Novo coração de Faustão: transplante tinha curto prazo, diz médico

O médico Gustavo Fernandes Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), explicou que a cirurgia de transplante de Faustão demonstra que o sistema de transplante no Brasil funciona. Ele recebeu um novo órgão hoje à tarde em uma cirurgia que durou quase 3 horas, segundo confirmou o hospital Albert Einstein.

"Ele [sistema], seguramente, tinha tem seus critérios de elegibilidade, muito bem regulados e transparentes pelo Ministério da Saúde, fazendo com que ele tenha tido essa oportunidade. Uma família disse 'sim' para essa doação e Fausto Silva teve a oportunidade de ser contemplado e continuar vivendo, demonstrando mais uma vez que é um dos programas mais desenvolvidos do mundo na atividade de transplante", disse ele em entrevista para a GloboNews.

Ferreira disse ainda que toda a doação no Brasil, independentemente do órgão, é sempre feita a captação no local do diagnóstico da morte encefálica daquele paciente. "Toda a equipe de transplante é deslocada até o local onde foi feito o diagnóstico e a autorização pela família. Ali é feita a cirurgia de captação dos órgãos e são transferidos para o local onde estão os receptores. "

O médico explicou também sobre o tempo para que a cirurgia de transplante de coração seja realizada. "O coração tem um tempo curto, ente quatro e seis horas, chamado de tempo de isquemia fria, que é o tempo de retirada do órgão e o implante do órgão no receptor (colocar o órgão realmente funcionado). O rim tem um tempo mais longo e o fígado entre o coração e o rim, ou seja, cada órgão tem a suas particularidades de tempo."

O apresentador está internado desde o dia 5 de agosto no hospital para tratamento de insuficiência cardíaca. Faustão estava em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração. O quadro de saúde do apresentador o colocava como prioridade na fila de transplantes.

Como funciona a doação?

No Brasil, a doação de coração depende exclusivamente da autorização dos familiares de uma pessoa com morte encefálica. A morte encefálica é definida como "morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas", ou seja, é permanente é irreversível, segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).

Uma das dificuldades para o transplante do coração está justamente na decisão da família do doador. O índice de rejeição à doação de órgãos no país é historicamente alto: 43%, segundo o Ministério da Saúde.

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Um único doador morto pode salvar mais de oito vidas. É possível doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

Exames obrigatórios. Uma vez autorizada a doação, é realizada uma coleta de sangue para a análise da presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose. Depois das avaliações, o doador é encaminhado para a cirurgia de retirada de órgãos.

Entenda mais sobre os critérios para doação de órgãos

Para o transplante ocorrer, o médico precisa cadastrar o paciente na lista única, que é totalmente controlada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, os dados inseridos na fila não identificam quem são os pacientes de meio particular ou da rede pública.

Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS, mas pacientes que quiserem podem realizar o procedimento na rede particular, com seu médico de preferência. Independentemente da escolha, a captação do órgão continua sendo feita pela rede pública.

"A fila de transplante é uma fila comum, independentemente se o paciente entrou nela pelo SUS ou pelo convênio. Há critérios bem definidos para determinar quando chegará a vez do paciente. O critério-base é o tempo de fila. Porém, há algumas situações nas quais o paciente não consegue esperar e precisa passar na frente, sempre por gravidade". Guilherme Viganó, médico cardiologista.

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A doação de alguns órgãos pode ser feita por um doador vivo, mas a maioria vem apenas de uma pessoa já morta. Neste caso, a família do possível doador deve autorizar o procedimento.

Após a autorização, é realizado exame de sangue para detectar presença de anticorpos do HIV, hepatite B e C, HTLV, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus e toxoplasmose, além dos exames gerais de avaliação do fígado e rins principalmente.

A doação também é descartada com a presença de alguns tipos de tumores malignos, doenças infecciosas graves e doenças infectocontagiosas.

Apenas depois da confirmação de que os órgãos estão saudáveis, o doador é encaminhado para cirurgia de captação.

Em vida, uma pessoa pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado e parte do pulmão (em situações excepcionais).

Já um doador falecido pode ajudar mais de oito pessoas, doando coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

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A lista registrada pelo SUS segue ordem cronológica de inscrição, mas existem outros critérios além do tempo de fila, como a gravidade do caso e compatibilidade sanguínea e genética com o doador.

Quando um órgão é doado, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e vai à lista de espera para selecionar os pacientes mais compatíveis.

Os critérios de desempate são diferentes de acordo com o tipo de órgão ou tecido.

Crianças também têm prioridade.

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