Imunoterapia com BiTE tem bons resultados em crianças com tipo de leucemia
Um novo estudo clínico apresentado no Congresso da ASH (American Society of Hematology), que acontece em Orlando (EUA) entre os dias 7 e 10 de dezembro, mostrou resultados promissores entre pacientes recidivos pediátricos e jovens adultos de LLA (leucemia linfoblástica aguda).
No estudo, os pacientes que foram tratados com o imunoterápico blinatumomabe apresentaram uma taxa de sobrevida maior, menos efeitos colaterais e uma alta taxa negativa de doença residual mínima (DRM) —o que aumentou as chances deles seguirem para um transplante.
O imunoterápico faz parte de uma nova tecnologia chamada BiTE (bispecific therapeutic engagers), um tratamento com anticorpos monoclonais biespecíficos. A molécula tem dupla ligação e funciona como uma ponte para a conexão entre os linfócitos T do paciente e as células cancerígenas, combatendo o tumor.
A LLA é um tipo de câncer mais comum durante a infância, mas que pode ser diagnosticado entre adultos também. Ela acontece quando as células-tronco responsáveis por originar os componentes do sangue (glóbulos brancos, vermelhos e as plaquetas), ainda na fase imatura, param de funcionar corretamente e começam a se reproduzir de forma descontrolada.
Dados da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) afirmam que cerca de 90% dos pacientes pediátricos em tratamento chegam à cura. Entre os adultos em tratamento, a taxa de remissão da doença chega a 50%.
Os testes com o blinatumomabe —que já é autorizado pela Anvisa no Brasil para pacientes com recidiva desde 2017 — foram liderados pelo Children's Oncology Group (COG), entidade parte do National Cancer Institute (NCI) dos Estados Unidos.
Quando a leucemia volta em pacientes pediátricos após a primeira linha de tratamento, eles costumam ser tratados com quimioterapia para fazer o chamado "resgate" desses pacientes, reduzindo novamente as células cancerígenas no corpo. Após essa etapa, a melhor aposta é seguir para o transplante, opção que pode ser viável dependendo de quando a recidiva aconteceu —se foi a menos de 36 meses após a quimioterapia, o paciente é considerado de alto risco; se foi após esse período, o risco é considerado menor.
No entanto, a quimioterapia nesse momento costuma ser bastante agressiva nos pacientes, produzindo efeitos colaterais severos e muitas vezes sem conseguir um resultado satisfatório. Como resultado, os pacientes podem acabar não sendo elegíveis para um transplante ou atrasando a realização do procedimento, o que aumenta as chances da doença voltar.
O estudo, randômico, analisou um grupo com 208 pacientes recidivos de LLA entre 1 e 30 anos divididos em dois grupos: um tratado apenas com a quimioterapia convencional, e outro que recebeu a quimio e ainda uma rodada com o blinatumomabe.
O resultado é que o grupo tratado com o imunoterápico sofreu menos com a toxicidade, apresentando melhores resultados após o fim do tratamento em comparação com pacientes tratados apenas com quimioterapia.
De acordo com o Claudio Galvão de Castro Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e chefe do serviço de oncologia e hematologia pediátrica do Hospital da Criança Santo Antônio da Santa Casa de Porto Alegre, os resultados foram bastante animadores. "Nessa fase da doença, nós perdemos pacientes, pois a quimioterapia é agressiva e os deixa frágeis e suscetíveis a infecções", disse ao VivaBem, logo após a apresentação do estudo. "O resultado com o blinatumomabe é bastante impactante", disse.
O especialista ainda explica que o estudo vai ajudar a criar protocolos para usar o imunoterápico já na primeira recidiva. Atualmente, ele é utilizado a partir da segunda ou terceira volta da doença. "Já existem estudos em andamento para trazer o medicamento para uso na primeira linha de tratamento, o que também seria vantajoso para o paciente", afirma o médico.
* A repórter viajou para Orlando a convite da Amgen
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