Sexo anal não precisa ser um tabu: sexualidade humana faz parte da saúde
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Educação sexual é um tema sensível para muitas pessoas, abordar algo que mistura prazer, responsabilidade, intimidade e, em alguns casos, questões religiosas, não é fácil, mas isso não deve ser um pretexto para não falar e dentro desse tema, talvez o sexo anal seja ainda mais tabu na vida sexual de muitas pessoas.
As relações sexuais podem integrar o corpo todo, não apenas genitais e penetração, assim conhecendo outras possibilidades, sensações, o próprio corpo, o corpo do outro, o que dá prazer para si e para o outro é possível viver o prazer sexual das melhores formas possíveis. Além disso, descobrir o que traz ou não prazer é essencial. Nem todas as práticas sexuais serão prazerosas para todos e não há nada errado em não sentir prazer com uma ou outra prática.
Vinícius Borges, infectologista responsável pelo Instagram @doutormaravilha, que aborda assuntos de infectologia, saúde LGBT+ e sexualidade, traz informações sobre o tema, segundo ele: "O sexo anal é uma prática sexual saudável, realizada tanto por pessoas LGBT quanto heterossexuais cisgêneros. Como a região anal não possui lubrificação natural, como a vagina, há chance de pequenos sangramentos e fissuras, que aumentam o risco para transmissão de HIV e ISTs (infecções sexualmente transmitidas). Nenhum sexo é arriscado. Tudo depende da maneira como você o realiza: opte pela maneira protegida. Sempre respeite seus limites de dor e desconforto e, a qualquer problema, procure um profissional coloproctologista".
Para quem deseja ter relações sexuais anais o primeiro ponto é ter paciência. Antes de iniciar o sexo anal, prepare o canal anal, permita que o ânus esteja relaxado, isso já pode ser suficiente para alterar a perspectiva de muitas pessoas.
Como dito anteriormente, a lubrificação é outro ponto fundamental para o sexo anal, como a região não tem lubrificação natural a aplicação de um lubrificante deve ser tanto no pênis ou no objeto sexual que será penetrado, como no ânus, em grande quantidade, mas atenção para quem utiliza preservativo, o lubrificante deve ser a base de água e não óleo, pois o óleo afeta o preservativo e pode rompê-lo, além de evitar produtos com anestésicos, pois durante a penetração a perda da sensibilidade pode ocultar alguma fissura.
A posição também influencia e iniciar na posição lateral é outra maneira de deixar a relação mais prazerosa e anatômica. Depois com relaxamento e lubrificante mais espalhado outras posições podem ser utilizadas.
As relações sexuais anais podem ser o meio para algumas infeções por bactérias e vírus. A higiene é uma das formas de proteção, e deve ser feita com produtos que não causem pressão para evitar fissuras e outros contratempos, utilizar seringas vendidas em farmácias pode ser uma boa opção.
Casais que praticam sexo vaginal e anal devem trocar de preservativo ao variar durante uma mesma relação, sempre evitando que o mesmo preservativo seja utilizado no ânus e depois na vagina.
Comparado com outras práticas sexuais, o sexo anal possui maior risco de transmissão do HIV, por isso, para reduzir esse risco, a utilização de preservativo é importante, conversar com o parceiro ou parceira sobre a realização de exames para investigação de uma possível infecção sexualmente transmissível também faz parte da proteção sexual para casais em que isso é possível.
Hoje as pessoas que desejarem reduzir os riscos, podem utilizar a PrEP (profilaxia pré-exposição), medicação de uso diário para reduzir os riscos da infecção pelo HIV, fornecida pelo sistema público de saúde gratuitamente.
Já para quem teve relações e não utilizou preservativo, teve algum acidente com o preservativo ou se sentiu em risco após a relação, é possível utilizar o PEP (profilaxia pós-exposição), conjunto de medicamentos utilizado até 72 horas após a relação sexual para reduzir a possibilidade de infecção pelo HIV.
O sexo anal não precisa ser um mito ou tema polêmico, a sexualidade humana faz parte da saúde do indivíduo e ter informações pode ser o primeiro passo para uma vida sexual saudável.
Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br
Referências:
Relaciones sexuales anales y el riesgo de VIH- National Center for HIV/AIDS, Viral Hepatitis, STD, and TB Prevention- CDC - 2016;
Manual Sobre Salud Sexual Anorrectal, Centro Nacional para la Prevención y el Control del VIH/SIDA CENSIDA Herschel Nº 119, México- 2008.
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