"Ingeria salgados e refrigerante sem parar. Venci compulsão e perdi 40 kg"
Apesar de sofrer com a pressão imposta pelas pessoas para emagrecer, Natália Bortolan Ritzinger tentou durante muito tempo não se incomodar com o sobrepeso. Ela só decidiu encarar a compulsão alimentar quando chegou a 126 kg e o excesso de gordura começou a afetar sua saúde. A seguir, a paulista conta como emagreceu:
"Durante muito tempo fui 'cheinha' e não reclamava por estar acima do peso. Sempre tentei mostrar que a pressão que sofremos da sociedade para emagrecer não me incomodava, o que não era verdade. Isso era algo que me gerou vários bloqueios, como entrar na piscina de biquíni, e não me ajudava em nada a vencer os problemas alimentares que tinha.
Procurei me isolar socialmente, mas isso nunca foi completamente possível, pois trabalhava em um parque aquático e fazia atendimento ao público. Minha profissão exigia que eu me arrumasse e fosse mais vaidosa, mas não tinha vaidade. Além do peso, meu tamanho de roupa também passou a me preocupar. Usava calça 54 ou 56.
Considero a compulsão alimentar igual ao vício por bebida. É uma doença que se não controlada te derruba. E eu sempre pensei: 'sou ativa, gosto de trabalhar e quero ser mãe. Mas não com esse sobrepeso. Preciso emagrecer'. Aí, começava a fazer dieta, mas logo a tentação por comer ficava muito forte e eu não resistia.
Minha mãe tem um restaurante e eu adorava comer frituras, massas, pães, salgados. Dificilmente almoçava ao meio dia. Consumia coxinha, pão de queijo e outras besteiras sem parar, até umas 17h, horário em que comia uma marmita recheada de arroz, farofa, macarrão e carne. Salada quase nunca fazia parte do meu cardápio. Também tomava muito refrigerante: tinha garrafas da bebida no escritório e bebia muitas ao longo do dia.
Em 2017, passei a ter mais um hábito ruim: beber cerveja. E era todo dia, após o expediente. Sempre acompanhada de uma porção. Podia ser batata frita, mandioca, frango a passarinho. Assim, cheguei aos 126 kg e o excesso de peso passou a trazer problemas que vão além da questão estética e do julgamento das pessoas. Aos 28 anos, minha saúde estava prejudicada e eu sofria de pressão alta, enxaquecas e ânsias.
Via meu sonho da maternidade cada vez mais distante e fiquei ainda mais para baixo. O pontapé inicial para minha mudança veio da nutricionista que eu já frequentava por dez anos. Ela me convidou a experimentar o método 5S. Em abril de 2018, fiz uma consulta para conhecer melhor o plano. Confesso que tive certo receio, principalmente por ter que postar todos os dias foto das minhas refeições comida (almoço e jantar) e meu peso em um grupo no WhatsApp, que contava com a presença da nutricionista, de uma psicóloga e de outros pacientes. Achei algo invasivo, um 'Big Brother do emagrecimento', mas já tinha tentado tanta coisa que resolvi seguir as orientações.
Logo, passei a gostar das conversas constantes com as profissionais e outras pessoas que tentavam emagrecer. Além de ter especialistas 'sempre perto' para tirar dúvidas e ver se eu estava seguindo corretamente as recomendações, no grupo pude dividir minhas angústias e a ver que não era só eu que sofria com o descontrole alimentar.
Passei a perder peso rapidamente com as mudanças alimentares. Comecei a preparar minha comida e consumir vegetais, verduras, carnes, alimentos mais naturais. Também iniciei a prática de atividade física. Caminhava na rua de casa e fui aumentando o trajeto aos poucos. Vi que estava cada vez mais disposta e, em julho do ano passado, me inscrevi na academia. Um anos após a reeducação alimentar e mudança e hábitos, mandei 40 kg embora.
Assumi um novo estilo de vida que precisa durar para sempre. Aprendi a ter mais controle emocional e entender por que estou comendo aquilo. Se é por fome ou para descontar um problema —e quando é a segunda opção, eu me esforço para me controlar. Parei de consumir álcool e quase zerei o refrigerante. De vez em quando, me permito comer algo mais gorduroso, como uma feijoada, mas fico arrependida depois. Meu próximo passo é voltar a comer essas coisas —às vezes, é claro — sem medo de engordar.
Hoje, me sinto com a autoestima fortalecida e empoderada com meu corpo. Ponho um vestido e me admiro. Apesar de não estar no peso que quero, me sinto uma nova pessoa. Quero chegar aos 68 kg e me permitir fazer tudo o que desejo, comer algumas vezes mais livre e sem peso na consciência. Mas não me condeno como estou . Quero melhorar, só que sem neuras, e tenho certeza que conseguirei. Se cheguei até aqui, posso chegar a qualquer lugar."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.