De alho a bicarbonato: os tratamentos caseiros para usar e os para fugir

É difícil encontrar uma mulher que nunca tenha sentido uma coceira incontrolável acompanhada de ardor e inchaço na região genital, além do temido corrimento esbranquiçado. A maioria, cerca de 90% das mulheres, vai ter pelo menos um episódio de candidíase na vida; e metade vai sofrer mais de uma vez com o problema.

Apesar de o tratamento tradicional ser simples —cremes de uso local e antifúngicos em comprimidos —, algumas mulheres enfrentam tanto a doença que decidem optar soluções caseiras, para não viver usando medicamentos. Os métodos vão de cápsulas de alho a iogurte, passando por banho de assento de camomila, produtos de limpeza, bicarbonato de sódio e até óleo de melaleuca. Mas, afinal, será que essas receitas funcionam?

A seguir, analisamos algumas táticas usadas:

Qual tratamento caseiro para candidíase funciona?

Iogurte

Não existe consenso sobre a influência da ingestão de açúcares, lácteos, probióticos, lactobacilos ou gordura no ambiente natural da vagina. Portanto, não dá para cravar que consumir o alimento realmente traz alguma alteração positiva.

Há quem diga que o iogurte é benéfico depois de a mulher ter usado antibiótico. O medicamento mexe com a flora normal do corpo, podendo facilitar a proliferação da Candida. O alimento, no caso, ajudaria na reposição de bactérias boas da flora intestinal e vaginal, restabelecendo o equilíbrio.

Camomila

Utilizada como chá, a erva pode melhorar o principal sintoma que é a coceira (prurido vulvar) e irritação da pele. Isso porque ela tem ação anti-inflamatória e calmante. Mas é sabido que a camomila é mais eficaz para combater os sintomas, não a candidíase em si. É um método para minimizar desconfortos até a ida ao médico.

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Lysoform

Sim, é aquele desinfetante comercial e algumas pessoas o aplicam no corpo. A ideia é que por ele matar germes e bactérias, combateria a Candida também. Mas não há nada comprovado. Além disso, o produto ainda pode ser prejudicial à saúde, provocando uma reação inflamatória forte. Fuja dessa ideia.

Óleo de melaleuca

Ele também ainda está nas fases de teste pelo seu efeito antifúngico. Um estudo realizado por pesquisadores da Unesp e da Universidade do Vale do Paraíba, assim como do Instituto Butantan e Instituto Adolfo Lutz, mostrou que as cepas avaliadas apresentaram sensibilidade frente às concentrações do óleo essencial de melaleuca, mas o estudo foi focado na candidíase bucal. De qualquer forma, não há nada comprovado.

Alho

Algumas pesquisas já foram realizadas sobre a relação do alho com a candidíase, mas não há evidências de que ele seja eficaz no tratamento ou prevenção. O alimento até contém alicina, substância com propriedades bactericidas, mas isso não garante que ele acabe com fungos.

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Colocar alho na vagina ainda pode causar irritação e piorar o quadro local. Se quiser obter os benefícios anti-inflamatórios do alho é melhor colocá-lo em seus pratos, como tempero —e não em outras partes do corpo.

Bicarbonato de sódio

O banho de assento com bicarbonato realmente reduz o prurido, ou melhor, a coceira. A vagina é naturalmente ácida e o seu pH pode cair ainda mais por alguns motivos —como a baixa imunidade, alimentação etc —, desequilibrando a flora e aumentando os riscos de candidíase.

O bicarbonato melhora o pH e alivia o sintoma da infecção. Mas é bom lembrar que fazer esse banho de assento não é considerado um tratamento e, sim, um alívio imediato do sintoma até que a mulher consiga ir ao médico para tratar corretamente a doença.

O que você precisa saber sobre a candidíase

Quais os sintomas?
A candidíase provoca um corrimento espesso, esbranquiçado e sem odor, que pode causar irritação na vulva (a parte externa dos genitais) e provocar coceira. Além disso, é possível aparecerem pequenos cortes na pele da região íntima, que podem evoluir para úlceras genitais.

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Essas alterações, quando intensas, ainda podem causar dor ao urinar e durante as relações sexuais. Além disso, a coceira pode ser bastante desconfortável e as fissuras e o processo inflamatório facilitar a aquisição de outras infecções transmitidas pelo sexo, inclusive o HIV.

O que funciona de fato?

Comprovado mesmo só há o tratamento medicamentoso convencional. Mas mudanças no dia a dia têm impacto na resposta da Candida. O ideal é manter a vulva seca para não deixar o ambiente favorável ao fungo. Para isso, as dicas são dormir sem calcinha, evitar roupas apertadas e preferir peças íntimas de algodão. É bom também não permanecer com roupa de praia ou piscina úmida e manter uma vida saudável com dieta e atividade física, o que ajuda a aumentar a imunidade.

Além disso, é importante investigar possíveis fatores associados que possam levar à quebra do equilíbrio da flora vaginal. A candidíase de repetição deve ser tratada com medicações via oral em intervalos específicos, bem como associação a cremes vaginais —a paciente deve sempre estar atenta a possíveis efeitos colaterais de cada medicação e procurar o médico se tiver problemas.

Fontes: Eduardo Zlotnik, ginecologista; e Maria Cristina Meniconi, ginecologista.

*Com informações de matéria publicada em setembro de 2018.

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