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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sífilis, herpes: na maioria das vezes, úlceras genitais têm relação com IST

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

04/01/2023 04h00

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Nem toda lesão genital está associada a infecções sexualmente transmitidas, ou IST, mas aproximadamente 70% dos casos de úlceras genitais estão. Elas podem ter manifestações totalmente diferentes entre as pessoas, então na hora da relação sexual não considere apenas os sintomas ou lesões.

As úlceras chamam atenção, muitas vezes, quando surgem, pois podem ocorrer na vulva, vagina ou colo uterino, com perda de parte do tecido, e podem dar a impressão de furos ou buracos na região acometida. Isso ocorre pelo processo inflamatório envolvido e, dependendo do tipo de agente causador, podem evoluir para necrose, infecção ou sangramento.

Entre as úlceras genitais associadas a IST, temos:

Entre as causas não relacionadas a IST, estão: vasculite autoimune, trauma, alteração vascular e câncer.

Nem sempre a identificação da causa da úlcera genital será uma tarefa fácil, porque vários fatores podem estar associados, como: tempo de evolução, exames e métodos diagnósticos disponíveis.

Pensando nesses pontos, alguns profissionais lançam mão do tratamento com base nos sintomas e não no agente. Mas mesmo com dificuldades técnicas, sempre que disponíveis, os exames para saber exatamente qual a causa devem ser feitos, pois reduzem a possibilidade de tratamentos inadequados, excessivos, efeitos colaterais e resistência a microrganismos.

Herpes genital

É uma infecção sexualmente transmissível que pode causar lesão nos órgãos genitais masculinos e femininos com pequenas vesículas.

A infecção pode ser adquirida e permanecer um período sem se manifestar, até que o sistema imunológico apresente uma oscilação por falta de sono, gravidez, traumas, trabalho excessivo, uso de drogas, alterações emocionais, má alimentação, Aids, uso de altas doses de corticoide, câncer, quimioterapia, relações sexuais com múltiplos parceiros, entre outras causas que podem comprometer a imunidade.

Em pessoas com boa imunidade, as lesões que surgem pelo herpes genital podem desaparecer mesmo sem tratamento.

O diagnóstico é geralmente feito com base nos sintomas e aspecto das lesões, exame de cultura e biopsia podem ser utilizados, mas a sensibilidade do exame diminui com a duração da lesão.

Para o tratamento, não existe um medicamento que elimine o vírus do organismo, mas os antivirais podem diminuir as manifestações da doença ou aumentar o intervalo entre as crises.

Sífilis

É uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum. A sua transmissão pode ser sexual, durante a gravidez, pelo sangue ou pelas lesões.

Quando não tratada, a sífilis pode evoluir para fases diferentes e é na primeira que pode ocorrer uma úlcera genital indolor conhecida por cancro duro. A lesão costuma desaparecer espontaneamente, mesmo sem tratamento.

O diagnóstico pode ser feito por meio de testes que avaliam diretamente o treponema, e testes indiretos como VDRL FTA-Abs, MHA-TP e Elisa. Para tratamento, utiliza-se a Penicilina G Benzatina, a famosa Benzetacil.

Cancro mole, linfogranuloma e donovanose

É causado pelo Haemophilus ducreyi, uma bactéria adquirida sexualmente que acomete homens com mais frequência.

O linfogranuloma venéreo é causado pela Chlamydia trachomatis e também ocorre em pessoas assintomáticas.

A donovanose é causada pela Klebsiella granulomatis, muito rara, com baixa transmissibilidade e seus mecanismos de transmissão não são bem conhecidos.

Independentemente do agente, é importante saber que após um período as úlceras podem evoluir, causando incômodo, dor e favorecer o surgimento de outras infecções. O preservativo segue sendo uma das melhores formas de prevenção.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br, e veja mais no meu Instagram @dralarissacassiano.

Referências:

Giraldo PC, Amaral RL, Eleutério Júnior J, Gonçalves AK. Úlceras genitais. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Ginecologia, no. 1/ Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas).

Sífilis Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sifilis_estrategia_diagnostico_brasil.pdf.

Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis. Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: file:///C:/Users/ISABELA/Downloads/manual_sifilis_10_2016_pdf_23637.pdf.

Ramos, Mauro Cunha et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam úlcera genital. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2021, v. 30, n. spe1