Coito interrompido: método é falho, não protege de ISTs e atrapalha prazer
A história da influencer Viviane Araújo viralizou esta semana, após depoimento dado a Universa no último sábado (30): depois de uma separação, ela transou com quatro homens, engravidou e não sabia quem era o pai do bebê. Com dois dos homens, a influencer fez coito interrompido — prática que consiste em retirar o pênis da vagina antes da ejaculação.
O método possui baixa efetividade, pois as secreções do pênis na fase de excitação podem conter espermatozoides viáveis. Médicos também não indicam em relações casuais por não tratar ISTs. Viviane conta que, por achar que não engravidaria, descuidou da proteção. E que o medo de engravidar era maior que o medo de contrair alguma infecção.
"Um deles era o meu ex, então a gente acredita que não vai acontecer nada, né? Já os outros, eu não fiquei tão preocupada porque eram calmos, não eram mulherengos. Então, acabei usando preservativo só com quem achava que eu teria rotatividade. Eram todas percepções sem saber muita coisa. E essas coisas não têm cara, né?", contou a influenciadora a Universa.
A ginecologista e obstetra Carolina Ambrogini, da Unifesp, lembra que o método contraceptivo tem que ser uma preocupação das duas partes envolvidas. "Na história de Viviane, o pai da criança não queria uma outro filho, agora terá essa responsabilidade, mesmo que só judicial e financeira, para o resto da vida. O ideal é o uso do preservativo sempre nas relações casuais, pois resolve dois problemas", afirma a ginecologista, que também lembra a possibilidade de utilização do preservativo feminino.
Hoje, numa relação fixa com um novo parceiro, Viviane usa preservativo e pensa em um método contraceptivo mais efetivo e sem hormônios, já que passou parte da vida adulta tomando pílula anticoncepcional.
"Minha relação com proteção e métodos contraceptivos mudou depois que engravidei. Tive que fazer exames de ISTs quando fui buscar os resultados, fiquei bem apreensiva e pensando na situação de risco que eu estava. A gente entra numa que não vai acontecer com a gente. Mas eu fiquei com bastante medo", conta.
Método ultrapassado e valho
O coito interrompido também falhou com a atriz e empresária Isabella Scherer. Em março, ela anunciou sua primeira gravidez com o namorado, Rodrigo Calazans. Mas o casal de gêmeos não foi planejado e a atriz contou que engravidou seguindo o método, após abandonar o uso de hormônios para evitar uma gravidez.
Carolina Ambrogini explica que as chances de falha podem chegar a 28% dependendo da fase do ciclo.
Por isso, ela afirma que ele só deve ser recomendado quando o casal não tiver um problema, caso engravidasse. Mas a grande preocupação da profissional são as infecções sexualmente transmissíveis, principalmente HIV, hepatites, vaginoses e HPV. "Além da taxa de falha, não protege contra ISTs. No entanto, a maior preocupação das pessoas ainda é o risco de gravidez. Como esta mulher achava que não poderia engravidar, deu uma relaxada nisso", diz.
Método também pode afetar prazer durante o sexo
Além da falta de eficácia, a ginecologista Lígia Santos, especialista em sexualidade e assessora técnica da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, não recomenda o método para relações casuais nem para quem tem parceiro fixo porque ele também pode atrapalhar o prazer do ato sexual.
"O método pode atrapalhar a sexualidade porque o ato sexual é interrompido no momento em que o homem vai gozar. E a mulher? Além disso, existe a tensão de ter que prestar a atenção o tempo todo, para não errar o momento", diz a especialista.
"Nem todo homem tem esse total controle sobre o corpo e o momento da ejaculação. E também existe a possibilidade de ter uma quantidade de esperma ao sair uma secreção antes da ejaculação, e aí a mulher pode engravidar."
Lígia diz que aliar o coito interrompido com a tabelinha, quando a mulher observa seu ciclo e o muco vaginal para saber quais são seus dias férteis, pode aumentar a eficácia com ciclo quando a mulher tem um ciclo menstrual bem regulado e consciência das etapas dele — mas ainda assim não é tão seguro como outros métodos, como a camisinha.
"Hoje em dia, com avanços tecnológicos, temos métodos melhores para evitar a gravidez, seja em quem busca uma opção hormonal ou mesmo sem hormônios", argumenta a médica. Para métodos com hormônios, ela cita pílulas, injeção, e o DIU com menor quantidade de hormônios e de ação localizada.
Já para quem não quer se submeter a métodos hormonais, a opção mais eficaz e de longa duração é o DIU de cobre ou de prata ou de cobre, que não interfere na menstruação nem no corpo da mulher — ou seja, não há aumento de peso ou de oleosidade.
A ginecologista faz uma ressalva importante: nenhum destes métodos evita infecções sexualmente transmissíveis, apenas o uso de preservativos.
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