Jovens que vivem com HIV disseminam informações sobre prevenção na web
O estigma e o preconceito ainda são hoje os principais obstáculos da prevenção e cuidados em relação ao HIV. De acordo com o Unaids, são eles que barram o acesso a testagem, retardando o diagnóstico e colocando vidas em risco. Informação e diálogo, por outro lado, são as ferramentas que mais funcionam. E se é na web que estão os jovens, população que tem apresentado um aumento no número de notificações, é lá também que essas informações também precisam se concentrar.
No Youtube, terreno fértil para a exposição de ideias e derrubada de tabus, a quebra de silêncio já acontece. Conscientes de seu papeis na disseminação de informações, jovens que vivem com HIV abrem seus diagnósticos para narrar suas experiências e desmistificar o medo e o preconceito que se formaram em mais de três décadas da descoberta do vírus.
Além de debater o assunto, esses canais funcionam como um ponto de acolhimento, troca de experiências e ajuda mútua. Conheça alguns deles:
Falo Memo
Lucas Raniel, vive com o vírus há 6 anos. Ele resolveu tornar público seu diagnóstico após passar por uma série de preconceitos e enfrentar a depressão.
Para ele, estar hoje com a carga viral indetectável (HIV intransmissível) é ter qualidade de vida. E é exatamente isso que ele busca comunicar com os seus vídeos. "A gente tem que investir agora em comunicação de qualidade, realista, sem sensacionalismo, sem moralismo e sem terrorismo. Acho que quando a comunicação sai desses âmbitos, ela se torna mais efetiva e faz com que as pessoas se interessem pelo assunto e comecem a interagir e a se informar mais sobre o tema", diz em entrevista à Catraca Livre.
Com seu vídeos, ele busca mostrar que ter o resultado positivo para HIV em mãos não é o fim do mundo, como por muitos anos foi entendido pela sociedade, e que saber seu status sorológico é uma das formas mais importantes de se cuidar.
Gabriel Comicholi
Gabriel Comicholi descobriu a soropositividade aos 21 anos ao ir ao médico com suspeita de caxumba. Ao fazer o teste de HIV, veio o diagnóstico inesperado. Imediatamente, ele foi à internet contar o que havia acabado de descobrir. Em uma semana, aquele espaço no YouTube já reunia 1 mil interessados no tema.
Passados 3 anos do primeiro desabafo público, seu canal conta hoje com 40 mil inscritos, que recebem informações sobre tratamento, prevenção e direitos da pessoa que vive com HIV.
Gabriel fala sobre sua condição de saúde com muita leveza, sem assumir o papel de vítima, além de se esclarecer dúvidas comuns e se colocar aberto ao diálogo com quem acaba indo parar lá.
Prosa Positiva
Daniel Fernandes também aposta na linguagem leve e livre de terrorismo para contribuir com queda de tabus. Diagnosticado com o vírus há 7 anos, o jovem de 34 começou a abordar o tema em 2016, quando ainda poucos canais falavam disso.
Ele fala sobre prevenção combinada (estratégia que faz uso simultâneo de diferentes abordagens de prevenção), relacionamento de casais sorodiscordantes, saúde mental de pessoas com HIV, além de entrevistar especialistas.
"Noto que a cada vídeo publicado, várias pessoas, independentemente da idade, orientação sexual e até mesmo de sorologia, se sentiram representadas", conta Daniel à Catraca Livre. "As pessoas vêem o canal como um meio de informação, tira dúvidas, muitos me vêem como alguém de confiança para poder desabafar, pedir conselhos, e é bem gratificante saber que você mesmo fazendo tão pouco ajuda a tirar um tremendo peso de muitos".
Super Indetectável
O canal de João Geraldo Netto, de 37 anos, surgiu em 2008 para conscientizar sobre a importância de se chegar a carga viral indetectável, ou seja, quando a pessoa tem o HIV, mas não transmite para outras. Isso só é possível através do tratamento. Além disso, outro objetivo do canal é levar conforto para quem acaba de descobrir ser reagente ao HIV.
João não se define como youtuber, mas como um ativista que faz vídeos. Com uma com uma linguagem leve, mas séria ao mesmo tempo, ele busca levar o máximo de informações atualizadas e precisas. "Eu entendo que tem que ter uma certa seriedade porque eu sei que tem pessoas que estão sofrendo com aquilo e, quando elas buscam informações, elas não querem me encontrar como um palhaço, elas querem me encontrar como alguém que sabe o que está falando", afirma.
Para o infectologista Jamal Suleiman, que trabalha no Instituto Emílio Ribas desde o início da epidemia mundial de aids, essa comunicação em diferentes plataformas é de fundamental importância. "Acho que uma estratégia é encontrar um caminho nessas novas formas de comunicação, via novas plataformas, para fazer o sujeito acreditar que a proteção vai trazer algum benefício. E quanto mais esses influenciadores estiverem embasados do ponto de vista teórico, melhores informações eles irão transmitir", defende.
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