Dolabella está namorando a prima: há risco se eles decidirem ter filhos?
Resumo da notícia
- Dado Dolabella e a prima, Marina, podem ter problemas caso queiram ter filhos
- Isso porque há um risco maior de doenças recessivas e raras, como a fibrose cística, aparecer em casais consanguíneos (entre pessoas da mesma família)
- O risco é maior entre parentes, mas pode ser avaliado a partir de exames genéticos
- Se existir a chance de alguma doença aparecer nos filhos, é possível recorrer à fertilização in vitro para selecionar embriões saudáveis
O ator Dado Dolabella virou notícia mais uma vez ao anunciar que está namorando sua prima, Marina Dolabella. Ela é filha de Luiz Fernando Dolabella, irmão do pai de Dado, Carlos Eduardo Dolabella.
A nova polêmica em que se envolveu o ator, no entanto, não é novidade na vida real. Não é difícil encontrar casais de primos que já passaram pela mesma situação. O namoro em si pode não ser um problema, mas algumas questões podem se complicar caso eles decidam ter filhos.
Isso porque o casamento consanguíneo (com pessoas da mesma família) aumenta os riscos de aparecimento de doenças e síndromes raras e graves, como fibrose cística e anemia falciforme.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) estimam que entre 6% a 8% da população mundial conviva com alguma doença rara. Dessas, a maioria (80%) é provocada por causas genéticas.
De acordo com o médico geneticista Ciro Martinhago, doutor pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e parte da equipe de genética do Hospital Albert Einstein (SP), o risco de algum erro genético na população em geral fica em torno dos 2% ou 3%. Mas, entre parentes, esse risco pode chegar a 12%. Isso acontece porque a maior parte dessas doenças são recessivas e precisam tanto do gene da mãe como do pai para se manifestar.
Para ficar mais claro: se a mulher tem um gene da fibrose cística, mas tem um filho com um homem sem esse gene, as chances da doença se manifestar são bem pequenas.
No entanto, como o gene existe na família, se ela conceber um bebê com um parente de grau próximo (como os primos popularmente chamados de primeiro grau), a chance dele também possuir o gene e enviá-lo na fecundação aumenta —o que acaba subindo também as chances da doença se manifestar na criança.
Mas então o namoro entre primos é proibido?
Não é bem assim. "O que acontece é que alguns casais estão em grupos de risco e têm maiores chances de conceber crianças com certas doenças. Um dos grupos de risco é justamente quem vive uma relação consanguínea", afirma Martinhago.
Nesses casos, o recomendado é a realização do aconselhamento genético. A partir de um teste de sangue e/ou saliva, é possível analisar os cerca de 25 mil genes que todos nós possuímos e checar a compatibilidade genética do casal —ou seja, as chances de que essas doenças apareçam nos filhos, caso eles existam.
Mas é importante lembrar que um resultado de compatibilidade não significa que o risco da doença aparecer é zero. "O exame não garante que a doença X nunca vai surgir em bebês daquele casal", afirma o médico Wagner Baratela, geneticista da rede de laboratórios Fleury Medicina e Saúde. "A análise vai mostrar se o risco está igual ao da população em geral ou acima da média", diz.
O risco é igual para todos os primos?
Não. Os primos considerados mais distantes, popularmente conhecidos como de segundo e terceiro grau, apresentam chances menores de filhos com doenças congênitas. "No caso dos de terceiro grau, o risco é praticamente igual ao da população geral", afirma Martinhago.
Vale lembrar que o risco genético de que falamos está previsto apenas para os filhos do casal. Os netos desses filhos poderão ter uma chance igual a da população caso se casem com alguém de fora da família.
O que fazer se o casal não for compatível?
Se o resultado do exame mostrar uma alta chance de manifestação de certas doenças e o casal ainda quiser ter filhos, a orientação médica é recorrer à reprodução assistida. Por meio da fertilização in vitro (FIV), é possível rastrear geneticamente se os embriões têm ou não chance de desenvolver doenças congênitas, permitindo a seleção e implantação dos que possuem menos chance de apresentarem problemas.
Tanto o aconselhamento genético quanto a FIV, no entanto, estão disponíveis apenas na rede particular de saúde. Um exame genético pode custar cerca de R$ 5 mil, o que infelizmente torna o acompanhamento inacessível para muitas pessoas.
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