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Dieta mediterrânea altera microbiota intestinal e auxilia função cerebral

Dieta é focada em frutas e legumes, grãos integrais, feijões e sementes, com algumas nozes e uma forte ênfase no azeite extra-virgem - iStock
Dieta é focada em frutas e legumes, grãos integrais, feijões e sementes, com algumas nozes e uma forte ênfase no azeite extra-virgem Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

20/02/2020 14h55

Estudo revelou que idosos que seguem uma dieta mediterrânea por um ano têm o microbioma intestinal alterado. O cardápio foi associado a vários marcadores positivos de menor fragilidade e melhora da função cognitiva, além de diminuírem marcadores negativos ligados à inflamação. Segundo os cientistas da pesquisa, foi publicada no periódico BMJ Gut na segunda-feira (17), a dieta pode ser a melhor aliada da longevidade.

Rica em peixes, azeite, amêndoas, grãos integrais, nozes, tomate e espinafre, a dieta pode inibir a produção de produtos químicos inflamatórios relacionados à perda da função cognitiva e impedir o desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes, câncer e aterosclerose.

"Nossas descobertas apoiam a viabilidade de mudar a dieta habitual para modular a microbiota intestinal, que por sua vez tem o potencial de promover um envelhecimento mais saudável", concluíram os autores do estudo.

Como o estudo foi feito

  • Foi analisada a microbiota intestinal em 612 indivíduos de 65 a 79 anos de idade, em cinco países europeus (Reino Unido, França, Holanda, Itália e Polônia).
  • Enquanto 323 deles seguiram a dieta mediterrânea projetada para idosos por um ano, o resto seguiu o cardápio que estava acostumado.
  • Embora a dieta tenha sido projetada para idosos, ela se baseava nos princípios mediterrâneos de comer muitas frutas, vegetais, nozes, legumes, azeite e peixe e pouca carne vermelha, açúcar e gorduras saturadas.
  • Os resultados mostraram que a adesão foi associada a vários marcadores de menor fragilidade e melhora da função cognitiva e diminuição de marcadores inflamatórios, incluindo proteína C reativa e interleucina-17.
  • A mudança de microbioma na dieta ainda foi associado a um aumento na produção de ácidos graxos e menor produção de ácidos biliares secundários, p-cresois, etanol e dióxido de carbono.

Dieta mediterrânea - iStock/Arte UOL - iStock/Arte UOL
As refeições podem incluir ovos, laticínios e aves, mas em porções muito menores do que na dieta ocidental tradicional. Os peixes, no entanto, são essenciais
Imagem: iStock/Arte UOL

"O segundo cérebro"

Não é novidade que as criaturas minúsculas que vivem no intestino desempenham papéis bons e ruins no corpo, influenciando no sistema imunológico e no cérebro, por exemplo.

Mas à medida que envelhecemos a microbiota é menos diversa, e própria dieta pode ser a culpada. Cardápios mais pobres e menos variados são mais comuns entre idosos, especialmente entre os que moram sozinhos. Além disso, problemas de saúde e odontológicos podem dificultar ainda mais o equilíbrio da dieta.

Quando a diversidade das bactérias diminui, os processos inflamatórios aparecem, elevando o risco de câncer, distúrbios neurológicos e outras doenças. É aí que entra a dieta mediterrânea. As bactérias responsáveis por quebrar frutas e vegetais também alteram a expressão gênica nas células, protegendo o corpo de tumores.

Além disso, ela reduz os riscos de Alzheimer em até 40%, porque os alimentos presentes nesse plano alimentar contêm ômega 3, que atua no cérebro, melhorando a concentração, a memória, o aprendizado, a motivação, o humor e a velocidade de reação. Além de vitaminas, sais minerais e substâncias antioxidantes, que protegem as células sadias do organismo da ação oxidante dos radicais livres (moléculas responsáveis pelo envelhecimento).