Garotas entre 13 e 18 anos sofrem mais com a síndrome da impostora
Você já se sentiu incapaz de realizar algo que, no fundo, sabia que estava preparada? Essa sensação tem nome: síndrome da impostora. Uma pesquisa da marca de beleza Lancôme e da IPSOS, com mais de 500 mulheres de todo Brasil em março deste ano, mostrou que a Geração Z, das nascidas entre 1995 e 2010, são as que mais sofrem com essa sensação.
De acordo com os números levantados, jovens entre 13 e 18 anos apresentam essa sensação três vezes mais intensa do que a geração Y, que são as mulheres que nasceram entre 1982 e 1994, e cinco vezes pior do que a geração X, daquelas que nasceram entre 1960 e 1979.
"Isso acontece principalmente quando essas mulheres chegam ao mercado de trabalho. Nós achamos que essas jovens são bem resolvidas, mas ao se depararem com a realidade diferente daquela que elas tinham previsto, não conseguem mais enxergar suas conquistas", diz a psicóloga Carla Guth. Também se dá devido à comparação de conquistas com outras colegas.
Sempre conectada, a geração Z também é mais ansiosa e estressada: 73% das mulheres dizem se sentir dessa maneira 'sempre' ou 'a maior parte do tempo', enquanto na geração X, por exemplo, o número é 40% menor: apenas 37%.
"Essa sensação se dá por fatores multifuncionais. O número de acesso a informação que essa geração tem é muito grande. Estão sempre atrás de mais: mestrado, doutorado, especializações? Quando é o suficiente? Quando eu incorporo esse conhecimento? Não dá tempo nem de sentir que eu sei o suficiente. A régua do perfeccionismo está muito alta", explica a especialista.
Durante o programa Sem Filtro de hoje (26), a jornalista Semayat Oliveira também apontou que, apesar do empoderamento da geração atual, o nível de exposição atual é um fator que pode contribuir para o estresse e a insegurança das mulheres mais jovens.
Para você ser bem-sucedida e ser uma profissional reconhecida, você tem que ter um número de seguidores considerável. Acho que o nível de ansiedade que a juventude têm sido submetida nos últimos anos está, de fato, cada vez mais agressiva. Ou seja, você precisa trabalhar muito ou ter um nível de visibilidade muito mais forte para conseguir se sentir capaz e admirada. Semayat Oliveira
Semayat: 'Precisamos pensar na questão racial quando falamos de síndrome da impostora'
Além da pressão por visibilidade e um alto nível de exposição causado por uma pressão social, Semayat destacou que a questão racial também deve ser levada em consideração quando falamos em Síndrome da Impostora. Ela afirmou que uma das muitas facetas do racismo é desacreditar da capacidade de uma pessoa negra e sempre inferiorizá-la.
Se homens e mulheres brancas já vivem a Síndrome da Impostora de alguma forma, e as mulheres ainda mais, imagina uma mulher negra e um homem negro. Essa síndrome vai ser ainda mais violenta. Acho que a gente precisa compreender que vive um processo de aprendizado contínuo e precisa ter calma para chegar no que é chamado de sucesso hoje. Semayat Oliveira
Seguem aqui os outros temas que foram destaque nesta edição do "Sem Filtro":
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Assista ao Sem Filtro
Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.
Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.
Veja a íntegra do programa: