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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Por que ter um bicho de estimação faz bem para a saúde? Ciência explica

Arthur Santaela, 86, reencontra seu cachorro, o vira-lata Sheike, em um hospital de Catanduva (SP) - Divulgação/ Fundação Padre Albino
Arthur Santaela, 86, reencontra seu cachorro, o vira-lata Sheike, em um hospital de Catanduva (SP) Imagem: Divulgação/ Fundação Padre Albino

Do VivaBem, em São Paulo*

14/12/2019 09h53Atualizada em 16/12/2019 19h12

Um reencontro entre um idoso e seu animal de estimação no hospital Emílio Carlos, em Catanduva, interior de São Paulo, causou comoção nesta quinta-feira (12). E gerou uma melhora clínica no quadro do paciente.

Internado há quase um mês depois de fraturar o fêmur ao cair em casa, Arthur Santaela, 86, chorava por sentir a falta de seu fiel escudeiro, o vira-lata Sheike, com quem convive há seis anos. Para tentar amenizar o sofrimento do aposentado, a filha resolveu promover o encontro entre os dois.

De acordo com o coordenador médico do hospital, Rogério Lima Duarte, que acompanha o tratamento do aposentado, o encontro com Sheike trouxe diversos benefícios para a saúde de Arthur e vai ajudar na melhora de seu quadro clínico. Mas como isso é possível? Como ter um bicho de estimação ou conviver com animais pode beneficiar nossa saúde?

A zooterapia é uma linha terapêutica que usa animais para ajudar no convívio e recuperação das pessoas. Essa terapia é feita no Brasil desde a década de 1960. A zooterapia trata desde os problemas físicos, emocionais e psicológicos.

Os especialistas explicam que quando em contato com os bichos, o ser humano ativa o sistema límbico, responsável pelas emoções mais instintivas. Ocorre assim a liberação das endorfinas, gerando a sensação de tranquilidade, bem-estar, melhora da autoestima, entre outros.

Problemas cardíacos

Um estudo de 1980 realizado por Erika Friedmann da Universidade da Pensilvânia apontou que os donos de animais de estimação que foram hospitalizados com problemas cardíacos mostraram um ano mais tarde uma taxa de sobrevivência maior do que o grupo sem animais.

Em 1999, uma pesquisa feita nos Estados Unidos sob a coordenação da cardiologista Karen Allen da Universidade do Estado de Nova York revelou que o contato com os animais de estimação faz bem para o coração. O trabalho consistia em dividir um grupo de 48 estressado em dois e dar para um deles cães e gatos. Resultado: o grupo com animais apresentou taxa normal de pressão e estresse reduzido. Outro estudo publicado na revista científica The American Journal of Cardiology, constatou que pacientes com animais se recuperam rapidamente e estão menos sujeitos a problemas cardíacos.

Depressão, ansiedade e outros problemas psiquiátricos

O contato com animais é muito indicado como terapia complementar no tratamento de distúrbios psiquiátricos como: esquizofrenia, desordens de personalidade, ansiedade e depressão. Esses pacientes apresentam melhora nas estratégias de lidar com pessoas e situações e conseguem também evoluir na sua criação de vínculos. A convivência com os cavalos faz com que as pessoas desenvolvam um carinho grande pelo animal e também se sintam confiantes por conseguirem dominá-los.

Para os idosos é comprovado que ter animais de estimação diminui a incidência de depressão. Os pacientes com HIV também se beneficiam com a companhia de animais, isso é o que demonstrou outro estudo desenvolvido pela psicóloga americana Judith Siegel, da Universidade da Califórnia. Os casos de depressão entre os infectados foram duas vezes mais numerosos nos que viviam sós.

Solidão

Zooterapia cachorro - iStock - iStock
Imagem: iStock
Uma tese publicada no Journal of Gerontology: Medical Sciences afirma que idosos donos de cachorros superam melhor a falta de companhia. Muitos médicos têm recomendado aos seus pacientes aposentados que adotem um cão ou gato.

A finalidade é incentivá-los a manter atividades regulares, já que o animal dá uma razão para que eles se levantem da poltrona e pensem na necessidade de se alimentar (e seu cão), bem como de sair para passear com os animais, o que os leva também a estar em contato com outras pessoas que saem às ruas. Pesquisadores calcularam que possuir um desses animais representa um ganho de 22 minutos de caminhada a mais por dia, ou seja 2.760 passos suplementares.

Luto

O biólogo inglês Rupert Sheldrake, doutor em bioquímica por Harvard e autor de "Os cães sabem quando seus donos estão chegando", da Editora Objetiva, vai mais longe e se dedicou a estudar o afeto e o consolo que os animais podem dar ao homem. Apoiado em várias pesquisas, entre elas a da Universidade de Cambridge, que constatou na maioria das pessoas com cães um aumento de autoestima, ele descobriu também nesses casos uma melhor superação da perda de um ente querido. Esses cães interagem com os pacientes dando carinho e atenção, auxiliando assim a recuperação.

*Com informações de Priscila Gorzoni em reportagem de 21 de março de 2019