Após a morte da mãe por infarto, ele perdeu 64 kg e virou maratonista
Daniel Castro chegou a pesar 124 kg e, apesar de praticar corrida e não se incomodar com a balança, ficou preocupado com a saúde quando a mãe sofreu um ataque cardíaco. Após realizar exames clínicos e descobrir resultados preocupantes, os médicos recomendaram que o carioca fizesse uma cirurgia bariátrica. O procedimento o ajudou não só a emagrecer, como também estabelecer um estilo de vida mais saudável e evoluir no esporte. A seguir, ele conta como conseguiu:
"Sempre gostei de esportes e pratiquei musculação dos 14 aos 18 anos. Foi aos 20 anos que comecei a engordar para valer. Parei com os exercícios, não tinha autocuidado e seis anos depois já havia atingido a marca de 100 kg.
Quatro anos depois, em 2011, a convite de um amigo, comecei a praticar corrida. Apesar de gostar muito do esporte, não perdia peso. Minha alimentação ainda era desregrada. Até comia alimentos saudáveis, mas não dispensava guloseimas. Pulava o café da manhã e acabava compensando no almoço —não repetir o prato era raro. Também não tinha o hábito de jantar 'comida de verdade', só consumia opções fáceis, como lanches e pizza.
Nesse ritmo, com 1,70 cm de altura, cheguei a pesar 124 kg. Tentei fazer uma dieta por conta própria para ser mais saudável, mas não obtive nenhum resultado. A aparência não me incomodava. Na corrida, nunca senti nenhum tipo de preconceito por estar acima do peso, nem sofria de dores nas articulações. Mesmo obeso, cheguei a completar 21 km.
Foi só em 2017, quando minha mãe faleceu de infarto, que entendi que de fato precisava cuidar melhor da minha saúde. O alerta me fez procurar um médico e os resultados dos exames que fiz não foram nada bons. Estava com pressão alta e descobri o quadro de hipotireoidismo. Apresentava obesidade tipo quatro e pela gravidade do quadro, os médicos recomendaram a cirurgia bariátrica.
No começo, relutei, mas entendi que era uma questão urgente e acabei decidindo pelo procedimento. Realizei a cirurgia em janeiro de 2018 e segui o pós-operatório à risca: sem praticar exercícios e só consumindo líquidos e alimentos pastosos nos primeiros meses. Em junho de 2018, completei a minha primeira prova desde a bariátrica, de 10 km. Foi um retorno muito especial, eu me senti forte e pronto para levar meus hábitos a sério. Em 9 meses, perdi 64 kg —mais do que o esperado, muito por conta da prática da corrida.
Em 2019, fiz minha primeira maratona, o "Desafio da Cidade Maravilhosa", que consiste em correr uma meia maratona (21,097 km) em um dia e uma maratona completa (42,195 km) no dia seguinte. Treinei com muita dedicação durante seis meses, correndo em todos os finais de semana. Minha esposa, que também pratica o esporte, me apoiou muito durante o processo, me incentivando para treinar e completando os 21 km na mesma prova.
Dois anos após a cirurgia, posso afirmar que mudei muito —e não só na balança. Sigo uma alimentação saudável e, além da corrida, faço treinos funcionais para fortalecer os músculos e articulações e evitar lesões. Também passei a me conhecer melhor e a me observar no espelho, um hábito que nunca percebi que não tinha.
Olho para trás e percebo que eu havia me abandonado completamente, por isso cheguei a pesar tantos quilos. Hoje, consigo encarar o espelho e enxergar um futuro melhor.
Este ano, vou fazer o desafio de correr 21 km e 42 km na Maratona do Rio novamente. Meu objetivo é reduzir o tempo da maratona: em 2019, completei a prova em 3h39min. Agora, quero baixar para 3h30min. A corrida sempre foi minha paixão e, quando emagreci, o sentimento ficou ainda mais forte. Hoje tenho mais vontade de correr e de viver.
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