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Faustão ocupava 2º lugar na fila para transplante; 1º lugar recusou coração

Tiago Minervino

Colaboração para Splash, em São Paulo

27/08/2023 21h16

Fausto Silva, 73, ocupava o segundo lugar na fila de prioridade para transplante de coração, mas o apresentador conseguiu ser transplantado neste domingo (27) após a equipe transplantadora do paciente que ocupava o topo da lista recusar o órgão. As informações são da Central de Transplantes do Estado de São Paulo.

Segundo a Central, o coração foi doado durante a madrugada deste domingo. O sistema informatizado da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo localizou 12 pacientes que atendiam aos requisitos para o transplante, dos quais quatro apareciam como prioritários —Fausto em segundo.

O órgão foi ofertado ao paciente que ocupava o topo, mas a equipe transplantadora do paciente recusou o coração — a secretaria não informou o porquê da recusa. Vale destacar que recusas podem acontecer por potenciais incompatibilidade entre receptor e doador.

"A seleção gerada para a oferta do coração deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda posição nesta seleção", diz a Central.

A central também informou que o tempo de espera para transplante cardíaco para receptores do grupo sanguíneo B, que é o caso de Faustão, é de um a três meses. Entretanto, pacientes com quadro grave de saúde, a exemplo do apresentador, têm reduzido significativamente o tempo de espera devido ao risco de morte.

A explicação do transplante de Faustão acontece concomitantemente com comentários em redes sociais questionando a rapidez com que o apresentador havia conseguido o coração. "Ser rico deve ser muito bom", escreveu um usuário, enquanto outro postou: "Nunca duvide do poder de compra de um bilionário".

Em resposta a essas mensagens, João Guilherme, filho do apresentador, republicou postagem do amigo, Enzo Celulari: "1 - Seguimos em oração pela rápida recuperação do nosso querido Fausto após a realização do transplante bem-sucedido. 2 - Informem-se antes de julgar".

O anúncio da inclusão de Faustão na fila do SUS por transplante de coração foi feito há sete dias, em 20 de agosto.

Faustão transplantado

Internado desde 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Fausto Silva fez cirurgia para receber o novo coração em 27 de agosto. O apresentador estava em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração, o que lhe colocou na lista de prioridades.

"O procedimento foi realizado com sucesso e Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição", Hospital Albert Einstein.

Segundo o Einstein, a Central de Transplantes do Estado de São Paulo contatou o hospital na madrugada deste domingo para informar sobre o coração para ser transplantado no apresentador. Após a avaliação de compatibilidade do órgão, a cirurgia foi realizada e durou cerca de 2h30.

Procurados, Luciana, que é mulher de Faustão e, João Guilherme, filho do apresentador, afirmam que não vão se pronunciar neste momento.

A reportagem questionou o Hospital Albert Einstein sobre a cidade e estado de onde veio o órgão e também se há riscos após a cirurgia. O hospital afirmou que, por enquanto, só poderia informar o que fora divulgado no boletim médico. O hospital afirmou ainda que não tinha outras informações a passar após ser questionado que o doador de Faustão teria sido um homem de 35 anos.

Após a cirurgia, o Ministério da Saúde explicou que Faustão era um paciente prioritário para transplante devido à gravidade do caso. Segundo a pasta, entre os dias 19 e 26 de agosto 11 pessoas passaram por transplantes de coração no país, sendo que sete foram em São Paulo, estado que concentra o maior número de transplantes no Brasil.

O Ministério da Saúde também afirmou que a lista de espera para transplantes é a mesma tanto na rede pública quanto na privada. A ordem de preferência obedece a critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados.

Como funciona a doação?

No Brasil, a doação de coração depende exclusivamente da autorização dos familiares de uma pessoa com morte encefálica. A morte encefálica é definida como "morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas", ou seja, é permanente é irreversível, segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).

Uma das dificuldades para o transplante do coração está justamente na decisão da família do doador. O índice de rejeição à doação de órgãos no país é historicamente alto: 43%, segundo o Ministério da Saúde.

Um único doador morto pode salvar mais de oito vidas. É possível doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

Exames obrigatórios. Uma vez autorizada a doação, é realizada uma coleta de sangue para a análise da presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose. Depois das avaliações, o doador é encaminhado para a cirurgia de retirada de órgãos.

Entenda mais sobre os critérios para doação de órgãos

Para o transplante ocorrer, o médico precisa cadastrar o paciente na lista única, que é totalmente controlada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, os dados inseridos na fila não identificam quem são os pacientes de meio particular ou da rede pública.

Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS, mas pacientes que quiserem podem realizar o procedimento na rede particular, com seu médico de preferência. Independentemente da escolha, a captação do órgão continua sendo feita pela rede pública.

"A fila de transplante é uma fila comum, independentemente se o paciente entrou nela pelo SUS ou pelo convênio. Há critérios bem definidos para determinar quando chegará a vez do paciente. O critério-base é o tempo de fila. Porém, há algumas situações nas quais o paciente não consegue esperar e precisa passar na frente, sempre por gravidade". Guilherme Viganó, médico cardiologista.

A doação de alguns órgãos pode ser feita por um doador vivo, mas a maioria vem apenas de uma pessoa já morta. Neste caso, a família do possível doador deve autorizar o procedimento.

Após a autorização, é realizado exame de sangue para detectar presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose, além dos exames gerais de avaliação do fígado e rins principalmente.

A doação também é descartada com a presença de alguns tipos de tumores malignos, doenças infecciosas graves e doenças infectocontagiosas.

Apenas depois da confirmação de que os órgãos estão saudáveis, o doador é encaminhado para cirurgia de captação.

Em vida, uma pessoa pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado e parte do pulmão (em situações excepcionais).

Já um doador falecido pode ajudar mais de oito pessoas, doando coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

A lista registrada pelo SUS segue ordem cronológica de inscrição, mas existem outros critérios além do tempo de fila, como a gravidade do caso e compatibilidade sanguínea e genética com o doador.

Quando um órgão é doado, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e vai à lista de espera para selecionar os pacientes mais compatíveis.

Os critérios de desempate são diferentes de acordo com o tipo de órgão ou tecido.

Crianças também têm prioridade.

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