Em Doha, ministra brasileira pede doação de países ricos
A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, elevou na quarta-feira (5) o tom de cobrança para os demais ministros presentes na COP 18, a Conferência do Clima das ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em Doha (Catar) até o fim de semana. Em uma rodada informal convocada pela presidência da cúpula para tratar de ambição, ela pediu investimento dos países desenvolvidos e transparência no que estão fazendo.
"Os meios de implementação para os países em desenvolvimento são cruciais. Eles estão enfrentando mudanças climáticas essencialmente com seus próprios recursos e não deveriam ser colocados na situação de ter de escolher entre lidar com o clima ou com outros desafios econômicos e sociais críticos", disse. Por outro lado, complementou, "os meios de implementação dos países desenvolvidos para cumprir seus próprios compromissos [de reduzir e doar] e esforços nacionais também não estão claros."
Logo depois, em plenária aberta aos participantes, solicitou que os países aprovassem o segundo período do Protocolo de Kyoto, que disse ser a principal tarefa desta COP. "É o nosso maior trunfo para garantir um forte regime contra as mudanças climáticas. É o que vai garantir a continuidade de um sistema multilateral, baseado em regras que asseguram a integridade ambiental de mitigação dos países desenvolvidos sob o protocolo", disse.
Em discurso de oito minutos, Izabella tentou mostrar os esforços que o Brasil vem fazendo para atingir a meta de reduzir as emissões em pelo menos 36% em relação a um cenário tendencial projetado para as emissões em 2020.
Destacou a redução do desmatamento de 83% desde 2004 e outras ações relativas à proteção da floresta. Mas reafirmou que, apesar das ações domésticas, é preciso vir dinheiro de fora para manter os projetos de mitigação e adaptação.
"Esse esforço nacional não elimina nem minimiza a necessidade de que a fonte dos financiamentos que apoiam as ações de países em desenvolvimento na área de mudança climática sejam os mecanismos de ajuda oficiais de países desenvolvidos", disse.
Custo
Para reduzir ainda mais a taxa de desmatamento e mantê-la baixa é preciso investir no desenvolvimento sustentável da região. "Cumprir as metas voluntárias, sair do ‘business as usual’, tem custo. É preciso ter meios de implementação para fazer e manter essa redução", disse depois, a jornalistas brasileiros. "Tem havido uma inversão da pauta. Os países desenvolvidos deveriam estar liderando, mas são os em desenvolvimento que estão.
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