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Russos derrubam antenas de 3G na Ucrânia, mas acabam sem sinal de celular

Colaboração para Tilt, do Rio de Janeiro

11/03/2022 19h11Atualizada em 14/03/2022 16h53

Após derrubarem diversas antenas de 3G na Ucrânia, militares russos ficaram sem sinal de telefonia e acabaram hackeados. A informação foi divulgada na última segunda-feira (7) pelo jornalista Christo Grozev, da organização de jornalismo investigativo Bellingcat.

De acordo com Grozev, que publicou uma série de tuítes explicando a situação, essa interceptação foi possível porque os celulares criptografados usados até então pelos russos necessitavam justamente de comunicação 3G para funcionar.

Para entrar em contato com suas bases militares, os combatentes da Rússia haviam montado uma rede criptografada dentro da própria rede ucraniana, chamada "rede Era". Quando as torres foram derrubadas durante a guerra, o funcionamento dos seus telefones foi abalado.

Após a queda das antenas, para manter contato com as bases militares, os soldados da Rússia precisaram, então, recorrer a telefones e walkie talkies comuns, sem uso de criptografia. Foi a partir dessa brecha na segurança, segundo Grozev, que agentes de inteligência ucraniana conseguiram acesso a conversas de vários combatentes russos.

"Os idiotas tentaram usar os celulares criptografados Era em Kharviv depois de destruir várias torres de 3G e substituí-las por stingrays", escreveu Grozev em um de seus tuítes. Os stingrays são ferramentas que simulam redes de Internet e que, comumente utilizados para vigilância, permitem a interceptação de dados dos dispositivos conectados a elas.

3G da Ucrânia era importante para os russos

Ainda de acordo com Grozev, o conteúdo de uma dessas conversas revelou que, por causa da derrubada dessas antenas, os russos perderam acesso a todos os seus dispositivos de comunicação segura. Isso porque todos eles eram mantidos pelo sistema de criptografia Era, que foi introduzido pelo Ministério da Defesa da Rússia em 2021.

"O [sistema] Era precisa de 3G/4G para se comunicar. Os militares russos estão equipados de telefones seguros que não funcionam nas áreas em que eles estão", escreveu Grozev.

Até esse ataque, os militares da Rússia não haviam ainda derrubado torres de comunicação 3G na Ucrânia. A situação vai ao encontro da tese do diretor do programa de tecnologias estratégicas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, James Lewis.

Ao jornal europeu Politico, ele explicou que os russos ainda não teriam derrubado torres de telefonia da Ucrânia provavelmente porque, além de utilizá-las para interceptar os telefones dos ucranianos, estariam também fazendo uso dessas comunicações.

"Em geral, eles [os russos] vão querer manter os celulares funcionando em Kyiv porque [aí] podem escutá-los", o especialista disse ao Politico ainda na segunda-feira.

Também segundo o jornalista da Bellingcat, foi por intermédio dessa interceptação que foi revelada pela inteligência ucraniana a morte de mais um general russo, o Major Vitaly Gerassimov. O militar foi o segundo combatente russo deste escalão a perder a vida durante o confronto.