente do que ela relatou.

Sharon Stone beija Robert De Niro no filme Cassino, de 1995 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Sharon Stone beija Robert De Niro no filme Cassino, de 1995
Imagem: Reprodução/Instagram

No ano seguinte ao baile, em 1996, Stone foi indicada pela primeira e única vez ao Oscar, na categoria Melhor Atriz Principal, por sua atuação no filme "Casino", lançado em 1995. Ela venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz pelo papel.

Ainda naquele ano, Sharon protagonizou dois filmes: o terror "Diabolique" e o drama "A Última Chance", ambos com baixa audiência nos cinemas e críticas negativas da mídia especializada. Já no ano seguinte, ela não teve nenhum projeto lançado.

Em 1998, a artista voltou às telonas com o filme de ficção científica "Esfera", a dublagem original de "Formiguinhaz" e o longa-metragem "Sempre Amigos", que lhe rendeu mais uma indicação ao Globo de Ouro, desta vez como atriz coadjuvante.

Entre outros projetos de menor relevância, a atriz foi prestigiada novamente por uma premiação em 1999, ao receber uma nova indicação ao Globo de Ouro pelo filme "A Musa". Ela foi uma das candidatas ao prêmio de "Melhor Atriz em Comédia ou Musical". A nomeação, porém, causou burburinho na mídia internacional. Isso porque o presidente do prêmio ordenou que os 82 membros da organização, que votavam nos indicados e vencedores, devolvessem relógios de luxo que ganharam da atriz, avaliados em até 395 dólares.

Stone continuou trabalhando até 2000, ainda que em papéis menores, sem o mesmo prestígio de "Instinto Selvagem" e das outras produções de que participou.

Em 2001, a atriz teve uma hemorragia no cérebro. Isso fez com que ela precisasse interromper seu trabalho na atuação: "Eu tinha 1% de chance de viver quando eu fiz a cirurgia. Eles só saberiam se eu sobreviveria um mês depois", disse, em entrevista à Variety em 2019.

Ela contou ainda que o problema de saúde fez com que ela "perdesse o lugar" em Hollywood.

Eu perdi tudo que eu tinha. Eu perdi meu lugar no show business. Eu era a estrela de cinema mais quente, sabe? Foi assim: eu e a princesa Diana éramos muito famosas. Ela morreu, e eu tive um derrame. E fomos esquecidas. Sharon Stone, em entrevista à revista Variety em 2019

Ela só voltou a trabalhar em 2003, oito anos depois de ter assumido uma posição na luta contra a Aids. Naquela época, ela atuou em filmes como "Garganta do Diabo" e "Mulher-Gato", em que encarnou a vilã oposta à heroína, interpretada por Halle Berry.

Apesar de dizer ter enfrentado prejuízos por seu apoio a amfAR, Stone trabalhou com a instituição por 25 anos. Depois de sete anos distante, ela voltou a apresentar o baile de gala da fundação em julho do ano passado.