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Remake enfim faz de "Odin Sphere" tão bom quanto seus gráficos

Incrível direção de arte agora é apenas mais um dos pontos positivos do game - Divulgação
Incrível direção de arte agora é apenas mais um dos pontos positivos do game Imagem: Divulgação

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

03/06/2016 13h07

Além da beleza, agora "Odin Sphere" também tem conteúdo de qualidade.

Lançado originalmente para o PlayStation 2 em 2007, o game reimaginava a mitologia nórdica como um impressionante RPG de ação bidimensional, que ousava com mecânicas de progressão incomuns e uma narrativa inovadora ao mesmo tempo que decepcionava com excesso de burocracia e uma performance terrível.

Quase dez anos depois, o remake "Leifthrasir" é o jogo que o original almejava ser. A experiência obtida pela produtora Vanillaware em projetos como "Dragon's Crown" e "Muramasa" a permitiu revisitar o game e eliminar, um por um, todos os problemas de execução que o impediram de brilhar na década passada.

O resultado é um game polido ao extremo, que desafia com um sistema de combates fácil de entender mas difícil de dominar. Mesmo sendo uma experiência 'requentada', "Leifthrasir" certamente está entre os melhores RPGs e jogos de ação da geração até agora.

Veja o belo "Odin Sphere: Leifthrasir" em ação

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A história de "Odin Sphere" começa nos restos da terra de Valentine - uma antiga nação hoje devastada pela guerra entre dois reinos vizinhos. A valquíria Gwendolyn herda de sua falecida irmã uma lança Psypher, capaz de absorver e utilizar as almas dos mortos como arma, e então parte em uma jornada repleta de batalhas.

Nota de Odin Sphere Leifthrasir - Montagem/UOL - Montagem/UOL
O game foi testado no PlayStation 4
Imagem: Montagem/UOL

O jogo apresenta Gwendolyn como sua protagonista - mas logo a narrativa de "Odin Sphere" toma uma curva inesperada ao mudar de perspectiva. Na verdade, o game conta sua história através dos olhos de cinco personagens, cada um com suas próprias motivações e habiidades. Eventos que parecem transcorrer de uma certa forma em um primeiro momento ganham novas cores mais tarde quando revisitados sob outra perspectiva.

Além de render uma história envolvente, esse rodízio entre cinco personagens traz também uma enorme variedade à ação. Gwendolyn é capaz de planar pelo cenário e golpear com sua lança, por exemplo; já a bruxa Velvet tem mais alcance com suas feitiçarias, mas fica mais presa ao chão. O jogador precisa adaptar suas técnicas de combate a cada um dos personagens - o que evita a repetitividade.

Como se não bastasse, além de um enorme arsenal de ataques comuns e especiais, cada herói ainda tem acesso a magias e a itens de combate criados através de um intuitivo sistema de alquimia. Bolar novas e complexas maneiras de derrotar inimigos é um processo extremamente divertido e recompensante. A sensação de acertar combos que alcançam a casa das centenas de golpes consecutivos lembra aqueles momentos em que você prende seu amigo na parede no "Street Fighter".

Os conceitos de história e combate elogiados nos parágrafos acima já existiam no "Odin Sphere" original, mas nunca tinham virado realidade da forma ideal até "Leifthrasir".

Pegue o sistema de alquimia como exemplo: antes confuso e tedioso, agora ele brilha ao inspirar a criatividade do jogador por mudanças em sua interface, que aceleraram o processo de criar e usar novos itens. O remake otimiza todas as boas ideias que a Vanillaware teve em 2007, mas que não foram executadas com precisão na época.

Outra melhoria marcante é em relação à performance. O PlayStation 2 era incapaz de reproduzir os combates mais intensos do game sem que a imagem ficasse praticamente em câmera lenta. Já o PlayStation 4 destaca a beleza da arte de George Kamitami em movimento a quase constantes 60 quadros por segundo.

"Odin Sphere: Leifthrasir" é obrigatório para fãs de "Dragon's Crown" e "Muramasa", e também para todos os jogadores que tiveram interesse o suficiente para testar "Odin Sphere" no PS2 - mesmo aqueles que não gostaram do game na época. A Vanillaware dá uma verdadeira aula de como se faz um remake de qualidade.