Influencer critica namorada que pede camisinha e médicos rebatem: 'Abusivo'
Apresentado como influenciador digital nas redes, Gabriel Breier afirmou ao podcast "Red Cast" que acha "antibiológico" usar camisinha, e "um absurdo" que a mulher peça ao parceiro com quem tem um relacionamento estável usar preservativo.
Pois num país que registrou 32.701 novos casos de HIV em 2020, sendo 7,8 mil de gestantes, segundo o Ministério da Saúde, profissionais relatam a Universa que atendem cada vez mais pacientes casadas com ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), e afirmam que, ao contrário da fala de Breier, é sensato o uso do preservativo ainda que a pessoa esteja há anos com outra.
"No meu dia a dia vejo inúmeros casos de pacientes com relacionamento estável, namorando ou casadas, apresentando alguma infecção sexualmente transmissível. A mais comum delas é o HPV, que causa o câncer no colo do útero. Então acho que existe um problema relacionado mais à questão da sociedade que acha que a mulher que tem que se preocupar com esse tipo de situação. Essa é uma visão um pouco antiquada", aponta Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de São Paulo.
E caso haja dificuldade em conversar com aquele parceiro ou parceira que pensa como Breier, Moraes, que é também da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e atua nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre, recomenda que ambos frequentem o consultório juntos.
"Tenho visto, no consultório, cada vez mais casais jovens participando consulta e pedindo orientação médica especializada sempre. Essa é a minha orientação médica mais interessante."
"Não conversar sobre camisinha pode ser abuso"
O ginecologista e obstetra Domingos Mantelli ainda acrescenta: "pedir para usar preservativo é um ato de amor".
"É um direito de todos nós nos protegermos de qualquer tipo de patologia além de prevenir uma gravidez indesejada. Lembrando que o método de tabelinha, ou o do coito interrompido não são mais eficazes para a prevenção de gravidez. Eu diria que é essencial o uso do preservativo."
Sobre o coito interrompido, a ginecologista, obstetra e mastologista Jéssica Trafani lembra que as ISTs são transmitidas mesmo quando não há ejaculação.
"Muitas vezes só o contato do pênis na mucosa vaginal já é suficiente. Mesmo durante a ereção, o homem já tem uma quantidade de esperma para lubrificação e isso já é o suficiente para transmitir doenças sexualmente transmissíveis."
E mais: existem doenças sexualmente transmissíveis que podem nunca ter sido diagnosticadas, e por isso é importante que o casal converse para fazer um rastreamento de ISTs antes de iniciar uma relação sexual. "Se você não pode conversar com seu parceiro sobre a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, sobre o uso de camisinha, na verdade você está num relacionamento abusivo em que o que está contando é apenas a opinião de uma pessoa."
A ginecologista e obstetra Camila Ramos, referência em reprodução humana e climatério, ainda lembra: "Se esse homem tirar o preservativo durante o ato sexual sem a mulher permitir, ele estará cometendo um crime."
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