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Animal mais resistente do mundo se transforma em vidro para sobreviver

Eye Of Science/SPL
Imagem: Eye Of Science/SPL

Do UOL, em São Paulo

17/03/2017 11h28

Chamado de urso d’água e conhecido por ser quase imortal, o tardigrado (Ramazzottius variornatus) vive em diferentes ambientes aquáticos, mas também pode sobreviver a períodos de seca. Agora os cientistas sabem o motivo.

O animal microscópico, de 1,5 milímetro de comprimento é resistente a água fervente e quase ao zero absoluto, ele também pode viver na terra e até ficar adormecido por anos quando desidratado. De tão especial, se tornou alvo de diversos estudos, incluindo como sobreviver a anos de desidratação completa.

Para realizar esse ato notável, o animal usa proteínas específicas chamadas de TDPs (proteínas intrinsecamente desordenadas). Quando existe água em volta, as proteínas são gelatinosas, mas quando eles estão secos elas se transformam em uma espécie de casulo de vidro.

Até o momento, os pesquisadores acreditavam que o tardigrado usava um tipo de açúcar chamado trealose, para aumentar a sua capacidade de tolerar dessecação.

Trealose é encontrado em outros organismos com esta habilidade, incluindo o camarão da salmoura e nematoides (um tipo de verme). Mas estudos bioquímicos mostraram que os tardigrados tinham níveis muito baixos desse açúcar, sugerindo que usam um mecanismo diferente.

Para determinar que se tratavam de TDPs, os cientistas da Universidade da Carolina do Norte, realizaram um monitoramento genético dos animais enquanto secos e perceberam que ao bloquear a atividade desses genes os tardigrados morriam de desidratação.

Além disso, a pesquisa, publicada na revista Molecular Cell, mostrou que leveduras de bactérias artificialmente equipadas com os genes também poderiam sobreviver à desidratação, o que sugere que essa capacidade pode ser transferida para outras culturas.

Estudos anteriores já mostraram que essa proteína inoculada em células humanas diminuiu os danos causados por radiação por raios-x e aumenta a tolerância contra radiação.

A equipe agora está investigando se outros organismos, como sementes de plantas, dependem dessas proteínas para sobreviver à seca.

Os pesquisadores esperam que a descoberta possa gerar aplicações práticas como uma forma de armazenar vacinas e produtos farmacêuticos à temperatura ambiente, desidratando-os e acrescentando a proteína que vira vidro em vez de precisar refrigerá-los constantemente.