Camisinha para sexo anal: por que ela é importante e mais segura?
Por incrível que pareça, nunca uma agência reguladora de relevância internacional, como a americana FDA (Food and Drugs Administration), havia regulamentado o uso de um preservativo específico para o sexo anal -como aconteceu no fim do mês passado.
Um ensaio clínico avaliou a eficácia e a segurança do preservativo da marca One durante o sexo anal e demonstrou um risco de falha desse produto de apenas 0,7% -menor, inclusive, do que durante o sexo vaginal (1,9%).
Os preservativos tradicionais e já conhecidos eram considerados seguros apenas para o sexo vaginal. A justificativa das agências reguladoras era que havia um grande risco de falha, variando entre 1,8% a 8% -ou seja, grande diferença com relação aos índices da camisinha da marca One. O preservativo tradicional, segundo estudos, poderia se romper ou deslizar durante as relações anais.
Em seu site, a marca faz questão de dizer que não criou uma camisinha especificamente para o sexo anal. Mas que trabalhou no produto e em pesquisas por mais de dez anos e, assim, seu preservativo conseguiu a aprovação da FDA como sendo seguro e indicado para o sexo anal.
Mas por que é tão importante ter um preservativo específico aprovado para esse tipo de relação?
O sexo anal oferece maior risco de transmissão de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como o HIV. Essa preocupação fazia com que as agências não oficializassem a indicação dos preservativos tradicionais.
Receber a liberação da FDA é importante porque muitas pessoas dizem se sentir mais encorajadas a usar determinados produtos quando sabem que eles foram regulamentados por esses órgãos -que no Brasil seria o equivalente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Além disso, como já citado, o preservativo é uma ótima forma de prevenção a ISTs, todas elas, e não só ao HIV.
Por enquanto ainda não há notícias de venda no Brasil. A marca atua nos Estados Unidos e no Canadá.
O estudo
Para chegar à aprovação da FDA, o novo estudo conseguiu resultados bastante positivos. Avaliou 252 indivíduos com pênis que tinham relação com outras pessoas com pênis, e 252 que tinham relação com pessoas com vagina, em um total de 4.884 relações anais ou vaginais, durante um período de aproximadamente um ano.
Uma das possíveis explicações para uma taxa maior de falha nas relações vaginais nesse produto seria um menor uso de lubrificante nessas relações (41,6%), em comparação com as relações anais (98,3%), o que aumenta o risco de rompimento devido ao atrito.
Espera-se, agora, que com a liberação desse produto, outros estudos sejam desenvolvidos e os órgão regulamentadores possam aprovar mais preservativos específicos para o uso no sexo anal.
E, com isso, mais indivíduos possam se sentir estimulados a utilizar esses produtos como forma de prevenção durante o sexo.
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Vinícius Lacerda (@drvinilacerda) é cirurgião digestivo
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