Orlistat realmente emagrece? Saiba para que serve e como tomar o remédio
Samantha Cerquetani
Colaboração para VivaBem
02/06/2022 04h00
O orlistat é um medicamento indicado para contribuir com a redução de peso e é usado como terapia complementar à obesidade. Conhecido pelo nome comercial de Xenical, ajuda na perda de peso ao impedir a absorção de gorduras no intestino. Muitas vezes consegue reduzir cerca de um terço das gorduras consumidas na alimentação.
Geralmente, é indicado para indivíduos que precisam perder peso e não conseguem apenas com a reeducação alimentar e os exercícios físicos, mesmo após várias tentativas. Basicamente, o medicamento aumenta a eficácia da dieta, fazendo que a pessoa perca, em média, entre 5 a 10 kg no período de um ano.
Vale destacar que o orlistat é usado para a perda de peso de pessoas com IMC (índice de massa corporal) maior do que 30 kg/m² —saiba como calcular IMC. Sendo assim, visa auxiliar no tratamento de casos de sobrepeso ou obesidade, ajudando a evitar outros problemas associados a essas condições, como hipertensão.
No entanto, para que o orlistat seja eficaz na perda de peso, é preciso realizar a adequação da alimentação e manter os exercícios na rotina. E o uso deve ser sempre com acompanhamento de um profissional da área da saúde.
A seguir, você confere as principais dúvidas sobre o orlistat e como usá-lo adequadamente.
Orlistat: para que serve, como tomar e efeitos
Para que serve orlistat?
O orlistat é um medicamento indicado para ajudar na redução de peso e na manutenção dos quilos perdidos após o tratamento inicial. Também contribui com a melhora de fatores de risco associados à obesidade, tais como redução do colesterol "ruim" do sangue, glicose e pressão arterial elevada.
Orlistat ajuda a emagrecer?
Sim. A principal indicação do orlistat é auxiliar na redução de peso, em conjunto com dieta de baixa caloria e atividade física regular.
Esse medicamento auxilia no emagrecimento, principalmente em casos em que a pessoa possui uma alimentação rica em gorduras.
Como o orlistat funciona e age no organismo?
O orlistat age diretamente na luz intestinal, ou seja, ele não é absorvido e nem circula no sangue. Seu mecanismo de ação é se unir a uma enzima responsável pela quebra e absorção das moléculas de gordura, que é ingerida por meio da alimentação.
Por isso, o orlistat impede a ação da enzima e reduz em até 30% a absorção de gorduras na dieta, fazendo que ela seja eliminada diretamente pelas fezes. Assim, existe uma redução na quantidade de calorias absorvidas pelo organismo.
Como tomar o orlistat?
Nenhum medicamento deve ser utilizado sem orientação de um médico, que irá definir a dose e o tempo adequado do tratamento. A indicação geralmente é ingerir o orlistat durante as principais refeições do dia, ou seja, no café da manhã, no almoço e no jantar. Também pode ser ingerido por até uma hora após as refeições.
Quais os principais efeitos colaterais do orlistat?
Como o orlistat inibe a absorção de parte das gorduras ingeridas na alimentação, os efeitos colaterais são principalmente gastrointestinais.
Podem ocorrer a eliminação de fezes gordurosas, cólicas intestinais, diarreia e gases. Surgem também a necessidade urgente de evacuar após refeições com maior quantidade de gordura, aumento da frequência de evacuações e dor/desconforto abdominal.
Estes efeitos colaterais tendem a melhorar com o tempo de tratamento. Geralmente, esses sintomas são amenizados quando a pessoa segue uma dieta balanceada e com acompanhamento nutricional.
O orlistat praticamente não é absorvido pelo organismo, assim os efeitos colaterais fora do sistema digestório são considerados raros.
Quais as contraindicações e quem não pode tomar orlistat?
Não devem usar orlistat pessoas que tenham alterações crônicas na absorção de nutrientes pelo intestino. Também não se indica o uso durante a gestação ou lactação, uma vez que não há estudos comprovando a segurança da medicação nestas situações.
