Como saber qual o meu limite no treino? O corpo dá sinal antes de "apagar"?
Resumo da notícia
- O corpo tem um limite e dá sinais claros de que está chegando lá. É importante se atentar a eles para evitar uma síncope
- Falta de coordenação motora e equilíbrio, além de sentir cãibras, náuseas e enxergar pontinhos brilhantes ou vista embaçada são sintomas de exaustão
- A síncope, ou o desmaio, é o auge do esforço físico. É como se o organismo apertasse o botão vermelho de que tem algo errado
Com a moda dos treinos intensos, como crossfit, HIIT e algumas artes marciais, a percepção de esforço se tornou alvo de discussão --e de muita dúvida -- nas academias. Afinal, como saber que o corpo está passando dos limites, já que os treinos exigem camisetas ensopadas e caretas de sofrimento?
A boa notícia é que nosso corpo tem um sistema pré-definido de autopreservação. Isso quer dizer que ele vai avisar quando está próximo de atingir seu esforço máximo.
Os principais sinais de que você está chegando perto do seu são:
- Sensação de que não há mais força suficiente para realizar os movimentos, que acabam sendo mal executados;
- Perda de coordenação motora e de equilíbrio;
- Cãibras;
- Náuseas.
- Enxergar pontinhos brilhantes e ter a vista embaçada ou escurecendo;
- Hipertermia (temperatura elevada do corpo);
- Dor de cabeça (cefaleia).
"Depois de receber algum desses sinais, você pode até continuar o treino, mas é como um carro com algum problema, se continuar dirigindo, pode dar pane total", exemplifica o profissional de educação física Rodrigo Poli, especialista em fisiologia do exercício e treinamento resistido na saúde, na doença e no envelhecimento pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
A pane do corpo, no caso, é uma síncope, ou melhor, um desmaio. É o organismo apertando o botão vermelho de que você precisa parar. Ao desmaiar, o sangue, que não estava circulando de forma eficiente para algumas partes do corpo pois seu foco era "atender" os músculos, volta às suas funções rapidamente, compensando a queda da pressão e reduzindo a sensação de mal-estar.
É um mecanismo de autodefesa eficiente, afinal, você realmente vai parar com o que estava fazendo. E se não parar, em casos extremos, convulsões e fortes alterações cardiovasculares, metabólicas e cerebrais podem ocorrer.
Fadiga versus lesão
É claro que o princípio do treinamento é aumentar o limite do dia anterior, justamente para evoluir a resistência. Mas isso deve ser feito de forma programada e progressiva, jamais de uma hora para outra. E, neste caso, sentir uma fadiga é normal.
A sensação de queimação muscular devido ao grande esforço é diferente da dor de uma lesão --sinal de que você passou dos limites.
A fadiga deixa os músculos mais pesados e cansados e passa após um ou dois dias de descanso. A dor da lesão, entretanto, é mais aguda e dura mais tempo, não passa com um simples descanso
"É preciso ceder para o corpo descansar. No próximo treino, precisa ver se ele resiste. Se não resistiu e você perpetuar, é um perigo", alerta o profissional de educação física Giuliano Esperança, especialista em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor técnico da SBPT (Sociedade Brasileira de Personal Trainers).
Sacrifício nem sempre é garantia de resultado
Segundo Esperança, treinar em intensidade máxima é algo constantemente estimulado pela mídia e redes sociais, mas não há nada que justifique "arrebentar" o próprio corpo --é possível conseguir bons resultados no treino respeitando seus limites.
O papel do treinador é justamente estimular a avaliação do cansaço ao final do treino e a disposição do aluno ao fazer o exercício, para saber onde cobrar mais. A ideia de chegar na academia e treinar em um grupo que já está mais avançado, assim como seguir os conselhos de um treinador que só grita para você fazer mais é mais, pode ser furada.
"Precisamos desmistificar o 'no pain, no gain'. Nem sempre sentir dor é um indicativo de que você está ganhando força e evoluindo. Você pode estar se machucando", diz Poli. Por isso é importante fazer uma avaliação médica antes de começar a treinar (veja exames importantes para quem faz atividade física), para ter autoconhecimento dos próprios limites e saber exatamente quando parar.
Fontes: Giulliano Esperança, bacharel em educação física pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), especialista em fisiologia do Exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor técnico da SBPT (Sociedade Brasileira de Personal Trainers); Rodrigo Poli, educador físico com especialização em fisiologia do exercício e treinamento resistido na saúde, na doença e no envelhecimento pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Karina Hatano, mestre em medicina do exercício e do esporte pela Unifesp e médica do esporte e fisiologista do Instituto Cohen.
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