PrEP subcutânea semestral também protege gays e trans do HIV
Na manhã dessa quinta-feira (12), o mundo da prevenção do HIV acordou animado. Foram divulgados os resultados do estudo Purpose-2, o segundo da série que se propôs a estudar a eficácia protetora de uma inovadora forma de PrEP que utiliza um antirretroviral injetável de longa duração chamado Lenacapavir.
Este medicamento é aplicado por via subcutânea a cada seis meses e já havia se mostrado bastante potente na prevenção do HIV quando usado em mulheres cisgênero heterossexuais africanas no estudo Purpose-1, cujos resultados foram divulgados no mês junho.
A novidade de agora está no fato de essa nova forma de PrEP ter se mostrado bastante eficaz para prevenção do HIV também entre homens gays, pessoas transexuais e não-binárias.
No Purpose-2 foram incluídos 3.267 participantes que foram sorteados aleatoriamente para receber injeções semestrais de Lenacapavir ou comprimidos diários da PrEP clássica, método de prevenção contra o HIV já com a eficácia protetora comprovada e que está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2018.
Entre os participantes que receberam Lenacapavir, a proteção contra o HIV foi ainda melhor do que a conferida pela PrEP oral (89% menos infecções). Uma explicação para isso seria a facilidade posológica dos medicamentos de longa duração, afinal é intuitivo ser mais fácil garantir boa adesão a uma injeção aplicada a cada seis meses do que a comprimidos tomados diariamente.
De fato, da mesma forma que com a camisinha, é fácil perceber que o desempenho na prevenção do HIV da PrEP em comprimidos diários é intimamente relacionado com a adesão que um indivíduo consegue ter ao método.
Além disso é evidente também que em contexto de vida real alguns subgrupos, tais como os mais jovens e as pessoas trans, simplesmente não conseguem garantir a adesão mínima à camisinha nem à PrEP em comprimidos para estarem protegidos do HIV.
Com o resultado dos dois estudos, é possível então concluir que o Lenacapavir tem um enorme potencial de controle da epidemia mundial de HIV/Aids uma vez que neles foram incluídos os subgrupos populacionais que concentram a maior parte dos novos casos da infecção que ainda ocorrem todos os anos no planeta.
A partir de agora, os participantes do Purpose-2 serão informados sobre o braço do estudo em que estavam participando e poderão escolher qual forma de PrEP desejarão seguir usando daqui em diante.
E a indústria farmacêutica que fabrica o Lenacapavir se comprometeu em nota pública que vai se empenhar para garantir o acesso à nova PrEP principalmente nos países mais pobres e que mais precisam controlar a epidemia do HIV/Aids.
A ciência cumpriu mais uma importante etapa no desenvolvimento de métodos eficazes de prevenção do HIV. Resta agora a indústria farmacêutica e os gestores de saúde cumprirem seus papeis e se empenharem na ampliação do acesso aos métodos de prevenção que melhor se adaptam às vidas de todas as diferentes pessoas do planeta. Pois só assim, considerando as individualidades e os determinantes sociais, poderemos um dia vencer a epidemia de HIV/Aids.
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