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Elo entre gerações, "Tales of Zestiria" tem lutas ágeis e história imersiva

Clichê básico: Sorey e seus amigos embarcam uma aventura para eliminar a malevolência do mundo - Divulgação
Clichê básico: Sorey e seus amigos embarcam uma aventura para eliminar a malevolência do mundo Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Do Gamehall

27/01/2016 13h03

No período de transição entre gerações de videogames, é comum que jogos sejam lançados tanto para as plataformas antigas quanto para as novas. Essa estratégia, porém, frequentemente gera um inconveniente: ou a versão para os consoles antigos acabam sendo "capadas" (vide "Call of Duty: Black Ops III") ou a variante para as novas plataformas fica com um ar de game antigo.

Não é o caso, felizmente, de "Tales of Zestiria". Avaliado por UOL Jogos no PlayStation 4, o game possui um ótimo apuro técnico e, ainda que não explore todo o potencial do console da Sony, passa longe de parecer uma mera conversão. Lançado para o atual videogame da Sony e também para PC em outubro de 2015,o game chegou originalmente ao PlayStation 3 no começo de 2015.

Nota - Tales of Zestiria - Montagem/UOL - Montagem/UOL
Imagem: Montagem/UOL

"Zestiria" é o 15° jogo da série "Tales of", que teve início em 1995 com "Tales of Phantasia", jogo que saiu apenas no Japão. Este game, em específico, também apareceu posteriormente em PlayStation, Game Boy Advance, PSP e celulares, sendo que a versão para o portátil da Nintendo foi a primeira a trazer a série para o Ocidente, em 2006.

Episódios independentes

Assim como a maioria dos jogos da série (exceção feita a "Tales of Destiny" e "Tales of Xillia", que ganharam sequência), "Tales of Zestiria" é um episódio independente do restante da franquia. "Zestiria" faz referência à palavra em inglês "zest", que pode ser traduzida como "entusiasmo". Não à toa, a trama gira em torno do jovem Sorey, um dos poucos humanos capazes de enxergar e interagir com os chamados serafins, espécie de entidades sobrenaturais.

Dono de um entusiasmo único, Sorey embarca em uma jornada para se tornar o novo Pastor, título dado na realidade do game a quem tem a missão de livrar o mundo da malevolência e reestabelecer a ligação entre humanos e serafins. No decorrer da história, há o velho clichê: Sorey reúne um grupo de serafins, além de outros personagens humanos, que fazem uma espécie de contrato para conceder poderes ao protagonista e também aprimorar suas habilidades.

Os clichês, contudo, terminam aí. A história de "Tales of Zestiria" se apresenta em um ritmo crescente até o desfecho. É comum que em jogos longos - são necessárias entre 40 e 50 horas para terminar o game - a narrativa atinja o ápice antes do fim. Felizmente, este RPG não padece desse mal, mantendo o jogador preso até o fim. E, uma boa notícia para os brasileiros: todos os textos do jogo, incluindo legendas para os diálogos, estão em português.

Explosão de cores

Os gráficos de "Tales of Zestiria" lembram os de desenhos animados (o famoso cel shading) e o resultado disso é uma explosão de cores nos cenários. O visual lembra um pouco o de outros jogos um pouco mais antigos, como "Rogue Galaxy" - lançado originalmente para PlayStation 2 e disponível para PS4 -, especialmente dentro de cidades.

Protagonistas, inimigos e cenários são bem feitos e detalhados, ainda que algumas texturas, como as dos arbustos, parecem ficar "em dúvida" se são 2D ou 3D. Há também cenas de corte animadas, muito bem feitas.

O ponto baixo fica para as ruínas e cavernas que precisam ser exploradas pelo jogador. Estas têm um design um tanto repetitivo e isso, por vezes, gera confusão: com corredores tão parecidos, é comum se perder durante a exploração. Até por isso, talvez, o jogo marque no mapa o local de onde você veio. É uma medida paliativa, porém, útil.

Complexidade na hora de lutar

Esqueça as horas gastas dividindo pontos de habilidade em atributos distintos cada vez que um personagem sobe de nível. "Tales of Zestiria" segue os RPGs japoneses mais tradicionais nesse quesito e, a cada nível, os personagens ficam mais fortes automaticamente. A personalização fica por conta dos equipamentos, que além de atributos típicos como ataque e defesa, também carregam determinadas habilidades que, quando combinadas, garantem alguns bônus, como resistência a determinado elemento, carregamento mais rápido da barra de ação, entre outros. Equipamentos idênticos também podem ser combinados entre si, resultando em versões aprimoradas.

Já o sistema de luta, variante do chamado "Linear Motion Battle System", exige alguma prática para ser dominado. Em uma luta, o jogador pode movimentar o personagem controlado em uma espécie de arena circular - o game realiza uma transição suave entre o mapa do jogo, no qual é possível ver os inimigos, e o modo de batalha.

Nessa hora, o grupo do jogador conta com quatro integrantes na tela - um deles, inclusive, pode ser controlado por um segundo jogador. Os personagens que estão em modo automático têm seu comportamento definido previamente pelo jogador, além de poderem receber ordens durante a luta, o que funciona apenas de maneira razoável e às vezes pode levar seu grupo a passar por dificuldades desnecessárias. O posicionamento da câmera é automático e, às vezes, acaba incomodando um pouco por ficar em ângulos inconvenientes, mesmo com a possibilidade de mudar levemente seu posicionamento.  

Nas batalhas, o jogador precisa administrar sua barra de ação - que é consumida a cada ataque e se regenera sempre que não for realizada nenhuma ação. Os humanos do grupo têm dois tipos de ataque comuns, as Ars Marciais (desferidas com o "O") e as Ars Ocultas (utilizadas com o "X") - no caso dos serafins do grupo, essas últimas são chamadas de Ars Seráficas. Com elas, é possível montar combos de até quatro acertos. Há ainda as "Ars Místicas", um superataque que é desbloqueado no decorrer do jogo e depende do chamado "Medidor de Explosão" para funcionar.

Posteriormente, é possível fundir os personagens humanos com os serafins que integram o grupo, a chamada "Armatização". Além de mudar o visual dos humanos, essa forma concede novos e mais fortes poderes, baseados no elemento do serafim escolhido. Nesse modo, o combo máximo passa a ser de três ações, porém os ataques são mais potentes. 

Convém observar que cada Ars tem propriedades únicas e são efetivas contra determinados tipos de oponentes. Há golpes que carregam elementos, outros que funcionam melhor contra uma classe de inimigo. É recomendada atenção especial para utilizar golpes que exploram as fraquezas inimigas sempre que possível, o que garante que os acertos decorrentes se transformem em golpes críticos. Quando dominado, o sistema de "Tales of Zestiria" acaba se tornando intuitivo e bastante divertido.

Convite à aventura

Ainda que não cause o mesmo furor de outras séries de RPGs japoneses como "Final Fantasy" e "Dragon Quest", com seu 15° jogo a série "Tales of" mostra uma evolução interessante. E, além disso, com uma boa recepção do público, uma vez que ela está prevista para continuar com "Tales of Berseria", jogo que se passará no mesmo mundo de "Zestiria" e deverá chegar ao Japão ainda em 2016, novamente para PlayStation 3, PlayStation 4 e PC.

"Tales of Zestiria" é capaz de divertir por dezenas de horas com sua história e personagens carismáticos, além de agradar tanto jogadores mais casuais quanto os mais aplicados com seu sistema de batalha. Para os fãs do estilo, é recomendação certa.