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OPINIÃO

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Dados mostram Brasil longe da meta de vacinação contra o HPV

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Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

27/02/2023 04h00

O Ministério da Saúde divulgou, no dia 16 de fevereiro, um novo boletim epidemiológico, informando dados sobre a vacinação contra o HPV no Brasil. A publicação analisa números do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), no período de 2013 a 2022, com ênfase para as informações colhidas no ano passado. Na média nacional, a meta mínima de vacinação de 80% do público-alvo, com duas doses, não foi batida.

Em países como a Austrália, por exemplo, onde as campanhas de vacinação têm sido exemplares, praticamente não existem novos registros de câncer de colo de útero. Só para se ter uma ideia, são apenas seis novos casos por 100 mil mulheres e as mortes causadas pela doença devem cair para um novo caso por 100 mil mulheres até 2034.

Os especialistas do Ministério da Saúde destacam, no boletim, que a "infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é a enfermidade sexualmente transmissível (IST) mais frequente em todo o mundo", sendo um problema de saúde pública pela sua "elevada frequência e associação a vários tipos de neoplasias, como câncer de colo uterino, de pênis, de vulva, de canal anal e de orofaringe".

Segundo o informativo, entre a população feminina, as coberturas vacinais atingiram 75,91% e 57,44% para a primeira e a segunda dose, respectivamente. Por estado, a imunização do público-alvo com a primeira dose foi alcançada apenas no Amazonas, Roraima, Ceará, Paraíba, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina. Nenhuma unidade da federação atingiu a meta de cobertura para a segunda dose entre as mulheres.

Os números são mais graves entre os meninos: nesta população, para a primeira e a segunda dose, as coberturas vacinais foram de 52,26% e 36,59%, respectivamente.

Como conclusão, o documento indica a necessidade de intensificação de estratégias para a vacinação de crianças e adolescentes, esclarecendo os benefícios da imunização a mães, pais, responsáveis e ao público jovem.

Neste ponto, a comunicação é uma aliada fundamental para a saúde. Enquanto os técnicos do ministério apontam prioridade para o monitoramento de notícias falsas sobre vacinas, também destacam a relevância de informação "positiva com linguagem clara e acessível".

E acrescentam que "considerando as barreiras de acesso aos serviços de saúde inerentes à população adolescente, é necessário que os gestores organizem os serviços com tempo, consistência e criatividade indispensáveis para a respectiva faixa etária, para incrementar a vacinação não somente contra o HPV, mas também com as outras vacinas que fazem parte do seu calendário".

No fim do ano passado, atenta a essas demandas, a equipe do Instituto Vencer o Câncer lançou uma campanha para estimular a vacinação contra o HPV. Criada pela agência Ogilvy Brasil, as mensagens faziam analogia aos hábitos dos pais e mães superprotetores, que exageram em cuidados como na hora de colocar agasalho ou pedir para levar o guarda-chuva, mas que também se preocupam muito com a saúde e o futuro dos filhos e filhas.

O vídeo da campanha está disponível nas redes sociais do instituto: https://www.instagram.com/p/CkREHHVr97p/

Renovo, então, meu convite para que mães, pais e responsáveis de crianças e adolescentes que ainda não os vacinaram contra o HPV procurem os postos para a atualização da carteira de imunização. Atualmente, a vacinação é oferecida de forma gratuita pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, em duas doses.

Mulheres e homens que vivem com HIV/Aids, pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea recebem o esquema de três doses, também disponível nos postos de saúde.

Se fizermos a nossa lição de casa, poderemos no futuro ter, pela primeira vez, um câncer erradicado no país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL