Após guerra, Alemanha recomenda desinstalação de antivírus de empresa russa
A Agência Nacional de Segurança da Informação da Alemanha, conhecida como BSI, aconselhou os cidadãos do país a removerem de seus computadores o antivírus da empresa de segurança online Kaspersky. O motivo é que, como o software é fabricado por uma companhia russa, ele poderia ser usado como arma cibernética pelo governo de Vladimir Putin conforme o conflito com a Ucrânia e sanções de países como EUA e da União Europeia crescem.
"O BSI recomenda a substituição de aplicativos do portfólio de software de proteção contra vírus da Kaspersky por produtos alternativos", disse em comunicado, oficializado na terça-feira (15). Segundo o documento, a Alemanha acredita correr um risco significativo de ataques cibernéticos "com consequências de longo alcance".
"Um fabricante russo de TI pode realizar operações ofensivas por conta própria, ser forçado a atacar sistemas-alvo contra sua própria vontade, ser espionado sem seu conhecimento como vítima de uma operação cibernética ou ser usado indevidamente como ferramenta para ataques contra seus próprios clientes", explica um FAQ do BSI (em alemão) publicado por meio da assessoria de imprensa da agência.
Sobre as medidas a serem tomadas por usuários, empresas e outras organizações que fazem uso do software, a agência alemã recomenda, se necessário, consultar os prestadores de serviços de segurança de TI certificados por eles.
"As empresas e outras organizações devem planejar e implementar cuidadosamente a substituição de componentes essenciais de sua infraestrutura de segurança de TI . Se os produtos de segurança de TI e, em particular, o software de proteção contra vírus forem desligados sem preparação, pode-se ficar vulnerável a ataques da Internet. A mudança para outros produtos está associada a perdas temporárias de conforto, funcionalidade e segurança", destaca o documento.
O que a Kaspersky diz
A empresa Kaspersky foi fundada na Rússia em 1997 e é conhecida mundialmente como uma das principais fornecedoras de sistemas no ramo de segurança cibernética e antivírus.
Em resposta à recomendação do órgão alemão, a companhia afirma que a decisão foi feita "por motivos políticos" e que a empresa "como uma entidade privada, não tem ligação com o governo russo ou nenhum outro governo".
"Acreditamos que o diálogo pacífico é o único instrumento possível para resolver conflitos", acrescentou o comunicado da Kaspersky. "A guerra não é boa para ninguém."
A fabricante afirmou já trabalhar em parceria com a agência BSI para esclarecer o assunto e solicitar uma revisão desse posicionamento e outras preocupações regulatórias dos órgãos competentes.
Além disso, a companhia destacou que a infraestrutura de processamento de dados está localizada na Suíça desde 2018. E desde então, arquivos maliciosos e suspeitos compartilhados de forma voluntária pelos clientes dos produtos da Kaspersky na Alemanha são processados nos dois data centers de Zurich.
"Somos gratos aos nossos clientes alemães por sua escolha contínua da @kaspersky e continuaremos a protegê-los de ameaças, independentemente da origem", publicou Eugene Kaspersky, presidente-executivo da empresa, no Twitter.
O braço da empresa no Brasil foi procurado por Tilt e a companhia, em nota, reforçou que a decisão do órgão alemão "não está baseada em uma avaliação técnica dos produtos Kaspersky".
"A Kaspersky é uma companhia global e privada de cibersegurança e, como uma entidade privada, não tem ligação com o governo russo ou nenhum outro governo", diz o texto.
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