Além disso, pessoas que usem anticonvulsivantes devem se atentar, pois nessas situações foram relatados alguns casos de convulsões.
Já em pessoas que usem ciclosporina (medicação imunossupressora usada após alguns transplantes) ou amiodarona (medicação para arritmias cardíacas) foram observadas redução dos níveis desses medicamentos no sangue durante o uso de orlistat.
Quem usa varfarina (um anticoagulante oral), deve avaliar mais frequentemente os exames laboratoriais para averiguar se a medicação está sendo eficaz durante o uso de orlistat.
Orlistat precisa de receita?
Orlistat não precisa de receita médica para ser comprado. No entanto, assim como a maioria das medicações, não deve ser usado sem acompanhamento e orientação médica.
Quais os riscos a longo prazo?
É uma medicação que pode ser usada por longos períodos, mas como impede parcialmente a absorção de gorduras da dieta, costuma levar a diminuição das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Nesses casos, avalia-se a necessidade de uso de suplementos vitamínicos em indivíduos que usem orlistat.
Por estar diretamente ligado com a síntese de gordura, o uso prolongado pode alterar o perfil de ácidos graxos do organismo humano. Isso interfere no funcionamento de atividades que demandam a gordura, como a produção de energia, funcionamento das células e funções neurológicas, imunológicas e hormonais.
Por quanto tempo tomar orlistat?
Depende da indicação médica, mas é seguro o uso prolongado. Não existe um tempo máximo para o uso de orlistat. O médico vai avaliar se a pessoa está sendo beneficiada pelo uso da medicação.
Sendo assim, analisa-se se o orlistat está contribuindo com a perda de peso ou com a manutenção do peso perdido. Além disso, os especialistas de saúde devem averiguar se os efeitos colaterais são bem tolerados e aceitáveis.
Quem usa por longos períodos pode necessitar de suplementação, principalmente de vitaminas lipossolúveis. Porém, é importante ressaltar que todas essas medidas devem ser orientadas e acompanhadas por um profissional da saúde.
Grávidas e lactantes podem tomar orlistat?
Não existem pesquisas científicas que garantam a segurança do uso de orlistat em gestantes ou lactantes. Portanto, seu uso não é recomendado para essas pessoas.
Quais são os riscos de tomar orlistat com bebidas alcoólicas?
Não foi observada interação entre o uso de orlistat e bebidas alcoólicas, assim não há um risco específico pelo uso concomitante.
No entanto, além de outras consequências do consumo de bebidas alcoólicas, o álcool também é fonte de calorias. Por isso, seu consumo deve ser moderado para evitar ganho ou reganho de peso.
Crianças e idosos podem usar orlistat?
O uso de orlistat não é recomendado para crianças nem para idosos. Isso porque não há estudos que garantam a eficácia e segurança do medicamento para essa faixa etária.
O que faço quando esquecer de tomar o remédio?
Caso esqueça de ingerir uma das doses de orlistat durante as refeições, tome o mais rapidamente possível, de preferência dentro do período de uma hora. Em seguida, retorne ao tratamento normalmente.
Orlistat pode alterar resultados de exames laboratoriais?
Foram descritos poucos casos de alterações nos exames laboratoriais da função do fígado e até causas de hepatite (inflamação no órgão). Mas, até o momento, não se comprovou que o uso de orlistat tenha causado alterações nos exames laboratoriais.
Quais são os riscos de parar o medicamento por conta própria?
A recomendação dos especialistas é evitar parar de tomar orlistat por conta própria. A suspensão inadequada de orlistat pode comprometer o tratamento e aumentar o risco de reganho de peso. É preciso sempre ter uma orientação médica sobre a descontinuação do uso.
Fontes
Fernanda Oltrovski Sales, farmacêutica e coordenadora do curso de farmácia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Jacqueline Rizzoli, endocrinologista e diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), médica do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas, da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul); Renata Scalco, endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo (SP) e Roberta Maria Duailiba Ferreira Reis, endocrinologista do Hospital Universitário da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), que faz parte da Rede Ebserh.