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ANÁLISE

Lollapalooza pisa no freio e desacelera em segundo dia de festival

Público curte o sábado do Lollapalooza  - Mariana Pekin/Splash
Público curte o sábado do Lollapalooza Imagem: Mariana Pekin/Splash

Yolanda Reis

Colaboração para Splash, de São Paulo

26/03/2023 00h08

O segundo dia do Lollapalooza Brasil 2023 começou muito bem. Os shows estavam animados, o público chegou cedo e os gramados lotaram. Mas o festival pisou no freio no final da tarde, e deixou tudo tranquilo (até demais). A noite foi marcada com músicas calmas e apresentações contidas.

No sábado, o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, recebeu o público para um dia que misturava um pouco de rock e um pouco de indie. O sábado foi o primeiro dia a esgotar, porque seria o dia do Blink-182 apresentando o primeiro show da banda ao Brasil. A banda cancelou, e muita gente tentou vender os ingressos - ou foram só porque já tinham ingresso.

Apesar do cancelamento, os fãs do Blink puderam aproveitar bastante. Pitty, ícone da mesma geração da banda estadunidense, apresentou um show com vários clássicos e fez a plateia bem grande cantar em uníssono. No mesmo instante, Ludmilla se apresentava em outro palco. Fez um espetáculo, e viu o povo "com camiseta preta, de rock", como ela mesma comentou, cantando pagode com ela. E, sim, ela animou a plateia em um dia que não tinha mais ninguém no estilo musical dela.

A explosão de energia de Yungblud não entregou menos. O músico britânico veio ao Brasil pela primeira vez, e está apaixonado pelo país, como não cansou de falar no show. Ele pulou muito, foi para perto da plateia, pediu rodas de bate-cabeça, e fez uma apresentação contagiante, da maneira que apenas britânicos na casa dos 20 anos sabem fazer.

O Lolla estava vibrando no sábado, tradicionalmente o dia mais cheio e animado. Mas aí, pisou no freio

Os shows superanimados do começo da tarde, seguiram algumas apresentações bem mais calmas e tranquilas. Os shows de cantar e dançar deram lugares a apresentações de ouvir e apreciar a música. O que é, claro, um dos grandes objetivos de apresentações ao vivo - mas pareceu fugir da proposta do restante do lineup.

The 1975 e Tame Impala, que tocaram com o céu já escuro, serviram muito bem para acalmar ânimos, respirar, sentar um pouco e ficar ouvindo com atenção. As bandas são bastante sonoras, mas era nítido que o público não estava tão animado quanto nas apresentações anteriores. E fica o pensamento: não faria mais sentido inverter essa ordem?

Mesmo porque o fim da noite foi pensado para ser explosivo e animado. Isso se aplica quando queriam Blink-182 - porque o show deles é conhecido por ser cheio de brincadeiras bobas, músicas eletrizantes e hits animados.

Mas mesmo com a substituição, o encerramento do sábado ainda tinha a hipótese energizante: o Twenty One Pilots na terceira passagem pelo Lollapalooza Brasil, mostrou muito bem que não acreditam no conceito "show calmo". Literalmente subiram pelas paredes nas outras visitas, e não economizaram energia.

A verdade é que os shows do começo da noite foram tranquilos? Até demais. Fez a energia e o público pisarem no freio. Talvez fosse uma saída melhor colocá-los mais cedo, onde ouvidos mais atentos poderiam apreciar, e depois seguir uma linha de empolgação contínua.

O Lollapalooza Brasil 2023 termina neste domingo, 26. No último dia, o festival recebe Drake, Rosalía, Cigarretes After Sex e mais.