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Chega de "consolo": mulheres entram na indústria do sextech para revolucionar vibradores

Stephanie Alys, chefe do escritório de prazer da marca "Mystery Vibe", de brinquedos sexuais de luxo, posa com os modelos Crescendo (d) e Tenuto (e) - Patricia de Melo Moreira/AFP
Stephanie Alys, chefe do escritório de prazer da marca "Mystery Vibe", de brinquedos sexuais de luxo, posa com os modelos Crescendo (d) e Tenuto (e) Imagem: Patricia de Melo Moreira/AFP

Em Lisboa

14/11/2018 04h00

Mulheres empreendedoras criam novas empresas para diferenciarem-se na nascente indústria do "sextech", com a fabricação de vibradores conectados e outros brinquedos sexuais tecnológicos projetados por e para o gênero feminino.

Os brinquedos sexuais criados por homens costumam ser pensados com a ideia, frequentemente equivocada, dos homens sobre o que satisfaz sexualmente as mulheres, explica Stephanie Alys, cofundadora da MysteryVibe, que projetou o vibrador chamado Crescendo.

"Por este motivo, há muitas mulheres que criam os produtos que desejam para elas mesmas", assegurou Alys à AFP durante a Web Summit, a feira anual da economia digital, que reúne milhares de empresários e investidores e que foi celebrado de segunda a quinta-feira em Lisboa.

Diferentemente da maioria de vibradores que imitam a forma do sexo masculino, o Crescendo é flexível para ajustar-se melhor à forma da vagina e vibra em diferentes pontos.

Pode ser conectado a um aplicativo que modula o ritmo de vibrações e que foi baixado por 500 mil pessoas, explica Alys, que coordena "um coletivo de empresárias da indústria sextech formado por cerca de 50 de mulheres em Londres".

A empresa londrina MysteryVibe já causou sensação com a apresentação de seu primeiro vibrador tecnológico, que a usuária pode controlar com um aplicativo móvel.

Coberto de veludo, este objeto sexual é maleável e dispõe de seis motores vibradores, um deles na ponta. 

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"Saúde e bem-estar"

A Dame Products, uma empresa criada em Nova York por duas mulheres, criou o pequeno Fin, que pode ser apertado com dois dedos, e o Eva, que "se sustenta nos lábios genitais", afirma Alexandra Fine, cofundadora da Dame Products.

"As mulheres adoram saber que esses brinquedos foram projetados por outras mulheres", assegura à AFP Fine, que participou de um debate no Web Summit em que só participaram mulheres.

Segundo o site de análises de mercado Statista, o setor dos brinquedos sexuais pode alcançar o valor mundial de 29 bilhões de dólares em 2020.

As empresas de brinquedos sexuais idealizados por mulheres não se diferenciam somente por seus produtos, mas também pelas campanhas de publicidade.

"Pôr imagens de uma mulher sexy em uma caixa não me faz sentir sexy, na verdade me incomoda", reconhece a criadora da Dame Products.

Esta empresa prefere colocar seus produtos na categoria de "saúde e bem-estar" com o objetivo de que em uma loja estejam "na mesma estante que uma vela aromática ou uma escova de dentes".

"As mulheres temem por sua reputação quando compram brinquedos sexuais", afirma Polly Rodriguez, que fundou em Nova York a associação "Women of Sex Tech", que reúne 70 mulheres designers de brinquedos sexuais.

No entanto, Rodriguez afirma estar muito surpresa pela reação positiva das pessoas quando explica que participou da fundação da Unbound Babes, que comercializa 75 produtos sexuais.

"Estou adorando fabricar produtos que são bonitos, acessíveis e que, de certa forma, questionam o patriarcado", conclui Rodriguez.